09.04.2010 - A Justiça francesa informou nesta sexta-feira que vai investigar a onda de suicídios na operadora de telefonia France Telecom. Nos últimos dois anos, 46 funcionários da companhia se mataram - 11 deles apenas em 2010, segundo dados da direção da empresa e dos sindicatos.
Pela primeira vez na França, a política de gestão de recursos humanos de uma empresa poderá ser configurada como uma infração penal e levar seus dirigentes a um tribunal penal, que pode aplicar penas de prisão.
Segundo a Procuradoria de Paris, a decisão da Justiça de abrir investigações "por assédio moral" é baseada em uma queixa apresentada pelo sindicato Sud contra a empresa, e também nas conclusões de um relatório da Inspeção do Trabalho.
O documento aponta "métodos de gestão que colocam em perigo a saúde dos trabalhadores".
No relatório de 82 páginas, entregue à Justiça em fevereiro, a inspetora do trabalho Sylvie Catala afirma que as situações de mal-estar vividas pelos trabalhadores e os suicídios estão ligados "à política de reestruturação e de gestão da empresa", conduzida desde 2006, com o objetivo de cortar 22 mil postos de trabalho.
No documento, a inspetora do trabalho cita os supostos comentários feitos pelo diretor de recursos humanos em uma reunião, em 2006, quando ele teria dito que "teria fracassado se a empresa não conseguisse realizar as 22 mil demissões, que representariam 7 bilhões de euros a mais no caixa".
Depressão
As técnicas utilizadas pela direção para obrigar os empregados a deixar a companhia, como transferências forçadas para outras regiões ou mudanças nas atividades e cargos dos funcionários, são apontadas como as causas de depressões e outros problemas psicológicos e estariam ligadas aos suicídios.
A inspetora afirma no documento entregue à Justiça que os diretores da France Telecom foram alertados inúmeras vezes por médicos do trabalho e representantes da Previdência Social sobre os riscos à saúde dos funcionários provocados pela administração da empresa.
A investigação da Justiça tem como alvo a France Telecom, como pessoa jurídica, e também responsáveis diretos pela empresa, como o ex-presidente Didier Lombard, que deixou o cargo em setembro de 2009, após a polêmica causada pelo onda de suicídios.
Louis-Pierre Wenès, o ex-número dois da companhia e chefe das operações na França, que também deixou o cargo no ano passado, e Olivier Barberot, diretor de recursos humanos, também deverão responder à investigação judicial.
"Isso prova que a Justiça está levando o caso a sério", afirma Patrick Ackermann, sindicalista do Sud.
A France Telecom foi privatizada em 2004.
Fonte: Terra noticias
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Lembrando...
Onda de suicídios em montadoras de carros preocupa a França
01.08.2007 - Uma onda de suícidios de funcionários do grupo PSA, que reúne as montadoras Peugeot-Citroën, ameaça colocar em xeque as condições de trabalho nas empresas privadas da França. O país acaba de eleger como presidente Nicolas Sarkozy, que tem fortes ligações com o setor empresarial.
Desde o começo do ano, seis funcionários da PSA, cinco deles da mesma unidade, a Mulhouse, em Haut-Rhin, suicidaram-se. O caso mais recente aconteceu em 16 de julho, quando um empregado enforcou-se nas dependências da fábrica. A investigação policial concluiu, segundo os jornais "Le Monde" e "Le Figaro", que tratou-se de um suicídio motivado por "questões pessoais".
No entanto, no primeiro caso registrado este ano e relacionado à PSA, o funcionário que se matou deixou uma carta denunciando a "pressão moral" a que era submetido no trabalho. Ele trabalhava numa unidade da PSA denominada Charleville-Mézières, em Ardennes.
Os outros casos de suicídio este ano ocorreram em abril (um, dentro da PSA em Mulhouse) e maio (três funcionários da Mulhouse, todos em suas respectivas casas).
A instalação de Mulhouse fabrica o Citroën C4 e os Peugeot 206 e 308, e tem cerca de 10,5 mil empregados. As idades dos suicidas estão na faixa dos 30 aos 60 anos. O último deles, o que morreu em 16 de julho, tinha 55 anos, 29 deles como empregado da PSA.
Reações
A PSA reagiu aos casos de suicídios de funcionários pela voz de seu diretor-presidente, Christian Streiff, quando ele apresentou os resultados do grupo, na semana passada.
"A mídia e várias partes ouvidas pela imprensa, como sindicatos, médicos e psicólogos, quiseram estabelecer uma ligação estreita entre trabalho e suicídio. Mas o primeiro não é isoladamente a causa do segundo", disse Streiff.
Internamente, a PSA decidiu enfrentar a situação determinando que seus gerentes alertem a direção sobre quaisquer sinais suspeitos vindos de empregados. A imprensa francesa chegou a divulgar que o grupo temia que o suicídio de alguns "contagiasse" os demais empregados.
O conservador Le Figaro ouviu um psiquiatra, Didier Cremniter, do serviço de urgência de Paris, que afirmou: "As epidemias de suicídios existem, de fato, e a aparição desse tipo de conduta gera o risco de arrastar outros a comportamentos extremos". Para ele, indivíduos mais frágeis e que se sintam "desprotegidos" no local de trabalho podem ser levados ao sucídio.
O sindicalismo francês, comandado pela CGT (associada à esquerda), culpa as condições de trabalho, a redução do número de empregos e também a implantação de metas e métodos de gestão empresarial que podem causar uma pressão maior sobre os empregados.
De sua parte, o governo da França manifestou "preocupação" com a série de suicídios na indústria automobilística, por meio de seu ministro do Trabalho, Xavier Bertrand.
Durante a campanha eleitoral, na qual derrotou a socialista Ségolène Royal, o presidente Sarkozy prometeu não tocar na semana de trabalho de 35 horas, mas afirmou que as leis deveriam ser flexibilizadas para que quem desejasse trabalhar mais, para aumentar seus ganhos, pudesse fazê-lo. O próprio Sarkozy disse que, na prática, isso já acontecia no país - certamente referindo-se ao setor privado.
Números altos
Não se pode perder de vista, no entanto, que o suicídio não é exatamente uma raridade na França - muito ao contrário: ele é a principal causa não natural de mortes no país entre as pessoas na faixa de 25 a 34 anos, superando os homicídios e mesmo os acidentes de trânsito.
As autoridades de saúde estimam que, anualmente, há 155 mil tentativas de suicídio no país. Cerca de 11 mil delas resultam em morte.
Fonte: UOL notícias
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Nos Dez Mandamentos, encontramos um que diz: “Não matarás” (Ex 20,13). É certo que a expressão negativa enfática de não matar se refere às mais variadas formas que levam à morte. Dentre elas, lembramos do assassinato, da eutanásia e do aborto. O suicídio também é considerado como a quebra desse mandamento, tendo em vista que significa autodestruição, ou negação da própria vida. O termo se origina do latim sui, que quer dizer a si mesmo, e caedere que significa cortar, matar.
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Lembrando também...
Apenas 51% dos franceses se declaram católicos
08.01.2007 - Paris - A percentagem dos franceses que se declaram católicos não para de diminuir e agora se situa em 51%, quando no início dos anos 90 era de 80% e em 2000 de 69%, segundo uma pesquisa publicada pelo suplemento "Le Monde des Religions".
Junto à forte queda de quem se identifica como católico, a publicação destaca um fenômeno paralelo: a diminuição da prática religiosa, já que só 10% pode ser considerado praticante regular em função de sua assistência à missa ou à recepção de sacramentos como o batismo, a comunhão ou o casamento.
Unicamente 8% dos que dizem ser católicos vai a missa uma ou duas vezes por semana, enquanto 8% desse mesmo grupo reconhece que não faz isso nunca.
Quanto aos sacramentos, enquanto em 1975 80% das pessoas nascidas na França eram batizadas, em 2004 a proporção caiu para 46%.
A respeito dos casamentos católicos, estes representavam 72% de todos os realizados na França em 1975, mas só 36% em 2003.
Outra tendência do catolicismo francês é a diminuição do número de padres, ao passar de 37.555 em 1970 para 16.859 em 2004, a maior parte deles maiores de 60 anos.
O diretor do "Le Monde des Religions", Frédéric Lenoir, argumenta que esta evolução do sentimento e da prática religiosa do catolicismo reflete uma "França que já não é um país católico em suas instituições nem em suas mentalidades".
"É um país laico no qual o catolicismo é e continuará sendo durante muito tempo a religião mais importante", acrescenta Lenoir.
Fonte: UOL notícias
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"Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?" (Lc 18,8)