25.03.2009 - A Eritreia está à beira da carestia e milhares de pessoas atravessam as fronteiras para fugir da fome e das perseguições. Assim denunciou Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), em um comunicado no qual adverte que a situação poderia provocar uma «catástrofe humanitária» no país e em todo o Chifre da África.
A Eritreia está atravessando uma grave crise econômica, piorada ainda mais pelos controles cada vez mais estritos e pelos abusos contra os direitos humanos, contra os chamados «dissidentes», especialmente contra grupos religiosos.
Após um recente Informe do Departamento de Estado Norte-Americano, fontes da região descrevem o país como preso pela crise alimentar, com um governo que impede a população de ter acesso aos recursos fundamentais.
Os depoimentos, cujos autores não podem ser revelados por motivos de segurança, afirmam que as autoridades bloquearam a distribuição de alimento de uma região do país a outra, proibiram os mercados de cereais e inspecionam casa por casa buscando produtos «obtidos ilegalmente».
«A Eritreia está de joelhos em termos de produção alimentícia», afirma um dos informes recebidos por AIS, sublinhando a gravidade da escassez de colheitas por causa da seca.
Está se chegando à destruição e ao completo isolamento do país, acrescenta o informe, que acusa o governo de rejeitar as ajudas externas, apesar de que são «desesperadamente necessárias».
Muitos habitantes da Eritreia se refugiam no sul, na Etiópia, onde AIS está ajudando aos quase 20 mil refugiados que foram alojados em dois campos na região setentrional do país. A respeito disso, a associação sublinha a necessidade de contar com meios de transporte para levar alimentos, através das montanhas, a estes campos.
«Podemos só imaginar o pesadelo que a Eritreia está vivendo – afirma um porta-voz de AIS. A população precisa urgentemente de nossas orações e nosso apoio.»
AIS alerta também contra o aumento dos abusos contra os direitos humanos neste país, especialmente contra os cristãos.
Segundo o informe norte-americano sobre os direitos humanos no país, as forças de segurança utilizaram a escravidão, a exposição ao calor e os maus tratos para castigar pessoas presas por suas convicções religiosas, para obrigá-las a assinar declarações renegando sua fé. Às vezes foram fechadas em contêineres metálicos subterrâneos.
Ainda que a Igreja Católica seja um dos quatro grupos religiosos aprovados pelo governo, no ano passado foram expulsos de Eritreia cerca de 12 sacerdotes e religiosas, em muitos casos sem advertência prévia.
As organizações para os direitos humanos e os grupos religiosos se expressaram de modo cada vez mais contundente contra os chamados «crimes contra a humanidade» por parte do regime do presidente Isaías Afewerki.
O patriarca Antonios, cabeça da Igreja Ortodoxa eritreia, o principal grupo religioso do país, foi posto sob prisão domiciliar; e no início de 2007, Dioskoros Mendefera foi anunciado como seu sucessor em uma nomeação considerada por muitos como pressionada pelo governo.
Fonte: www.zenit.org