29.04.2009 - A estiagem que colocou em situação de emergência pelo menos 140 cidades do Rio Grande do Sul é a pior registrada desde o século XIX em algumas localidades. Em Pelotas, no sul do Estado, o mês de abril foi o mais seco em 116 anos. A chuva acumulada ficou em 2,4 mm na cidade, pior índice desde 1889.
O meteorologista Eugenio Hackbart, da MetSul Meteorologia, afirma que, tradicionalmente, abril e maio são meses com menor quantidade de chuvas, mas ele admite que o atual período de estiagem é histórico. "Estamos passando por uma escassez quase total de chuva em várias partes do Estado", afirmou.
Outras cidades afetadas pela seca como Bagé, Passo Fundo e São Luiz Gonzaga tiveram o abril menos chuvoso dos últimos 90 anos. Em Santa Maria, índice de chuva não é tão baixo desde 1974 e em Santa Vitória do Palmar o mês é o mais seco de 1978.
Os dados da Metsul Meteorologia são resultado de um levantamento feito a partir de uma pesquisa histórica e de dados fornecidos pelo 8º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Em Porto Alegre, apesar da pouca chuva, os volumes não estão entre os dez índices mais baixos contabilizados desde 1909. De acordo com a Metsul, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia no Jardim Botânico, na capital, registrou, em abril, 31 mm de chuva acumulada. Em abril de 2006, esse índice ficou em 17,6 mm.
Já no Vale do Rio dos Sinos, a cidade de São Leopoldo teve o abril mais seco desde o ano de 1987 e Campo Bom registrou a menor quantidade de chuva desde 2006.
Hackbart afirma que, entre os diversos fatores causadores do período de estiagem, está a presença do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, e que favorece a diminuição da chuva no Rio Grande do Sul. A diminuição da atividade solar, que estudos mostram ter influência no regime de chuva, é a menor desde 1913 e também contribui para o agravamento da estiagem, de acordo com o meteorologista.
Redação Terra
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Lembrando...
Clima: Aquecimento global será mais rápido do que se esperava
16.02.2009 - O aquecimento global no decorrer deste século será mais grave do que se acreditava até agora, segundo Chris Field, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês).
O especialista afirmou, ainda, que as temperaturas futuras “vão passar de qualquer valor que tenha sido previsto”. Field fez o alerta no sábado, durante o encontro anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Chicago, nos EUA.
Ele foi um dos autores do relatório divulgado pelo IPCC em 2007, que estimava que as temperaturas iriam subir entre 1,1°C e 6,4°C até o fim deste século. O cientista, no entanto, acredita que o relatório subestimou seriamente a escala do problema.
Ele apresentou dados novos que mostram que as emissões dos chamados gases do efeito estufa aumentaram muito mais rapidamente do que o esperado entre 2000 e 2007. Segundo Field, este aumento foi provocado, principalmente, pela queima de carvão para obter energia elétrica na China e na Índia.
– Estamos basicamente olhando agora para um futuro climático que está muito além de qualquer coisa que tenhamos considerado nas políticas climáticas – afirmou.
Temperatura mais alta aceleraria derretimento
Ele disse, também, que o impacto na temperatura ainda é desconhecido, mas o aquecimento tende a se acelerar em um ritmo muito mais rápido, e a provocar mais danos ambientais do que se previa. De acordo com o cientista, isso incluiria a seca das florestas em áreas tropicais, tornando-as mais vulneráveis a queimadas.
A temperatura mais alta também poderia ser responsável por acelerar o derretimento do permafrost – tipo de solo da região do Ártico –, aumentando dramaticamente a quantidade de carbono na atmosfera.
– Sem uma ação efetiva, as mudanças climáticas vão ser maiores e muito mais difíceis de se lidar do que pensávamos – concluiu.
Fonte: Jotnal Zero Hora RS