18.12.2010 -
“De Maria nunquam satis”, dizem os santos. Da Imaculada nunca se fala o bastante, porquanto sua obediência, sua humildade e fidelidade ao Altíssimo são incomparavelmente grandes e nossa mente humana é realmente muito imperfeita para perscrutar com propriedade todas as virtudes que Maria Santíssima viveu em plenitude. Mas, se é verdade que de Nossa Senhora nunca se falará o bastante, não é por isso que deixaremos de mostrar ao mundo a nobreza da intercessão que essa boníssima Mãe estabelece entre Deus e os homens.
Com efeito, muitas pessoas que se intitulam cristãs têm criticado a devoção católica à Virgem Maria, alegando a) que estaríamos praticando “idolatria” ao exaltarmos tanto a Mãe de Jesus Cristo e b) que o único mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo, sendo, então, impossível chamar Maria de medianeira de todas as graças ou atribuir-lhe tantos outros títulos.
O que acontece, no entanto, é que, desprezando o Magistério da Igreja Católica e chamando a Tradição Apostólica de “palavras de homens”, os protestantes têm minado até mesmo a base da sua fé nas Escrituras. É de conhecimento de todos que foram justamente os bispos dos primeiros séculos de Cristianismo que, reunidos sob a assistência do Espírito Santo, definiram os livros que integrariam aquilo que chamamos hoje de Bíblia Sagrada. Aqueles bispos, reunidos com a autoridade máxima da Igreja, o bispo de Roma, cuja primazia já era reconhecida desde então, são justamente uma base de fé do catolicismo, o Magistério. E é assaz racional crer na autoridade destes homens, porquanto sem eles não poderíamos falar de Escrituras.
Expliquemos de maneira mais clara quão tola é a atitude dos que desejam separar a Bíblia da Igreja Católica. Alguns homens se reúnem, pegam alguns livros, reúnem-nos, após uma minuciosa análise, e dizem: “Esses livros são infalíveis”. Para que você realmente acredite que não há erro nenhum naqueles livros é preciso, primeiramente, que você creia na capacidade que aqueles homens têm de julgar corretamente o conteúdo dos livros referidos. Os protestantes, quando separam a fé na Sagrada Escritura da fé no Magistério, estão separando o Livro Sagrado da autoridade daqueles que o formularam. Quando citam, portanto, trechos da Bíblia para tentar justificar desvios na sua doutrina, é preciso que primeiramente os interroguemos assim: “Se você deseja prosseguir no debate, então me diga que aceita a assistência do Espírito Santo aos bispos da Igreja, porquanto este documento que você porta é católico.”
Que tem a ver, entretanto, a devoção a Maria com tudo isso que foi falado até agora? Ora, a Bíblia não é a única fonte encontrada pelo cristão para fundamentar sua devoção à Virgem Santíssima. Assim, embora haja sugestões bíblicas para os dogmas marianos, crer na autoridade dos que sucedem os apóstolos e interpretam autenticamente a Palavra de Deus é essencial para possuir uma verdadeira devoção a Nossa Senhora.
Para responder às acusações infundadas dos protestantes, precisaríamos simplesmente mostrar-lhes a distinção que sempre foi feita entre adoração, que deve ser feita somente a Deus, e o culto de veneração, prestado àqueles que foram modelo de fidelidade ao Altíssimo (a Virgem Maria e os santos, portanto). Não se igualam, de forma alguma, as duas formas de culto. No entanto, é o mesmo amor que os cristãos devem ter para com o Senhor que faz com que eles se curvem diante do belo testemunho de coragem dos mártires, da bela história de obediência dos santos e da grande sabedoria que demonstraram os santos doutores da Igreja em seus escritos.
Se o questionamento dos hereges ainda soa provocante, São Pio X oferece uma ótima resposta: “Entre o culto que prestamos a Deus e o culto que prestamos aos Santos há esta diferença: que a Deus adoramo-Lo pela sua infinita excelência, ao passo que aos Santos não os adoramos, mas só os honramos e veneramos como amigos de Deus e nossos intercessores junto d’Ele. O culto que prestamos a Deus chama-se latria, isto é, de adoração, e o culto que prestamos aos Santos chama-se dulia, isto é, de veneração aos servos de Deus; enfim o culto especial que prestamos a Maria Santíssima chama-se hiperdulia, isto é, de essencialíssima veneração, como Mãe de Deus” (Catecismo Maior de São Pio X, n. 371).
Mas, e quanto a Cristo ser “único mediador entre Deus e os homens”? Bem, qualquer cristão, por meio da oração, pode desempenhar o ofício de intercessor. Quando a Bíblia se refere a Cristo como o único mediador, ela deseja eliminar aquelas mediações que são contrárias ao que foi ensinado pelo Filho do Homem. A mediação de Jesus não exclui, com efeito, a intercessão de pessoas que desejam colaborar com a obra divina de salvação. Colaboram com esta obra, de fato, não só os vivos, mas também aqueles que, tendo morrido, participam da vida eterna no Céu e estão sempre na presença de Deus, podendo, portanto, rogar por cada um de nós. “Jesus Cristo é o nosso mediador junto de Deus, enquanto, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, só Ele, em virtude dos próprios merecimentos, nos reconciliou com Deus e d’Ele nos obtém todas as graças. Mas, a Santíssima Virgem e os Santos, em virtude dos merecimentos de Jesus Cristo, e pela caridade que os une a Deus e a nós, auxiliam-nos com a sua intercessão a alcançar as graças que pedimos” (Catecismo Maior de São Pio X, n. 368).
Numerosos são os santos que cantaram – e cantam – as glórias de Maria a todos os homens. Indicamos, como forma de expandir esta fervorosa devoção, a leitura de Glórias de Maria, de Santo Afonso de Ligório, e Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís de Montfort. Que estas obras façam crescer, em nossos corações, o nosso amor para com Nossa Senhora e para com Seu Divino Filho, enquanto esperamos, vigilantes, a vinda do Reino dos céus.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Por Everth Queiroz Oliveira
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/
www.rainhamaria.com.br
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