Artigo de Everth Queiroz Oliveira: O enfraquecimento da fé e a pedofilia


17.02.2010 - Está ocorrendo na Irlanda, país onde há um grande número de casos de pedofilia cometida por padres e religiosos católicos, um encontro entre os bispos do país e o Santo Padre. O tema tratado é justamente a pedofilia. Gostaria de me ater, primeiramente, às notícias publicadas pela mídia secular há um ano atrás sobre os casos de pedofilia no país. O Olavo de Carvalho havia escrito um ótimo artigo refutando os exageros transcritos pelo G1 e também pelo “O Globo”, usando a aritmética e a razão.

As notícias indicavam milhares de crianças que tinham sofrido abuso de representantes da Igreja durante o século passado. O fato é que os próprios dados fornecidos pelas notícias dão uma idéia totalmente contrária quanto a essas afirmações. Para quem gostaria de ter informações mais específicas sobre o assunto, recomendo enfaticamente a leitura do artigo do Olavo de Carvalho. Ele conclui o texto desmascarando o anti-clericalismo da mídia brasileira: “Só o ódio cego à Igreja Católica explica que o sentido geral dado a uma notícia seja o contrário daquilo que afirmam os próprios dados numéricos nela publicados.”

Temos consciência de que houveram muitos abusos sexuais cometidos por padres católicos na Irlanda; e não só na Irlanda, mas também nos EUA e em outros países. Mas, é preciso que sejamos fiéis àquilo que de fato aconteceu. Infelizmente a mídia brasileira se aproveita, quando surgem casos de pedofilia cometidos por clérigos, para demonstrar seu ódio contra a Igreja Católica. Além de muitas vezes serem fundamentadas em inverdades, as notícias publicadas pela mídia contribuem para que se construa uma visão cada vez mais distorcida do verdadeiro papel da Santa Sé no mundo contemporâneo.

Partamos, enfim, ao encontro que está acontecendo na Irlanda, entre o Papa e os bispos do país. A Veja noticiou, comentando fala do Cardeal Bertone: Vaticano: abuso sexual contra menores foi ‘odioso’. Eco do perene ensinamento da Igreja acerca do estupro e do abuso sexual: “O estupro lesa profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade, à integridade física e moral. Provoca um dano grave (…). É sempre um ato intrinsecamente mau. Mais grave ainda é o estupro cometido pelos pais ou educadores contra as crianças que lhe sãos são confiadas” (Catecismo da Igreja, n. 2356; cf. ainda n. 2389).

De fato, a Igreja Católica sempre deplorou esses terríveis pecados, independente de eles serem cometidos ou não por católicos. O fato é que, quando falamos desses pecados tão horrendos, cometidos pelos sacerdotes, o problema se agrava mais. Com efeito, sabemos bem que os sacerdotes são os pastores do povo de Deus, são aquelas pessoas que foram escolhidas por Deus para guiar os fiéis à salvação, à Pátria eterna. O problema da pedofilia no sacerdócio se mostra, então, como um grave atentado contra a própria dignidade do sacerdócio. Aqueles que são responsáveis por guardar o rebanho da Igreja não andam tendo um compromisso real com essa responsabilidade…

Todas essas reflexões nos conduzem a uma questão: Onde está a raiz de todo esse dilema? O Papa Bento XVI bem observou que “o enfraquecimento da fé contribui de modo significativo para o fenômeno do abuso sexual de menores.” Estamos diante de uma crise de fé. Se todos os sacerdotes vivessem a Palavra de Deus e estivessem sempre em sintonia com as palavras do Magistério da Igreja, casos de pedofilia não aconteceriam com tanta freqüência! O que faltam aos nossos sacerdotes é uma formação consistente; o que causa todos esses escândalos é o esfriamento da vocação sacerdotal, o esfriamento da fé, a perda do amor a Deus, do fervor.

Não, o problema não é – como muitos apontam – o celibato. A pessoa que entrega a sua vida a Deus e vive a castidade, confiando sempre no poder da oração e dos Sacramentos não cai em pecado. Aquele que confia em Deus e está com os olhos sempre fixos na Cruz de Cristo não se deixa abater. Abominações como a pedofilia acontecem porque hoje vivemos uma crise de fé. Encontramo-nos diante de católicos que perderam a sua identidade, de padres que não olham mais para sua vocação como um serviço a Deus, mas como uma mera contribuição profissional nesse mundo. Estamos esquecendo de olhar para a transcendência da nossa fé. De fato, “se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima” (1 Cor 15, 19).

Então, qual é a solução? O Papa pediu “que aos candidatos ao ministério presbiteral ou à vida religiosa – assim como aos já ordenados ou professos – se assegure uma sólida preparação humana, espiritual, acadêmica e pastoral.” Se o enfraquecimento da fé contribui para o aumento desses escândalos, então é preciso reestruturar essa fé. Rezemos por todo o clero nesse Ano Sacerdotal. Invoquemos a intercessão da Santíssima Virgem Maria. A sua mediação contribui de modo especial para a edificação da Igreja e para a salvação das almas. Rezemos também pelo Santo Papa, para que esteja sempre pronto a defender a nossa fé e enfrentar as dificuldades que a Santa Sé enfrenta em meio ao nosso mundo tão secularizado e carente de Deus.

Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

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Leia também: Verdade e conversão: encontro do Papa com bispos irlandeses, da Agência Zenit.

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com


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