Defendendo Pio XII; Um Papa para Todos os Sacerdotes


 29.06.2009 - ROMA- Ela pode ter 87 anos, mas a Irmã Margherita Marchione não está sequer perto de aposentar.

A indomada irmã das Professoras Religiosas das Filipinas, e defensora fervorosa de Pio XII, acaba de publicar um novo livro sobre o tempo de guerra do pontífice, que ela lançou em Roma no mês passado. Intitulado de "Papa Pio XII - uma antologia sobre o 70° Aniversário da Coroação", o trabalho é apenas um de mais dos 60 que ela já tem escrito. A maioria deles são defesas apaixonadas do Papa Pio XII e vão em direção contrária às acusações de que ele fez muito pouco para salvar os judeus na Segunda Guerra Mundial.

Os encontros com a Irmã Margherita são sempre prazerosos. Adorável, a pequenina freira que tem o sotaque de Nova Jersey preza pela pureza do nome de Pio XII, ela defende com convicção a santidade do Papa Pacelli e sua inocência em qualquer oportunidade. E a sua pesquisa histórica é apoiada por um crescente número de personalidades, incluindo o historiador judaico altamente renomado Martin Gilbert, e – cada vez mais – rabinos e judeus.

Ela começou a campanha para limpar o nome do Pio XII depois de ouvir histórias de muitos judeus que foram salvos por ele escondidos no convento de sua Ordem, em Roma. Ela também tem boas recordações de uma reunião especial com o Papa em 1957. "Bastou que eu o encontrasse uma vez, e eu ainda posso visualizá-lo", recorda. "É só pensar nele que eu posso ouvir sua voz – tinha algo nele que era muito santo."

Mas este não é um mero sentimento: ela fez um dossiê dessas declarações com fatos concretos. Ele não foi omisso, diz ela, sua condenação ao nazismo foi regularmente relatada no L'Osservatore Romano e na Rádio do Vaticano. Ela enfatiza que independentemente do que bispos ou delegações apostólicas puderam fazer para salvar os judeus na Europa, as instruções foram dadas pelo Papa. Além disso, ela argumenta que todos os conventos, mosteiros e o próprio Vaticano abriu as suas portas para esconder judeus, porque Pio XII pediu isso a eles. "O que mais ele poderia ter feito?”, ela indaga.

O que a Irmã Margherita e muitos outros têm tentado contrariar é a chamada lenda negra – uma campanha difamatória organizada pelos comunistas na União Soviética depois da Guerra para diminuir a força do fervoroso anti-comunismo no tempo de guerra do Papa. Ele não foi omisso durante a guerra, diz Irmã Margherita e aqueles que vão em sua defesa, mas preservou sua posição a fim de evitar agravar a situação das vítimas.

A religiosa também é rápida em rebater as constantes críticas: que outros católicos que perderam as suas vidas para salvar os judeus, e que ainda não foram beatificados, deveriam ser elevados aos altares antes de Pio XII, que sobreviveu à guerra. Ela insiste em que Pio XII entregou a sua vida. Ele se arriscou e estava preparado para morrer (um testemunho recente creditou os rumores de que os nazistas planejaram secretamente matar ou sequestrar Pio em 1943). "Você pode imaginar o medo que ele experimentou todos os dias?" diz ela. "O que aconteceria a ele, à Igreja Católica e ao Vaticano? Ele tinha uma responsabilidade terrível."

Mas, de acordo com a Congregação para as Causas dos Santos, "nenhum milagre convincente atribuído a Pio XII (necessário para a beatificação) ainda foi encontrado, razão pela qual Irmã Margarida está ansiosa e pede para que os católicos rezem. Ela me deu um cartão de oração de 1958, na esperança de que os leitores de ZENIT façam a sua parte. Ele diz:

“Ó Jesus, Eterno Pontífice, de dignidade suprema, Vigário aqui na terra, seu fiel servo Pio XII e para ele que deu a graça de ser um intrépido defensor da fé e um corajoso defensor da justiça e da paz, um devotado glorificador de sua Mãe Santíssima, um modelo iluminado de caridade e de todas as virtudes. Considerai digno agora, tendo em conta seus méritos, para nos conceder a graça que nós Vos pedimos. Estamos certos de sua eficaz intercessão e esperamos vê-lo um dia glorificado no seu altar. Amém."

Irmã Margherita - apelidada de "Freira guerreira" - continua esperançosa que irá ver Pio XII beatificado ainda em vida. E é uma esperança com um toque de bom humor. Em um telefonema recente para o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, ela disse-lhe: "voltarei à batalha pela beatificação."


"Papa Pius XII - uma antologia sobre o 70° Aniversário da Coroação" é publicado pela Libreria Editrice Vaticana como uma edição bilíngüe em italiano e inglês. Para mais informações, visite o site www.sistermargherita.com/articles.htm.

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Papa para todos os sacerdotes

Quando o cardeal Joseph Ratzinger foi proclamado Papa, eu me lembro como se fosse hoje da alegria de um padre amigo que estava de pé ao meu lado, na praça de São Pedro. “cardeal Ratzinger", disse ele, "era um cardeal-sacerdote”. Isso me proporcionou uma visão surpreendente, que agora me faz sentir aquele momento.

Bento XVI inaugurou o Ano Sacerdotal. É a primeira vez desde que a Congregação para o Clero foi fundada, no Concílio de Trento, que a Igreja dá esse destaque especial aos sacerdotes.

É apenas um dos muitos exemplos do quanto ele valoriza o sacerdócio. Em outros locais, a honra de Bento XVI poder ser vista mais claramente em seus discursos para padres e seminaristas. Frequentemente, em tais ocasiões ele tem falado sobre reafirmar a identidade do sacerdote, sobre ser "humilde, mas um verdadeiro sinal do eterno Sacerdote, que é Jesus."

Mais especificamente, ele tem realizado discursos com palavras firmes de orientação e incentivo, principalmente considerando as pressões e desafios nos dias de hoje. Dirigindo-se ao clero, em Varsóvia, na Polônia, em 25 de maio de 2006, ele lembrou-lhes que os fiéis "esperam somente uma coisa: que sejam especialistas na promoção do encontro do homem com Deus. Ao sacerdote não se pede para ser perito em economia, em construção ou em política. Dele espera-se que seja perito em vida espiritual”.

Ele acrescentou: "Diante das tentações do relativismo ou do permissivismo, não é de facto necessário que o sacerdote conheça todas as actuais, mutáveis correntes de pensamento; o que os fiéis esperam dele é que seja testemunha da eterna sabedoria, contida na palavra revelada (…) Cristo precisa de sacerdotes que sejam maduros, vigorosos, capazes de cultivar uma verdadeira paternidade espiritual. Para que isto aconteça, servem a honestidade consigo mesmos, a abertura ao director espiritual e a confiança na divina misericórdia”.

Mas o ponto mais enfatizado por Bento XVI tem sido para que os sacerdotes vivam com o Cristo no centro de suas vidas. Num discurso que fez no ano passado para os jovens e seminaristas no Seminário São José, em Yonkers, Nova York, ele recomendou insistentemente que eles aprofundem a sua amizade com Jesus, o Bom Pastor, e falem de coração aberto com ele.

“Rejeitai qualquer tentação de exibicionismo, carreirismo ou vaidade”, disse. “Tendei para um estilo de vida caracterizado verdadeiramente pela caridade, castidade e humildade, à imitação de Cristo, o eterno Sumo Sacerdote, do qual vos deveis tornar imagem viva. Recordai-vos que aquilo que conta diante do Senhor é permanecer no seu amor e irradiar o seu amor pelos outros”.

Sua principal preocupação é que os sacerdotes se concentrem na Eucaristia – algo que estava claro desde o seu primeiro discurso como Papa, na Capela Sistina, em Abril de 2005: "O Sacerdócio ministerial nasceu na Última Ceia", disse ele. "Todo o restante, então, deve ser a vida de um sacerdote ‘moldada’ pela Eucaristia".

Quatro anos desde o monumental dia quando vimos a eleição de Bento XVI na Praça de São Pedro, eu pedi ao meu amigo padre para me explicar o motivo pelo qual ele descreveu o Papa em sua eleição como sendo um "cardeal-sacerdote". "Ele é primeiro padre e depois uma pessoa importante” .

“Veja como ele se ajoelha diante da Eucaristia”, continuou o sacerdote, que vem da Grã-Bretanha e atua em uma paróquia italiana. "Um gesto muito poderoso, mas não é realmente um gesto, é uma atitude normal quando você respeita a Eucaristia...”.

O padre concluiu: "ele está obviamente interessado na verdade e quer que outros se interessem também pela verdade, e não apenas nele. Os sacerdotes que não têm vocação para serem burocratas, só se tornam um deles quando são oprimidos e desmoralizados por uma diocese severa que possui “grandes iniciativas” e por alguns bispos que querem uma vida tranquila. Mas ele nunca perdeu de vista a razão pela qual se fez sacerdote, o que funciona e não funciona enquanto sacerdote.

[Edward Pentin é escritor; vive em Roma]

Fonte: www.zenit.org


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