08.09.2009 - Ele teve casa invadida após atuar contra construção de porto na região. Religioso foi seguido por vários homens em Careiro da Várzea (AM).
A Diocese de Manaus transferiu, temporariamente, o padre Orlando Barbosa após o religioso supostamente ter recebido ameaças de morte e ser seguido por um grupo de homens na capital do estado e em Careiro da Várzea (AM). Segundo informações da Cúria Metropolitana de Manaus, o padre deixou o estado na quarta-feira (2) e foi levado para um local considerado seguro. O paradeiro dele não foi informado por razões de segurança.
Segundo Guilherme Cardona Grisalez, presidente do Centro de Direitos Humanos da Diocese de Manaus, o padre lutava contra a construção de um porto na região. “Estamos na região do encontro das águas dos rios Negro e Solimões. É um lugar lindo, um verdadeiro cartão-postal brasileiro. Há questões ambientais importantes a serem consideradas e que são impeditivas para o funcionamento de um porto e o aumento do tráfego de embarcações na região.”
O padre Orlando Barbosa teve sua casa invadida em 26 de julho deste ano. Na ocasião, foram levados computados, documentos e aparelhos de celular. “Ele vinha recebendo ameaças desde que foram canceladas várias audiência públicas para discutir a construção do porto no local. Mas isso foi uma decisão da Justiça e que tinha o objetivo de mostrar à população local os prejuízos que o empreendimento pode causar à economia e ao meio ambiente”, disse Grisalez.
Segundo a Arquidiocese de Manaus, a sensação de insegurança aumentou na região após a eleição do líder comunitário Isaque Dantas, membro do “Movimento SOS Encontro das Águas”, que venceu, em agosto deste ano, as eleições da Associação Comunitária do Complexo da Colônia Antonio Aleixo.
Grisalez disse que Dantas e o padre Orlando Barbosa trabalham para defender os interesses da comunidade. “Se o porto for construído, as vilas de pescadores serão extintas. Há um sítio arqueológico muito grande no local, sem falar dos prejuízos para as comunidades indígenas da região.”
A arquidiocese informou, em nota, que há um processo de Tombamento do Encontro das Águas que tramita no Ministério da Cultura, que inclui a área onde se pretende construir o porto.
Fonte: G1