Patrimônio cristão é riqueza moral e espiritual da Europa, reitera o Papa


25.05.2009 - Ao celebrar ontem pela tarde em Montecassino a oração das Vésperas com os abades e as comunidades de monges e freiras beneditinos, o Papa Bento XVI reiterou que o patrimônio cristão é a riqueza moral e espiritual da Europa que deve custodiar-se e difundir-se.

Ao iniciar sua homilia o Papa explicou alguns aspectos da abadia de Montecassino que "foi destruída quatro vezes e outras tantas reconstruída, a última depois dos bombardeios da Segunda guerra mundial, há 65 anos", e que "como um carvalho secular plantado por São Bento foi 'podada' pela violência e a guerra, mas renasceu com mais vigor".

Seguidamente o Santo Padre indicou que São Bento "abandonou tudo para seguir fielmente a Deus" e "encarnando em sua existência o Evangelho" foi "quem deu início a um vasto movimento de renascimento espiritual e cultural no Ocidente".

Referindo-se à narração de São Gregório Magno que conta como São Bento "foi elevado em alto em uma indescritível experiência mística", Bento XVI sublinhou que o santo "não recebeu este dom divino para satisfazer sua curiosidade intelectual, mas sim mas bem para que graças ao carisma com o que Deus o tinha dotado, fora capaz de reproduzir no mosteiro a vida mesma do céu e restabelecesse a harmonia do criado mediante a oração e o trabalho".

Por essa razão, "a Igreja o venera como eminente mestre de vida monástica " e "doutor de sabedoria espiritual no amor à oração e ao trabalho". São Bento, continuou o Pontífice, foi "exemplo luminoso de santidade e mostrou aos monges a Cristo como único grande ideal; foi mestre de civilização, porque ao mesmo tempo em que propunha uma visão adequada e equilibrada das exigências divinas e da finalidade última do ser humano, tinha muito presente as necessidades e as razões do coração para ensinar e suscitar uma fraternidade autêntica e constante e para que nas relações sociais não se perdesse de vista a unidade de espírito que constrói e alimenta a paz".

"Não é uma casualidade que a palavra Pax acolha aos peregrinos e aos visitantes às portas desta abadia", que "eleva-se como uma silenciosa admoestação para rechaçar qualquer forma de violência e construir a paz: nas famílias, nas comunidades, entre os povos e em toda a humanidade".

"Os mosteiros –prosseguiu o Santo Padre– foram ao longo dos séculos centros ferventes de diálogo, de encontro e benéfica fusão entre gentes diversas, unificadas pela cultura evangélica da paz. Os monges souberam ensinar com a palavra e o exemplo a arte da paz, servindo-se dos três vínculos que São Bento considerava necessários para conservar a unidade do Espírito entre os seres humanos: a Cruz, que é a lei mesma de Cristo; o livro, quer dizer a cultura; e o arado, que indica o trabalho, o senhorio sobre a matéria e o tempo".

"Graças à atividade dos mosteiros, articulada no triplo compromisso diário da oração, o estudo e o trabalho inteiros povos do continente conheceram um resgate autêntico e um benéfico desenvolvimento moral, espiritual e cultural, educando-se no sentido da continuidade com o passado, na ação concreta para o bem comum, na abertura a Deus e à dimensão transcendental".

Por isso o Papa insistiu a que "rezemos para que a Europa valorize sempre este patrimônio de princípios e ideais cristãos que constitui uma riqueza cultural e espiritual imensa".

"Isto é possível quando se acolhe o ensinamento constante de São Bento; procurar a Deus como compromisso fundamental do ser humano que não se realiza plenamente nem pode ser realmente feliz sem Deus. Desde este lugar onde repousam seus restos mortais, o santo padroeiro da Europa segue convidando a todos a prosseguirem sua obra de evangelização e promoção humana".

Depois da oração das Vésperas o Santo Padre venerou as relíquias de São Bento e Santa Escolástica, sepultados atrás do altar maior da Basílica.

Fonte: ACI


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