A Igreja Católica e os divorciados que voltaram a casar


29.09.2010 - O presidente do Pontifício Conselho para a Família, Ennio Antonelli (foto), negou que oVaticano esteja estudando a possibilidade de mudar sua posição sobre os divorciados que voltaram a casar,que estão impedidos de receber a comunhão.

Em declarações a um grupo de jornalistas, Antonelli lembrou que os separados não mantêm um vínculo pleno com a Igreja Católica por causa de sua situação, mas esclareceu que isso não os marginaliza definitivamente da comunidade cristã, na qual podem participar de diversos modos.

“Os divorciados que voltaram a casar não estão em plena comunhão com a Igreja enquanto permanecerem em sua situação. É a situação objetiva que lhes coloca em contraste com o evangelho, com a palavra de Jesus, e a Igreja é fiel a essa palavra”indicou.

“Isso não quer dizer – acrescentou – que eles percam totalmente a comunhão com a Igreja. Não estão em plena comunhão, mas estão nela, podem participar da missa sem receber a eucaristia, podem fazer parte da vida da comunidade cristã e de suas muitas iniciativas”.

Segundo o cardeal, deve-se animar os divorciados a fazer o bem com o sacrifício que são capazes de fazer, seja em sua família, seja no ambiente no qual se encontrem, e devem ser orientados a um caminho para Deus, confiando em sua misericórdia.

Ele explicou que, como disse João Paulo II, a Igreja “não pode descer a montanha”, porque “a montanha (da verdade sobre o matrimônio e a família) é como é”, mas nós “devemos acompanhar cada um a subir a montanha a seu passo, e o passo é diferente”, indicou.

“A verdade é igual para todos, mas a responsabilidade é de cada pessoa. Por isso, a Igreja é consciente de que as pessoas devem ser ajudadas a fazer o bem que podem fazer”, acrescentou.

A questão da ruptura familiar e da preparação ao matrimônio são temas que preocupam o Vaticano. Por isso, o Pontifício Conselho para a Família trabalha na redação de um vademecum com orientações práticas sobre os cursos de noivos e futuros esposos.

Antonelli indicou que o documento irá trata, do ponto de vista do ensino católico, de vários temas da vida de casal – diálogo, oração, uso do dinheiro e outros – mas não estará diretamente destinado aos casais jovens, mas sim aos bispos.

Eles deverão traduzir as sugestões em indicações concretas a serem oferecidas aos conselhos diocesanos para a pastoral familiar e dali às paróquias.

Segundo o purpurado, o vademecum pretende ser uma das várias estratégias para evitar que os católicos cheguem ao divórcio, embora esclareceu que o texto só dará sugestões gerais.

“De uma estatística recém recebida dos Estados Unidos, sabe-se que os casais de noivos que se prepararam seriamente para o casamento têm 30% menos chance de se separarem, o que é algo significativo”, apontou.

O manual deverá estar pronto em maio de 2010, porque será apresentado durante oEncontro Mundial das Famílias, previsto para os dias 30 de maio a 3 de junho emMilão, norte da Itália.

“O congresso tocará fundamentalmente a questão da família, do trabalho e da festa, isto é, a influência dessas duas realidades sobre a vida das famílias”, antecipou.

“Pode ser que, no âmbito do encontro, seja realizada uma mesa redonda sobre os católicos divorciados e que se casaram novamente, mas gostaria de dizer que a indicação da Igreja sobre isso já está consolidada, e não existe nenhuma vontade de colocá-la em discussão”, insistiu.

Fonte: http://www.comshalom.org     (visita recomendada)


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