27.01.2009 - Oitenta e cinco municípios do Rio Grande do Sul estão em situação de emergência por causa da estiagem. O número de pedidos de seguro agrícola é bem maior que na safra passada.
As maiores perdas estão no milho, no feijão e nas pastagens para o gado. Em todo o estado, mais de 10 mil produtores já solicitaram o seguro agrícola. Na região noroeste está a maior parte dos pedidos, em torno de 60%, segundo a Emater.
Em algumas lavouras, por causa da estiagem, a perda foi total. A situação preocupa agricultores como Adenauer Casali. “Lavoura nesse padrão eu só conhecia na reportagem do Nordeste. Eu não imaginava que fosse enxergar aqui uma cena como essa na lavoura de milho, principalmente”, disse.
A lavoura financiada foi plantada em setembro. Agora, já foi constatada a perda nos 225 hectares. Na colheita, o agricultor calcula que o rendimento não vá ultrapassar as 25 sacas por hectare. Por causa disso, ele foi ao banco buscar informações sobre o seguro agrícola.
Somente em uma agência bancária de Cruz Alta, o número de pedidos do seguro agrícola cresceu mais de 200% em relação à safra passada.
De acordo com o último levantamento da Emater do Rio Grande do Sul, as perdas com o milho, no estado, chegam a 16,8%.
Fonte: G1
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Lembrando...
A América vai secar: milhões de pessoas viverão num deserto até 2025
23.06.2007 - Reportagem da revista ISTOÉ, Junho 2007
Um problema leva a outro e, aos poucos, fica claro que as conseqüências do aquecimento global são piores do que imaginávamos. Vejamos o que declarou oficialmente na semana passada um dos homens que mais sofrem tentando solucionar essa fileira de problemas, Heitor Matallo, membro da Convenção das Nações Unidas para o Combate da Desertificação (UNCCD): “Há um ciclo em que um fenômeno alimenta o outro. Se o meio ambiente é degradado com desmatamento e erosão, os reservatórios de água diminuem, aumentando as áreas desertas.” Esse é um resumo do caos climático – curto e trágico. A alta temperatura que castiga a África e a China mostra-se devastadora no Brasil e na Argentina. “O caso da América do Sul é o mais alarmante. Até 2025 países como o Brasil perderão um quinto de suas terras produtivas”, diz Matallo.
A princípio, um quinto de terra pode não parecer muita coisa, mas palmo a palmo representa um rombo que muda seriamente as condições sociais e econômicas dos países envolvidos. Segundo dados oficiais da ONU, 1,5 milhão de quilômetros quadrados do território brasileiro é composto por áreas semiáridas e abriga cerca de 40 milhões de pessoas. A Argentina, com território de três milhões de quilômetros quadrados, tem 1,75 milhão deles coberto por deserto. A área semi-árida do Nordeste brasileiro, com o clima sujeito a freqüentes secas, vem aumentando com a degradação ambiental e as mudanças climáticas. O que preocupa os cientistas, agora, é o fato de saberem que é real a possibilidade de o planeta esquentar seis graus até 2050 – o que significaria o aumento de um milhão de quilômetros quadrados de área semiárida no Nordeste.
Do outro lado do planeta a situação não é menos crônica e grave. Na China, a desertificação avança a um ritmo de 1,3 mil quilômetros quadrados por ano, afetando diretamente cerca de 400 milhões de pessoas. O objetivo do governo chinês até 2050 é reflorestar todas as zonas desérticas. Segundo Zhu Lieke, subdiretor de Administração Estatal Florestal, são necessários US$ 31 bilhões para tratar as terras e torná-las novamente produtivas – o investimento atual, no entanto, é de apenas US$ 258 milhões por ano. Na África, a desertificação virou um alerta na boca do ministro argelino do Desenvolvimento, Sherif Rahmani: “Até 2025, 65 milhões de refugiados africanos baterão às portas do Ocidente.” Em tempo: dados da ONU da última semana revelam que anualmente 900 mil pessoas migram em todo o mundo por causa de secas. Em 2025 cerca de dois bilhões de pessoas viverão nos desertos.