Artigo de Dom Lourenço Fleichman: Não há quem chore pelas criancinhas


09.03.2009 -Bastou um bispo agir segundo a lei da Igreja e o mundo desabou numa enxurrada de blasfêmias e xingamentos. A mídia com sua supremacia apresenta a coisa com essa presunção típica de quem se acha todo-poderosa. Dom José Sobrinho virou carrasco, quando o crime foi cometido por terceiros.

Eis o quadro que se apresenta a qualquer pessoa de bom senso:

1- O bispo que confirmou a excomunhão automática por aborto era a autoridade competente para emitir essa sentença?
Constata-se que a pena de excomunhão ou a declaração dela é da competência do pastor eclesiástico das pessoas envolvidas. Nesse caso, o bispo diocesano ou o seu superior direto, o papa. Como é do conhecimento geral que Dom Sobrinho é o Arcebispo de Recife-Olinda, estamos, sim, diante da autoridade competente.

2- O ato praticado pelas pessoas ora declaradas excomungadas é, de fato, passível dessa grave pena, ou foi invenção do bispo?
De fato, o Direito da Igreja, chamado Direito Canônico, aplica a excomunhão automática, também chamada latae setentiae, para as pessoas que praticam ou que colaboram diretamente no ato de aborto.

3- Mas o Direito Canônico não traz algumas exceções, como o caso do estupro ou perigo de vida para a mãe?
Não, o Direito Canônico não aceita que haja exceções por causa da natureza própria desse ato, que é atentar diretamente contra a vida de seres inocentes. Mas aqui, estamos já entrando no mérito da questão, e preferimos deixar a discussão para mais adiante.

O que é preciso enxergar por enquanto é que, de um lado, temos duas criancinhas mortas. Querendo dar a essa morte conotação de crime ou não, o fato é que elas não pediram para nascer, para ter uma alma imortal, para ter um olhar amoroso de Deus diante da sua criação. E sem culpa alguma, tiveram esse projeto de vida divino interrompido bruscamente por envenenamento.
E do outro lado, o que temos? um bispo que cometeu algum crime? Um bispo que matou alguém, um bispo que fugiu completamente das suas atribuições para condenar alguém sobre quem ele não tem nenhuma autoridade? Nada disso. Temos apenas um bispo cumprindo o seu dever diante de Deus e diante das leis da instituição que ele representa. Um bispo declarando uma pena que é automática e que já tinha fulminado os responsáveis antes mesmo de o bispo o declarar.

Essa gente não tem nada que ver com isso

No fundo, o mundo não tem nada com isso. Essas pessoas excomungadas não foram presas, não foram demitidas do trabalho, nem prejudicadas em nada em sua vida natural. Apenas, tendo feito um ato que fere a legislação moral da Igreja, receberam a pena prevista no Direito. O que esses jornalistas têm que ver com isso? Com que direito se levantam para condenar? Eles sim é que não têm autoridade nem competência para tratar desse assunto. Deviam ficar calados, mas a perseguição contra os critérios naturais que regem a moral católica leva-os a participar desse massacre à Igreja.

Sabem o que esses intelectuais queriam? Queriam que o bispo agisse como nossos políticos e nossos juizes. Assistem impunemente a toda sorte de crimes previstos pelas leis dos homens, mas não os condenam porque têm interesses paralelos inconfessáveis. O que significa uma autoridade assistir a um ato que fere as regras da sua instituição e não aplicar a pena? No mínimo, negligência; no geral, corrupção. E Dom José Sobrinho escapou dos dois erros ao levantar sua voz de pastor e pai, que castiga o filho para atrair a sua conversão.

Quais são, portanto, os princípios morais que estão em jogo? Qual o mérito da questão? Por que razão não se pode dar a uma mulher o direito de matar os filhos em seu ventre?

Não matarás!

Senhores, donos dos holofotes da mídia, desviem o foco do bispo e da menina que fez o aborto. Dirijam a luz dos seus holofotes poderosos para onde está o ponto principal: Duas criancinhas foram mortas. Ponto. Ah! sim, vocês não querem ouvir isso, eu sei. Essa verdade luminosa fere os ideais de vocês. Por isso é preciso jogar toda a atenção dos homens em cima do bispo e em cima da mãe, pois assim as pessoas desviam sua atenção do crime atroz: DUAS CRIANCINHAS FORAM MORTAS. Se elas tivessem vindo à luz, se fossem bebês bonitinhos, com xuquinha no cabelo e hypogloss no bumbum, os jornalistas encabeçariam a campanha contra a mãe má que matou seus filhos. Não foi assim com a mulher que jogou seu bebê na lagoa, e tantos outros casos dados nos jornais? Mas as pobrezinhas de hoje estavam na barriga da mãe, então perderam o favor dos intelectuais e da mídia.

Entra, então a questão desses falsos intelectuais que fazem tudo, menos usar a inteligência. São mestres em mover as paixões e formar a opinião pública em cima de slogans e palavras de ordem. Eles dirão que só existe pessoa humana depois do nascimento. Vejam como a coisa funciona. Se está no útero, não é gente. Aí, um dia, sem que aconteça nenhuma modificação essencial na constituição daquele “bicho”, ele sai da sua primeira morada. Grande mágica! Passou a ser gente porque um bando de intelectuais e políticos determinou que, naquela hora, o mesmo ser que era bicho se transformou em pessoa humana. Essa é a enganação desses hipócritas. Se um médico sério, cientista, usando os critérios próprios do seu saber, mostrar para eles que é tudo igual naquele ser, antes de vir à luz e depois, isso para eles não importa e de tudo farão para esconder essa evidência da população. O que importa é que eles têm o poder de transformar bicho em gente. Estamos no mundo da MITOLOGIA pura e simples.

A fonte desse poder está no desaparecimento da Lei Natural e do Direito Natural da mente das pessoas. A coisa é grave. Basta ler as manifestações dos leitores dos grandes jornais para se perceber que a população já não usa mais a inteligência. Seguem direitinho a cartilha dos intelectuais, usando os sentimentos e as paixões no lugar do raciocínio. Para o mundo moderno e apóstata, se uma coisa é legal, juridicamente falando, então essa coisa pode e deve ser realizada. É evidente que isso é falso, pois uma coisa pode ser legal, levada à legalidade pela lei de homens maus, com intenções escusas. Ferirá a lei de Deus, a lei que Deus impôs à natureza que Ele criou, e por isso não poderá prevalecer, mesmo que goze do favor dos juizes, dos políticos, da mídia e de quem quer que seja. Mas basta um olhar superficial sobre o que está acontecendo com o nosso mundo, para se perceber que os homens dão os últimos retoques na construção de um mundo novo, sem a natureza humana, sem a família humana, sem os critérios de bem e de mal que são necessários em qualquer sociedade. E se os intelectuais baseiam seus atos num Direito positivista que eles mesmos criaram, determinando que o bem e o mal ficam limitados ao que foi aprovado pelo Congresso, por que razão não aceitam que a Igreja também determine o bem e o mal por sua legislação? Dois pesos e duas medidas. Ou, em outros termos, ditadura do pensamento e da opinião.

Então, se a Lei Natural diz: Não matarás, significando que ninguém tem o direito de atentar contra a vida de inocentes, eles respondem: não conhecemos essa lei e esse Deus. Só conhecemos a lei que passou no Congresso. E ela diz que a criancinha que está no útero da mãe é bicho e não é gente. E saem por aí massacrando milhões de inocentes todos os anos. Malditos!

Muito bem, lá estão eles, cheios de si, apontando o dedo contra o bispo que cumpriu seu dever. Como argumentação principal, dizem que o assassinato das duas criancinhas é justificado por causa do risco de vida da mãe. É impressionante a lógica dessa gente: uma menina de nove anos talvez morra.... vamos matar os seus dois filhos inocentes para que ela não morra. Literalmente é jogar fora o bebê com a água do banho.... Ora, se todos os católicos são obrigados a crer em Deus Criador, no fim último de nossas almas imortais, é preciso também crer na existência da alma espiritual, que é criada por Deus no momento da concepção. Existe na natureza, patente em muitos animais, um instinto de preservação da espécie. No caso humano, nós não somos movidos pelo instinto, mas sim pela racionalidade, que engloba o conhecimento, pela inteligência, e o reto agir, pela vontade. Se Deus fez com que animais irracionais tivessem o instinto de preservação, quanto mais não fez ele para com a preservação da espécie humana, que é o centro de suas atenções e dos seus amores. O fato de uma gravidez ser provocada por estupro não muda em nada o fato de que o resultado da gravidez é um ser humano, com um destino dentro do amor de Deus. Uma vez realizada a primeira divisão celular, Deus assume o controle daquela criancinha, porque sopra sobre ela uma alma imortal. Já não pertence totalmente à mãe. É Dele, passa a fazer parte da história de amor que liga o próprio Criador com sua criatura, e que vai levar esses frágeis seres a encontrar, no Céu, a luz divina, para sempre. Essas razões expostas aqui servem para mostrar que a única atitude possível diante de uma mulher que corre o risco de vida em sua gravidez é usar a técnica e a ciência para tentar salvar tanto a mãe quanto as crianças. Hora nenhuma é permitido atropelar a natureza no sentido de interromper a vida, pois ela pertence a Deus. E se acontecer da medicina não conseguir salvar os dois, caberá à natureza seguir o seu curso, sem que ninguém possa opor-lhe um obstáculo. Deus chama para Si, na hora que ele só conhece, os filhos que Ele mesmo criou. Os senhores ministros e presidentes, donos de jornais e escritores, discordam disso? Nada muda nas leis santas da Igreja, que emanam da autoridade do Criador. Discordem e mudem de canal, pois de nada adianta fazer intrigas e ameaças pelos jornais.

Mas a maldade da mídia vai além. Agora eles inventaram de brigar com o bispo porque não excomungou o padrasto. Mais um motivo para forçarem a opinião pública por meio de sentimentalismos. Acusam a Igreja de não excomungar o padrasto como quem diz... estão defendendo o homem mau! Hipócritas! Eu vou explicar, apesar de que eles não estão interessados em explicações, mas pode servir para alguém de boa vontade. É evidente que o padrasto cometeu um pecado grave, mortal, que o levará para o inferno se não se arrepender antes da morte. Mas ser excomungado ou não, não depende da vontade do bispo. Como ficou explicado no início, a excomunhão é uma pena prevista pelo Direito da Igreja. Ela é prevista para aqueles que matam criancinhas inocentes antes do nascimento e não é prevista para os abusos sexuais. Por quê? Pelo fato de que não há ninguém no mundo que possa vir em defesa dos inocentes assassinados. Por isso a Igreja acrescenta a pena social de excomunhão à pena interior que, por si só, já levaria alguém para o inferno. No caso de outros pecados mortais a Igreja considera que basta a condenação ao inferno, se a pessoa não se arrepender. Não gostou, senhor ministro? Pois fique sem gostar: essa é a lei da Igreja e o senhor não tem nada com isso.

Fonte: www.permanencia.org.br


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