Uma nova doença chega ao Brasil: A febre de chikungunya


13.12.2010 - Reportagem da revista ISTOÉ, dezembro 2010.

O Ministério da Saúde confirmou a ocorrência de três casos de uma doença que até então nunca havia sido registrada no País: a febre de chikungunya. Por trás do nome complicado, há um velho conhecido dos brasileiros: o transmissor da moléstia. Assim como a dengue, a enfermidade – causada pelo vírus CHK – é propagada pelo mosquito Aedes aegypti. O inseto é encontrado em mais de 70% dos municípios brasileiros. “A grande quantidade de Aedes aumenta a chance de transmissão do chikungunya”, avalia Marcelo Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Isso gera um risco real de uma epidemia da doença, se esses primeiros casos não forem bem controlados.”

Não só o vetor aproxima a doença da dengue. Ambas têm sintomas semelhantes, como febre alta e dores. No chikungunya, entretanto, as articulações também são afetadas, em especial a dos dedos, tornozelos e pulsos, gerando dores que, nos casos severos, podem se prolongar por semanas. A recuperação costuma demorar até dez dias e a letalidade é bem menor que a da dengue. Alguns aspectos, no entanto, não estão bem esclarecidos. “Em laboratório já se demonstrou que o mesmo mosquito pode transmitir, ao mesmo tempo, dengue e chikungunya”, explica Ricardo Lourenço, do Instituto Oswaldo Cruz. “Mas não sabemos que impacto teria essa dupla infecção em humanos.” Sabe-se que, assim como a dengue, não há vacina contra o vírus e o que pode ser feito para evitar a infecção é combater o transmissor.

O Ministério da Saúde garante ter tomado as providências para evitar a disseminação da doença. “Os casos que surgiram são isolados, de pessoas que pegaram a doença em outros países”, disse Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério. “Não houve registro de transmissão em território nacional.”
Como forma de prevenção ao alastramento do vírus, foi feito o combate ao mosquito nos lugares onde os três infectados estiveram após retornar ao País. Atualmente, os focos da doença estão distantes do Brasil, em ilhas do Oceano Índico, no Sudeste Asiático e na Índia. “Quem pretende viajar para essas áreas deve estar atento”, recomenda Lourenço. “É preciso usar repelente para evitar a picada do inseto, e, caso apresente sintomas, procurar um médico.” Atitudes que podem evitar mais um problema de saúde no País.

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