03.04.2010 - O arcebispo de Canterbury e líder da Igreja da Inglaterra, Rowan Williams, expressou hoje seu "grande pesar" pelo mal-estar causado com suas críticas à Igreja Católica da Irlanda, à qual acusou de haver perdido "toda credibilidade" por sua gestão dos casos de abusos de menores na ilha.
Em declarações a um programa radiofônico da "BBC" adiantadas hoje, Williams disse, além disso, que os casos de abusos supõem um "trauma colossal" para o país vizinho, onde a religião católica está muito arraigada na sociedade.
"Falava recentemente com um amigo irlandês que me disse que é bastante difícil em alguns lugares da Irlanda andar pela rua com um colarinho de sacerdote", disse.
Ao ser a Igreja Católica irlandesa "uma instituição tão profundamente ligada à vida da sociedade, perder de repente toda a credibilidade... isso não é só um problema para a Igreja, é um problema para todo o mundo na Irlanda", argumentou Williams.
Em resposta a estas declarações, o arcebispo católico de Dublin, Diarmuid Martin, crítico do encobrimento dos abusos e defensor de uma renovação da Igreja, se declarou "atônito" e afirmou que nunca tinha se sentido "tão desalentado" à hora de enfrentar momentos difíceis.
Outros membros do clero, tanto católicos como protestantes - incluindo o arcebispo anglicano de Dublin, John Neill - expressaram sua consternação e lamentaram os comentários sem precedentes do máximo representante da Igreja Anglicana.
A Igreja Católica na Irlanda sofreu um duro revés ao ser revelado que a instituição ocultou durante décadas os abusos sexuais contra menores cometidos por membros do clero.
O dia 20 de março, o papa Bento XVI pediu perdão em carta às vítimas dos padres pedófilos irlandeses e repreendeu os bispos pela "lamentável" gestão do caso.
No entanto, a carta pastoral, que foi lida em todas as missas oficiais no domingo nas igrejas da República da Irlanda e Irlanda do Norte, não satisfez às vítimas ao não abordar aspectos clave dos delitos cometidos contra as crianças.
Durante a explosão do escândalo, vários bispos irlandeses admitiram haver encoberto abusos em suas dioceses, entre eles o de Clogher, Joseph Duffy, o bispo de Derry, Seamus Hegarty, e o próprio líder da Igreja Católica da Irlanda, o cardeal Séan Brady. No entanto, eles se negaram a renunciar, a não ser por pedido do próprio papa.
O que ocorreu na Irlanda salpicou também em Bento XVI, que foi criticado por sua gestão de casos de pedofilia antes de se transformar em pontífice.
Fonte: Terra noticias