17.02.2009 - Está difícil rezar em algumas Igrejas e o nível é tão crítico que merece nossa atenção, e sobre estas Igrejas (e não todas) escrevo esta reflexão:
1. O banco da Igreja não é banco de praça, mas ali se coloca a fofoca em dia, se organiza o próximo encontro das comadres, se discute o vestido e o sapato da festa, etc. No entanto, todos nós sabemos que o banco da Igreja é feito para se falar com Deus, i.e., para rezar. O falatório interminável e barulhento antes e depois da Santa Missa (sim, algumas vezes até durante ela!) é um fator que impede a oração de quem vai para a Igreja buscando – num mundo hiper barulhento – o silêncio que permite ouvir e falar com Deus. Com certeza o que o Papa João Paulo II disse abaixo sobre o tabernáculo vale para todo o recinto: Igreja é lugar de oração.
“Um modo simples e eficaz de se fazer catequese eucarística é o próprio cuidado material com tudo aquilo que se refere à igreja e, em particular, ao altar e ao tabernáculo: limpeza e decoro, dignidade dos paramentos e dos vasos sagrados, atenção na celebração das cerimônias litúrgicas, prática fiel da genuflexão, etc. Além disso, é particularmente importante assegurar um ambiente recolhido na capela do Santíssimo, tradição plurissecular na Igreja, de maneira a garantir o silêncio sagrado, que facilita o colóquio amoroso com o Senhor. Essa capela, ou, em todo caso, o lugar onde se conserva e se adora Cristo Sacramentado, é certamente o coração dos nossos edifícios sagrados, e como tal devemos procurar tê-lo em evidência e facilitar o seu acesso diário durante o espaço de tempo o mais largo possível, de adorná-lo na maneira devida, com amor. É evidente que todas estas manifestações — que não pertencem a formas de vago « espiritualismo », mas revelam uma devoção teologicamente bem fundada — serão possíveis somente se o sacerdote for realmente um homem de oração e de autêntica paixão pela Eucaristia. Somente o pastor que reza saberá ensinar a rezar, enquanto saberá também atrair a graça de Deus sobre aqueles que dependem do seu ministério pastoral, de maneira a favorecer conversões, propósitos de vida mais fervorosa, vocações sacerdotais e de consagração especial. Em definitivo, somente o sacerdote que experimenta diariamente a « conversatio in coelis », que faz da amizade com Cristo a vida da sua vida, estará em condições de imprimir um impulso real a uma autêntica e renovada evangelização.”
2. Banco de Igreja não é poltrona de cinema. É tanta a falta de reverência e respeito que não basta os pombinhos se abraçarem e beijarem durante a celebração do Santo Sacrifício. Vão para a fila um grudado no outro (literalmente), profanando o momento mais sublime que alguém pode ter: receber o Autor da Pureza.
3. O altar da Igreja não é palco: nem para nenhum sacerdote dar asas livres à sua criatividade manipulando a Liturgia e nem para os cantores exibirem seus dotes musicais e corporais, com ensaios e provas intermináveis de microfone, com direito a ensaio de música profana entre uma Missa e outra, uso de baterias e guitarras. Estes instrumentos com certeza ajudam a querer a dançar, levantar as mãos, mexer o quadril, mas a se recolher e rezar, jamais vi.
“A Eucaristia é o um dom demasiado grande para admitir ambigüidades e reduções”. O Mistério da Eucaristia é demasiado grande para que alguém possa permitir tratá-lo ao seu arbítrio pessoal, pois não respeitaria nem seu caráter sagrado, nem sua dimensão universal. Estes atos arbitrários causam incerteza na doutrina, dúvida e escândalo para o povo de Deus.” RS
4. O corredor do altar não é passarela, onde se mostram as últimas extravagâncias da moda mundana. Na minha época de adolescente eu tinha uma avó que me dizia que Igreja não é lugar de camiseta sem alça ou saia curta (alías, nenhum lugar é!). Hoje são as próprias mães e avós que dão o mal exemplo de indecência. Faltam avós como a minha!
“… não podemos deixar de condenar a cegueira de quantas mulheres de todas as idades e condição; feitas tontas pelo desejo de agradar, elas não vêem a que nível a indecência de suas vestes chocam a todo homem honesto, e ofendem a Deus. A maioria delas teriam, em outras épocas, se envergonhado com esses estilos por grave falta contra a modéstia Cristã; e já não é suficiente que elas se exibam na via pública; elas não tem medo de cruzar as portas da Igreja, a assistir o Santo Sacrifício da Missa, e até de levar a comida sedutora das suas paixões vergonhosas até o Altar da Eucaristia onde recebemos o Autor celeste da pureza. E nós não estamos falando das exóticas e bárbaras danças recentemente importadas dos círculos fashion, cada uma mais chocante que a outra; não podemos imaginar nada mais apropriado para banir o que resta da modéstia”. Encíclica de Bento XV
O critério do correto e do errado se encontra nos pronunciamentos do Papa, nos documentos oficiais da Igreja (que são escritos para serem obedecidos!), e não no gosto, moda ou capricho. Quando iremos poder ir para qualquer Igreja sem temor de não encontrar ali o ambiente sagrado que buscamos para falar com Deus?
Por Julie Maria -
http://juliemaria.wordpress.com