Parecia situação de guerra, diz mulher sobre conflito em Paraisópolis SP


03.02.2009 - Quase um ano após ter superado o trauma de um sequestro-relâmpago, uma publicitária de 56 anos se viu novamente em uma situação de violência em São Paulo. Na noite desta segunda-feira (2), ela foi uma das pessoas que tiveram o carro destruído durante o confronto entre moradores da favela Paraisópolis, na Zona Sul, e a Polícia Militar

Eles destruíram e incendiaram carros, fecharam ruas e saquearam lojas para protestar contra a morte de um morador durante uma ação policial ocorrida no domingo (1º). "Parecia cena de guerra", afirmou ela, sobre a confusão. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o morador morto era um criminoso foragido.

Com medo de represálias, a publicitária, que mora no Morumbi, bairro nobre da cidade e onde fica a favela, não quis se identificar, assim como as outras vítimas. Ela contou que seu veículo foi danificado por vândalos com paus, pedras e rojões perto da favela. Outros automóveis também foram atacados. O número total de carros avariados ainda não foi contabilizado pela PM.

“Eles chegaram com pedras e rasgando as portas. O porta-luvas foi todo estourado e levaram tudo o que tinha lá dentro [dinheiro e celular]. O grupo era só de moleque. Tudo menor de idade”, afirmou a publicitária, que em maio de 2008, foi vítima de sequestro-relâmpago. Além disso, a família passou por outro susto. “Na semana passada, assaltaram meu filho com arma na cabeça. Ele levou um coronhada", disse ela.

A publicitária estava com o filho de 23 anos, que é estudante, no momento do conflito desta segunda, que teve início por volta das 17h30, numa rua próxima da Avenida Giovanni Gronchi, um dos acessos à favela.

Uma corretora de imóveis de 38 anos contou que foi o rapaz que a salvou de levar uma pedrada e ficar ferida na confusão. “Eu não sabia o que fazer e ele me puxou, me tirou dali”, contou a mulher, que teve o vidro dianteiro de seu carro quebrado. Ela disse que ficou em estado de choque com a confusão.

“Eu estava no sinal e, quando abriu, só vi aquele bando de garotos vindo na minha direção. Minha reação foi dar ré, mas um deles veio com uma pedra na frente e disse para parar”, lembra a corretora, que tinha ido ao Morumbi justamente consertar o vidro lateral que estava com folga e fazia barulho. “Fui arrumar um vidro e me estouraram outro”, conta a mulher, que perdeu a bolsa com o celular e os documentos durante a confusão.

Todos estavam na porta do 89ª DP (Portal do Morumbi), para onde foram levados nove detidos, dois deles adolescentes, segundo o delegado Luis Gustavo de Lima Pascoetto.

Até as 22h30, nenhum dos detidos havia sido liberado enquanto os investigadores pesquisavam possíveis antecedentes criminais. Eles foram liberados nesta terça (3).

No pátio do distrito, havia pelo menos seis carros com vidros quebrados e lataria amassada.

Ação rápida

Na delegacia também estava a comerciante de 63 anos que teve o seu carro atingido por pedras. Moradora do Morumbi, ela contou que “foi muito rápida” e conseguiu se desvencilhar dos vândalos que a cercavam. A mulher relatou que foi xingada para que abrisse a porta e entregasse a bolsa aos manifestantes.

“Se eu seguisse reto, atropelaria um monte de moleque. O que deu um pontapé na minha porta devia ter uns 12 anos”, afirmou ela, que conseguiu fugir por uma rua à direita. Depois dos susto, ela não escondeu a revolta. “Era melhor eu estar no Iraque ou na Faixa de Gaza porque ali você sabe que está em uma guerra”.

Um estudante de 22 anos, que teve o seu veículo Fiat Uno atingido por pedras, também estava revoltado. “Ainda estou pagando o carro. Falta um ano. Quem vai pagar esse prejuízo?”, questionou ele. O garoto mora na favela e diz que o carro

estava parado perto da casa dele.

“Vi tudo pela televisão e, quando desci, estavam em cima do carro. Quando eu disse que era conhecido, eles saíram”. O rapaz disse conhecer os autores do ato de vandalismo, mas “não pode fazer nada”. “É tudo do movimento”, aponta, em referência às pessoas que seriam do tráfico.

Nenhuma das vítimas na delegacia apresentava ferimentos. Depois de feito o boletim de ocorrência, todos puderam voltar para casa. A corretora de imóveis, que afirma “nunca passar” pelo Morumbi, diz que, além das pedras, a multidão usava rojões. “Ficavam nos ameaçando. Você se sente invadida”.

Fonte: G1

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Lembrando...

Parecia guerra, diz morador após tiroteio no Rio de Janeiro

27.11.2008 - As marcas do tiroteio entre traficantes e policiais podiam ser vistas nesta manhã em como carros e casas na avenida dos Democráticos, em Manguinhos, no Rio de Janeiro. A energia elétrica ainda não havia sido restabelecida às 10h15 na região, pois os transformadores foram destruídos pelos tiros. "Parecia guerra. Fiquei com meus filhos dentro do banheiro e as balas destruíram armários e eletrônicos. Chorei muito", disse uma moradora que não quis se identificar.

A escola municipal Alberico Santa Cruz ficou sem aulas por falta de energia. O comércio na região está aberto, mas os sinais de trânsito estão apagados e não há reforço policial nos acessos das comunidades do Jacarezinho e Manguinhos.

O tiroteio, que durou cerca de duas horas, teve início por volta das 19h. Agentes da DRFA em quatro viaturas trafegavam pela avenida Dom Hélder Câmara quando foram atacados por traficantes do Jacarezinho, que haviam atravessado um ônibus na via. Duas equipes ficaram encurraladas sob intenso fogo cruzado dos marginais. Granadas também foram lançadas contra os agentes.

Devido ao tiroteio, a circulação do metrô entre as estações Triagem e Maria da Graça ficou interrompida por meia hora. O confronto se intensificou e também se estendeu para vias próximas à favela de Manguinhos, vizinha ao Jacarezinho, como a rua Leopoldo Bulhões e a avenida dos Democráticos, que também foram fechadas. Moradores das duas favelas não conseguiram voltar para casa. Comerciantes foram forçados a fechar as portas.

Redação Terra

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Lembrando...

Jornal Clarín: violência no Rio atingiu ponto infernal

20.04.2007 - A violência no Rio de Janeiro atingiu proporções "infernais", segundo reportagem do jornal Clarín nesta sexta-feira. A dedução do diário argentino resulta da comparação com a situação em Buenos Aires: enquanto na capital fluminense uma pessoa morre a cada duas horas, na capital argentina uma morte violenta ocorre a cada três dias.
A matéria do Clarín, intitulada Rio 'semeia' 1,3 mil rosas para cada assassinado este ano, é motivada pela manifestação da ONG Rio de Paz, que plantou o chamado 'Jardim da Morte' na praia de Copacabana.

"O novo protesto cívico coincide com o recrudescimento dos tiroteios e das mortes massivas. Na cidade mais turística do Brasil, as imagens da Polícia Militar que descia dos morros levando cadáveres agarrados por braços e pernas foram chocantes para os cariocas, e tiveram repercussão internacional", diz o texto.

O também argentino La Nación registrou o protesto, afirmando que "a praia mais emblemática (do Rio) serviu ontem de cenário para uma homenagem emocionada às vítimas da violência que castiga esta cidade".

A matéria lembrou a proximidade dos Jogos Pan-Americanos, que se realizarão no Rio de Janeiro no meio do ano, e as discussões envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para possibilitar o envio de mais forças de segurança à cidade.

Fonte: Terra notícias
 


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