Espanha: aparece ostensório de madeira feito por um réu em 1936


14.06.2010 - Condenado à morte por sua fé, ele o construiu para celebrar “Corpus Christi”

VALÊNCIA.- O arcebispo de Valência constatou a existência de um ostensório de madeira, feito em 1936 por um condenado à morte por sua fé, em uma prisão de Valência, para celebrar a festa de Corpus Christi com os presos.

A viúva do prisioneiro conserva o ostensório como "um tesouro" em sua casa de Valência, informa a agência de notícias do arcebispo em Valência, Avan.

O prisioneiro autor do ostensório e condenado à morte, ainda que não tenha sido executado, passou por várias cadeias antes do final da pena.

Colomina, que chegou a ser presidente da Sociedade Valenciana de Agricultura, ao ficar viúvo de sua primeira esposa, casou-se com Isabel Casaus, que conta ter 69 anos e que conserva o ostensório desde que seu marido faleceu, em 1995.

"Para ele, tinha muito valor, pelo que representou em sua vida e pelo esforço com que o fez, porque não era uma pessoa habilidosa", explica Casaus.

O ostensório, de pouco mais de 20 centímetros de altura, foi talhado na prisão por Colomina sobre uma base de madeira que, na realidade, era a moldura de uma tomada de energia elétrica que havia na parede da prisão.

Sobre essa base existe um eixo de madeira tirado de uma manivela e, sobre ele, fez o ostensório circular de madeira, que foi construído com diferentes pedaços de madeira e utensílios de carpintaria, que depois talhou para termina-lo com uma cruz.

"Sempre tivemos o ostensório à vista de nossa casa", destaca a viúva, que recorda que, no tempo que esteve na prisão, seu marido "tinha muitos companheiros que morreram e ele pensou que a qualquer momento seria a sua vez".

O caso de Juan Colomina aparece no arquivo do arcebispado de Valência, onde está catalogada uma carta, posteriormente aprovada por várias testemunhas.

Nela, ele explica como esteve preso por suas crenças religiosas em 1936, na antiga Prisão Modelo, e fabricou lá um pequeno ostensório de madeira com materiais domésticos, que depois pintou com purpurina.

"Este ostensório foi utilizado para expor o Santíssimo Sacramento em 1937, instalando um verdadeiro, ainda que simples, monumento em minha própria cela", destaca a carta.

A carta também explica que na cela, "depois de ter sido celebrada a Santa Missa, ficou o Senhor exposto durante todo o dia, mantendo guarda em vela permanente, para evitar qualquer tentativa de abuso por parte dos guardas, e permitindo que todos os católicos lá presos pudessem caminhar diante do Santíssimo Sacramento e se render ao culto numa festividade tão importante, ainda que em dolorosas circunstâncias".

Na carta, datada em 1948, Colomina Barberá solicita ao então arcebispo de Valência, Dom Marcelino Olaechea, um documento para certificar a "autenticidade do ostensório em questão e do uso a que foi destinado, marcando-o com o selo do arcebispo, para evitar que algum dia pudesse ser roubado involuntariamente por ignorância ou destinado ao uso impróprio, visando que esteve em contato direto com o sagrado".

O arcebispo, após verificar a autenticidade do narrado na carta e consultar as testemunhas citados, aceitou a petição do advogado, "selando" o ostensório com um documento expedido em 10 de fevereiro de 1948.

Fonte: www.zenit.org


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