25.01.2009 - A reabilitação concedida pelo Papa Bento 16 a quatro bispos tradicionalistas pode curar uma ferida na igreja católica ao custo de abrir outra com os judeus, já que um dos prelados nega o Holocausto.
Os quatro bispos readmitidos na Igreja neste final de semana lideram a ultra-direitista Sociedade de São Pio X (SSPX), que possui cerca de 600 mil filiados e rejeita modernizações do culto e da doutrina católicas.
Um deles, o britânico Richard Williamson, fez declarações negando a amplitude total do Holocausto nazista de judeus europeus, como aceito pelos historiadores.
Em comentários feitos na quarta-feira a uma rede de TV suíça, Williamson disse: "Acredito que não existiram câmaras de gás" e que somente cerca de 300 mil judeus pereceram nos campos de concentração nazistas, ao invés de 6 milhões.
Se por um lado a anulação das excomunhões que os afastaram da Igreja Católica deixou muitas questões internas em aberto, não há dúvida de que provocou o que alguns classificam como o maior abalo nas relações entre católicos e judeus em meio século.
Sediado em Israel, o rabino David Rosen, chefe de assuntos interreligiosos para o Comitê Judeu Americano e figura de destaque em décadas de diálogo com o Vaticano, disse:
"O falecido papa João Paulo 2o chamou o antissemitismo de pecado contra Deus e o homem. A negação da farta documentação da Shoah (Holocausto) é o mais descarado antissemitismo."
Fontes diplomáticas disseram que a disputa pode colocar em dúvida a viagem do Papa à Terra Santa, planejada para maio.
Um porta-voz do Vaticano disse que se por um lado os comentários de Williamson estão "sujeitos a críticas", por outro são "totalmente desligados" da anulação das excomunhões.
Mas líderes judeus não aceitaram a explicação. Eles questionaram por que o Vaticano não emitiu uma declaração explícita condenando Williamson, e um deles disse em particular que o decreto representa "um prego no caixão de 50 anos de diálogo".
As relações entre católicos e judeus já eram tensas por causa do papa Pio 12, acusado pelos judeus de fazer vista grossa ao Holocausto. Os judeus solicitaram ao Vaticano, que nega as acusações, a congelar os procedimentos que podem levar à sua santificação, ainda pendente de mais estudos de registros dos tempos da guerra.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Judeus pedem que Papa Pio XII não seja beatificado
10.05.2007 - Um grupo dos EUA que combate o anti-semitismo pediu na quinta-feira ao papa Bento XVI que suspenda o processo de beatificação de seu antecessor Pio 1XII, acusado por críticos de ter feito vista grossa à morte de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
A Liga Anti-Difamação disse que o processo deve ser suspenso até que os arquivos secretos do Vaticano sobre a Segunda Guerra Mundial sejam abertos e plenamente examinados "para que todo o histórico das ações do papa durante o Holocausto possa finalmente ser conhecido."
A Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano votou a favor de um decreto reconhecendo as "virtudes heróicas" de Pio XII, o que era um dos principais obstáculos no longo processo de beatificação iniciado em 1967.
"Pedimos ao papa Bento XVI que suspenda o processo de santificação do papa Pio XII pelo bem da verdade histórica e do aprofundamento da amizade entre a Igreja Católica e o povo judeu", disse Abraham Foxman, diretor nacional da liga e sobrevivente do Holocausto.
"Embora compreendamos que o processo de santificação seja um assunto interno da Igreja, o que Pio XII fez ou não para ajudar a salvar os judeus durante o Holocausto é uma questão profunda que deve ser resolvida antes, pelo bem das relações judaico-católicas", disse ele em nota.
Segundo o site do Vaticano, cabe ao papa decidir a "liberação" do acesso aos documentos com base em um pontificado inteiro. Até agora, foram liberados os documentos até o pontificado de Pio XI, que terminou em 1939. Quando os documentos são liberados, só acadêmicos têm acesso a eles.
Se o papa alemão aprovar o decreto da Congregação, como é esperado, Pio XII receberá oficialmente o título de "venerável". Começaria então a busca por milagres que possam levar à sua beatificação.
Grupos judaicos acusam Pio XII de ter sido indiferente ao Holocausto, e as relações diplomáticas entre o Vaticano e Israel foram testadas no ano passado devido a uma legenda referente a isso sob uma foto do pontífice num memorial oficial para as vítimas do nazismo.
Antes de ser eleito papa, em 1939, Pio XII - ou cardeal Eugenio Pacelli - foi núncio apostólico na Alemanha (1917-29) e secretário de Estado do Vaticano (1930-39). Morreu em 1958.
O Vaticano afirma que Pio XII não se manifestou contra o Holocausto de forma mais incisiva porque temia piorar o destino dos católicos e judeus, mas que trabalhou nos bastidores para salvar judeus.
Grupos judaicos há anos pressionam o Vaticano para suspender ou arquivar o processo de Pio XII.
O papa Bento XVI está no Brasil para uma visita de cinco dias destinada a reforçar a mensagem católica sobre os valores familiares tradicionais e para tentar conter o avanço das seitas evangélicas no país.
Fonte: Terra noticias
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Lembrando....
Novo livro relata como o Papa Pio XII salvou a vida a milhares de judeus
03.10.2008 - ROMA .- O livro Pio XII. A verdade te fará livre da religiosa italo-americana e perita em literatura Margherita Marchione chegou às livrarias italianas com ocasião do 50 aniversário da morte do Papa Eugenio Pacelli, que se celebrará em 9 de outubro.
Através de testemunhos diretos, documentos e fotografias, a obra reabilita a figura de Pio XII e demonstra seu compromisso ativo a favor do povo judeu durante a Segunda guerra mundial.
Em declarações, Marchione ressaltou a necessidade de “dizer a verdade” aproxima o trabalho que levou a cabo a Igreja católica sob o papado de Pio XII para defender e salvar aos judeus da perseguição nazista.
“Só em Roma foram salvos 5.000 hebreus” que viveram escondidos em monastérios, Igrejas e inclusive dentro do Vaticano, explicou Marchione, que pertence à Congregação das Mestras Filipinas, em cujos conventos de Roma se esconderam 114 judeus.
Através deste livro, Marchione se propõe eliminar as sombras que revistam rodear a figura de Pio XII, que foi criticado por ter guardado silêncio ante os abusos e atrocidades perpetradas pelo Nazismo.
A obra demonstra que esta suspeita não se apóia em nenhum “método de investigação histórica objetiva e bem documentada” e é mas bem “filha do preconceito e de uma análise precipitada e superficial”, conforme assinalou em um comunicado a editorial do Vaticano, que se encarregou que publicar o livro.
“Em realidade, Pio XII salvou a vida a milhares e milhares de hebreus e perseguidos. Muitos edifícios eclesiásticos, incluída sua residência de Castel Gandolfo, foram transformados em lugares de acolhida e de refúgio. Tudo se desenvolveu não só graças a seu consenso mas também, sobre tudo, segundo as ordens” de Pio XII, detalha a nota.
O Vaticano sempre defendeu a posição mantida pelo Papa, quem preferiu “manter a máxima reserva e trabalhar em silencio para evitar assim sangrentas represálias e o recrudescimento” da violência.
De fato, a posição de neutralidade mantida pelo Papa Pacelli foi só “aparente”, já que seusdiscursos com respeito ao nazismo foram “claros, nunca ambíguos” tal e como demonstram “a encíclica ‘Summi Pontificatus’ que publicou em 1939 ou a mensagem radiofónica que pronunciou com ocasião do Natal de 1942”, acrescenta o comunicado.
O livro de Marchione conta com uma apresentação do Cardeal Secretário de estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, em que o número dois do Vaticano considera de “fundamental importância” lembrar o trabalho desempenhado por Pio XII para salvar aos judeus.
Fonte: ACI
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Lembrando...
Secretário do Vaticano diz: o Papa Pio XII foi vítima de uma lenda negra que o acusa falsamente
05.06.2007 - O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, declarou nesta terça-feira que o papa Pio XII foi "vítima de uma lenda negra" que o acusa "falsamente" de ter sido insensível ao holocausto judeu durante o nazismo.
O cardeal italiano interveio durante um lançamento, em Roma, de um livro sobre Pio XII, cujo processo de beatificação acaba de avançar no Vaticano, apesar da polêmica sobre seu suposto "silêncio" diante do extermínio dos judeus.
"O Papa que guiou a Igreja nos anos terríveis da Segunda Guerra Mundial e depois, durante a guerra fria, é vítima de uma 'lenda negra'", declarou Bertone.
Esta "lenda negra... descreve falsamente Pacelli (nome civil de Pio XII) como indulgente com o nazismo e insensível à sorte das vítimas das perseguições" e "quer reduzir todo o seu pontificado à questão de supostos 'silêncios'", lamentou.
Pio XII, que foi Papa entre 1939 e 1958, agiu discretamente e viveu "um grande e grave drama interior" sobre a melhor atitude a tomar para não agravar o sofrimento das vítimas das perseguições, disse Bertone.
A congregação da causa dos santos aprovou, em 8 de maio, uma declaração sobre as "virtudes" de Pio XII, etapa decisiva para a beatificação deste polêmico papa.
Na seqüência, o Papa atual, Bento XVI, é quem deve se pronunciar sobre o processo, ao qual falta o reconhecimento de um milagre atribuído ao falecido para se concretizar.
Esta não é a primeira vez que o cardeal Bertone se pronuncia a favor de Pio XII. Em 24 de janeiro, ele estimou que ele deve ser considerado "um justo", título atribuído pelo instituto israelense Yad Vashem aos que salvaram os judeus do extermínio nazista.
Vários historiadores consideram que Pio XII esteve entre os primeiros informados sobre a implantação da "solução final" e que sua intervenção não esteve à altura da ameaça.
Fonte: UOL notícias