26.01.2009 - AS DIVISÕES
Segue abaixo um belo texto do Padre Inácio falando sobre as divisões, dentro das igrejas protestantes. Ele aborda um aspecto que eu nunca tinha percebido, que mostra na realidade um falso crescimento das seitas. Sim, muitos saem da nossa Igreja Católica, para as seitas. Lá se desencantam facilmente porque todas são vazias, e passam a não frequentar mais nenhuma igreja.
Ora, ser protestante é fácil, porque o falso evangelho da prosperidade e também o falso evangelho da remissão antecipada, somente pelo fato de se ter "aceitado Jesus, Aleluia" - estou salvo - embalam as pobres almas numa doce mentira. Então se perguntado a estas pessoas a que Igreja pertencem, dizem que são evangélicos, quando de fato não frequentam nenhuma a anos.
DIVISÃO E DESVIADOS
(Padre Inácio Vale)
“Se você já passou por divisão na igreja, está bastante familiarizado com o terrível turbilhão de emoções e o inconsolável sofrimento que acompanha essa descida ao inferno. Se você não tem familiaridade com a experiência, um grande choque o aguarda: grupos de cristãos outrora bondosos e unidos se separarão em facções para se oporem uns aos outros. De repente manifestarão calúnia, ira, engano, medo, amargura, ódio, maledicência, falta de perdão, contenda, orgulho e rebelião”.
Francis Frangipane
Pastor protestante americano
Há mais de 20 anos que estudo o protestantismo, seitas e heresias, confesso que fiquei chocado ao ler na revista protestante Eclésia, nº 129, p. 4, a seguinte matéria: “O Brasil é um país de desviados. Mais de 50 milhões de pessoas que já passaram pela Igreja Evangélica – tendo ou não nascido em “berço” cristão – atualmente perambulam pelo mundo. É um exército de afastados, um rebanho inteiro de decepcionados, frustrados, “sem-religião”, “sem-igreja”. Muitos, um dia, com cargos e chamados ministeriais. O que assusta nas estatística é que entre os que engrossam o coro dos desviados estão filhos de pastores. As matérias “Cem horas que não explicam tanta agonia” e “Herdeiros do Púlpito” mostram uma triste realidade. Famílias e igrejas perdendo seus jovens para o mundo”. Segundo o censo do IBGE do ano 2000, o Brasil têm 15,45% de evangélicos, isso corresponde a 26,1 milhões de crentes. Atualmente, de acordo com o Instituto Datafolha, os evangélicos já chegam a 22% da população, ou seja, cerca de 40 milhões de pessoas.
Segundo estudos de cientistas políticos e da religião, o protestantismo sofrerá redução vertiginosamente como aconteceu na Europa. No Brasil, a prova é o número de desviados, cismas, seitas e heresias.
É óbvio, que, tudo isso deixa um estrago terrível para a Igreja Católica e o cristianismo.
O maior escândalo do protestantismo é a divisão e o outro é a multidão dos desviados.
Daí o crescimento do sem-igreja, sem-religião e sem-Deus.
Essa gente passa a criticar injustamente os verdadeiros cristãos, uns conscientes, outros tomados pelo ódio, vingança e corações despedaçados.
O pastor Sinfrônio Jardim Neto, do Ministério Jesus Não Desistiu de Você, descobriu que uma igreja que tenha atualmente 200 membros, viu passar por seus bancos nos últimos dez anos outras 400 pessoas, agora fora de qualquer denominação.
“As igrejas estão contaminadas com a idéia do sucesso numérico e financeiro. Não importa quem esteja nos bancos e, sim, que fiquem cheias”, afirma a pastora Daria Tiyoko, esposa do pastor Sinfrônio e também líder do ministério (1).
FALSO CRESCIMENTO
“A divisão é um sistema de vida maligna, um falso crescimento autorizado pela ira, pelo orgulho e pela ambição, em vez da mansidão e paciência de Cristo. É uma guerra na qual o diabo é o único que realmente vence”, diz o pastor Francis Frangipane (2).
Dentro do contexto do crescimento protestante, tem que levar em conta: o inchamento, a falta de qualidade moral e dogmática, o interesse financeiro de certos líderes, os membros, ou ‘clientes’, em busca tão somente de soluções para seus problemas materiais, a onda gospel como entretenimento liberal e barato e a falta de compromisso social.
Dividir para crescer em rebelião é uma atitude diabólica. Tal prática torna-se inimiga do Evangelho de Cristo.
Fica muito difícil delinear o crescimento do atual protestantismo, na sua dimensão tradicional, pentecostal, neopentecostal, renovado, liberal e fundamentalista.
“A igreja evangélica brasileira é caracterizada mais pelas divergências do que pela união”, escreve Mark Carpenter, diretor-presidente da editora protestante Mundo Cristão (3).
“Séculos de influência européia e norte-americana fez da igreja evangélica brasileira uma espécie de saco de gatos teológico e eclesiológico” (4).
No contexto político o vexame é terrível, vejamos o que diz Carpenter: “No Brasil os evangélicos são percebidos por muitos internautas como reacionários, inflexíveis, ultrapassados e intransigentes. Infelizmente esta noção é reforçada diariamente por televangelistas e políticos evangélicos, e pelas ações de líderes e denominações oportunistas”.
O vereador protestante por São Paulo, Carlos Alberto Bezerra Jr. Disse: “O exemplo que as bancadas evangélicas deram nas câmaras brasileiras não nos enche de orgulho. Pelo contrário, em vez de bancadas, atuaram como cambadas. O que está sendo questionado é esse modelo de espiritualidade ufanista, prepotente, falso moralista e antiético de parte do movimento evangélico” (5).
Os evangélicos, principalmente os pentecostais, não só no Brasil, mas em boa parte do planeta, tem pouca dogmática cristã, e muito ensino de auto-ajuda, sincretismo, misticismo e teologia da prosperidade.
O neo-protestantismo, ou protestantismo da pós-modernidade está vivendo o inatismo, pelagianismo e o pragmatismo. Vive-se uma “fé líquida” nos movimentos protestantes.
A crise é catastrófica e requer humildade para voltar às fontes, que não é nada fácil.
“O pentecostalismo vem perdendo prestígio pela imagem que se passa através dos escândalos, das promessas não cumpridas e por não produzir transformações sociais. Em função do institucionalismo cujas pressões levam a se fazer qualquer coisa antes do Reino de Deus e da pressão do mercado religioso, com suas demandas e desejos, o que se detecta é que a igreja evangélica perdeu o ensino e a ação ética. Portanto, a igreja evangélica brasileira tem um grande desafio ético pela frente, porque sem ensino não há transformação”, afirma o sociólogo protestante Paul Freston (6).
LUTERO
O famoso concílio protestante que aconteceu em 1 de Outubro de 1529, na cidade de Marburg, na Alemanha. Organizado pelo príncipe Philip de Hesse, que queria formar uma frente política unida entre os protestantes contra as forças católicas unidas no restante da Europa, o concílio contou com a presença da maioria dos reformadores alemães e suíços: Martinho Lutero e Philip Melanchthon, do lado luterano, e Ulrich Zwínglio, Martin Bucer e Johanes Oecolampadius, do lado reformado suíço.
No final do concílio, houve uma acirrada discordância sobre a Ceia do Senhor (Eucaristia), Lutero se recusou a dar a destra de comunhão a Zwínglio e disse a Martin Bucer: “é evidente que não temos o mesmo espírito”. A partir daí, adeus união política, teológica e eclesiológica dos protestantes.
Esse foi o maldito exemplo dos reformadores para gerações posteriores em: divisões e desviados.
O princípio subjetivo do “livre exame das Escrituras”, ou seja, cada um interpreta a Bíblia á seu modo, ensinado por Lutero, produziu um esfacelamento sem precedentes na história do cristianismo pela multiplicação de nova “igrejas”.
Dá para entender o remorso, o drama de Lutero no final de sua vida por ser o mentor desta divisão pela frase: “Há tantos credos quantas cabeças há”.
Lutero não foi humilde para amar e viver a unidade da Santa Igreja de Deus.
Lutero sofria de muitas incompatibilidades... Lutero não aprendeu com Cristo e com santo Agostinho sobre a unidade e o tempo que cura todos os males.
Medite profundamente nesse pensamento: “Todos os grandes problemas na Igreja foram criados pelos que, mesmo sendo membros dela, não a amaram suficientemente e preferiram a si mesmos, projetaram a si mesmos aproveitando-se da Igreja”, assim escreve o preclaro Frei Francisco Battistini, em seu excelente livro ‘Por que amo a Igreja’.
CONCLUSÃO
O protestantismo sofre pelas divisões e pela agonia dos desviados devido à desfiguração de seus múltiplos movimentos e alguns obscuros.
Em seu âmago surgem seitas cada vez mais traidoras dos ensinos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fica difícil de evangelizar o mundo, por causa da confusão e fanatismo das seitas. O povo está temeroso do interesse financeiro desses movimentos sectários. É de causar assombro em qualquer banqueiro à máquina capitalista dessas novas seitas.
Cada vez mais novas denominações ficam distante da Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição e longe da unidade católica.
O ensino de Cristo: “A fim de que todos sejam um. Para que seja perfeito em unidade”, é pisoteado pelo denominacionalismo.
Para um coração sincero, com a graça de Cristo, com estudos, oração e humildade, deve-se retornar com amor a verdadeira Igreja de Deus que é UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA.
Para o bom Deus nada é impossível.
Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
e-mail: [email protected]
NOTAS E BIBLIOGRAFIA:
(1) Eclésia, nº 129, p.40.
(2) Impacto, nº 51, p.5.
(3) Ultimato, nº 315, p.51.
(4) Revista Teológica, nº 0, setembro de 2005, p.3.
(5) Eclésia, nº 129, pp.17.18.
(6) Jornal Batista Luz nas Trevas, novembro de 2008, p.10.
BATTISTINI, F. Porque Amo a Igreja, São Paulo: Ave-Maria, 2007.
GARCIA-Villoslaba, Ricardo. Lutero, Madri: Biblioteca de Autores Cristianos, 1976.
AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. Falsas Doutrinas – Seitas e Religiões, Lorena: Cleofas, 2006.
Qual o Sentido da Vida?
Será o dinheiro, a fama, o poder, a filosofia, o relativismo, a religião, a ciência e a tecnologia?
Num passado recente, dizia-se que o avanço da ciência e o progresso tecnológico dariam solução em quase tudo.
Vivemos uma realidade dura demais. Agressões que chocam a nossa sensibilidade, crueldade que choca o nosso senso de humanidade, violência que faz anestesiar a mais competente das autoridades.
Somos assolados pela depressão, pelo flagelo das drogas, pelo tráfico de armas, pelo terrorismo, pela tragédia das guerras, da fome e da AIDS, pelos conflitos entre nações, pelo massacre de etnias e pela perdição da supremacia racial.
Vivemos a crise financeira mundial, energética, e tica e religiosa. Vivemos o medo de uma guerra nuclear, química e biológica, como também o medo pelo aumento assustador das doenças mentais.
Diante de tantas desgraças e maldades, podemos encontrar o sentido da vida?
Esta pergunta é feita constantemente por muita gente.
No seu livro, Em Busca de Sentido: um psicólogo no campo de concentração, e criador da Logoterapia-terapia do sentido da vida, Viktor E. Frankl escreveu que alguns de seus companheiros que sobreviveram ao Holocausto se depararam com este tipo de pergunta depois que foram libertados dos campos de concentração. Quando voltaram para casa, alguns descobriram que seus parentes e amigos haviam morrido.
Frankl afirmou: “Não há nada no mundo, arrisco-me a dizer, que surtiria tanto efeito em ajudar alguém a superar mesmo as piores situações quanto saber que sua vida tem sentido”. Disse mais de maneira magistral: “Podemos transformar a tragédia pessoal em triunfo”.
Muita gente questiona o sentido da vida e uma das maiores dificuldades para entender porque estamos aqui é o sofrimento. Com sua larga experiência de sofrimento do horror nazista no campo de concentração disse Frankl: “Se é que a vida tem sentido também o sofrimento necessariamente o terá. Afinal de contas o sofrimento faz parte da vida, de alguma forma, do mesmo modo que o destino e a morte”.
A razão humana busca resposta profunda para o mistério do sofrimento e da morte. Os sábios sempre procuraram responder sobre o sofrimento dos justos e a passagem curta do homem bom sobre a terra.
Segundo a Sagrada Teologia, a causa do sofrimento e da morte foi à decisão errada tomada pelo primeiro casal no Jardim do Éden.
“Ninguém, ao ser tentado deve dizer: “É Deus que me está tentando”, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Antes, cada qual é tentado pela própria concupiscência, que o arrasta e seduz. Em seguida a concupiscência, tendo concebido, dá a luz, o pecado, e o pecado, atingindo a maturidade, gera a morte” (Tg 1,13-15).
Pelo pecado o ser humano tem realizado todo tipo de crueldade, tentando assim, minar o sentido da vida. Graças a Deus, pelo dom da santíssima fé que nos dá sentido a vida e a morte.
“Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vem do alto e desce do Pai das luzes” (Tg 1,16).
Se o coração do ser humano fosse recipiente para toda dádiva perfeita de Deus, nós não teríamos infelicidades que nos assolam.
SOMENTE O AMOR
Costuma-se comparar a vida a uma jornada. Levar a vida sem saber seu real objetivo é como começar uma vigem sem ter um destino em mente. Se agir assim, você corre o risco de cair na armadilha que o ilustre escritor Stephen R. Covey descreve como a correria da vida”. Ele escreveu sobre pessoas que “conquistam vitórias que se mostram vazias, sucessos que chegam com o sacrifício e coisas que repentinamente percebem serem muito mais valiosas para elas”.
Frieder Burda, mecenas das artes e sócio de um grande conglomerado da mídia alemã, concluiu resignado: “Comprei um grande iate para viajar pelos mares. Que aborrecimento! Nesse iate não vivi nem um dia feliz. Só gastei dinheiro, sem sentido, sem rumo; isto não traz conteúdo à vida. É a mais pura monotonia”.
A poetisa Käthe Walter escreveu contrastando as palavras de Burda: “Só isto traz sentido à vida na terra: tornar-se algo para a glória de Deus e iluminar o caminho dos outros com a luz vinda de fontes eternas”.
O nosso único objetivo para dar sentido à vida é somente o amor a Deus e ao próximo.
O amor é o poder que nos faz suportar todo tipo de adversidades. É a luz que nos faz enxergar novos horizontes. Amor faz muito bem a vida, é a energia para as grandes realizações e o gozo abissal para o coração.
Com certeza, é a fonte do nosso viver, da nossa sensibilidade e do nosso vernusto.
CONCLUSÃO
Infelizmente, as pessoas são enganadas pela ilusão do dinheiro, do poder, da fama e do prazer efêmero. Quantas pessoas não se perdem pelas fantasias mundanas? E outras tantas cavam a sua própria sepultura por meio do seu egoísmo, ganância, arrivismo e salazes delitos.
As forças do mal cegam as pessoas, para caírem no abismo. Elas dão lugar para tal, devido a seus erros em escolher mal o caminho. Tornando-se vitimas das próprias armadilhas e do inimigo se perguntam: Qual o sentido da vida? E a resposta é: viver radicalmente para o bom Deus e para o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo em solidariedade ao próximo.
Só podemos viver bem, na riqueza de nossa vida, na dimensão do amor. É o amor que dá real sentido a vida.
Tudo na vida só terá construção sólida permanente e duradoura se o fundamento da obra for o amor.
O nosso mais profundo ser clama por amor para que a nossa vida possa viver com sentido aqui e na eternamente.
Pe. Inácio Jose do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail: [email protected]
Fonte: www.recados.aarao.nom.br