A Igreja diz não ao uso de crianças-soldado no conflito no sul das Filipinas.


24.01.2009 - O bispo da prelazia de Isabela, no sul de Basilan, Dom Martin S. Jumoad, afirma que é comum ver adolescentes de 12 anos carregando armas para se defender de grupos paramilitares em Mindanao e nas ilhas vizinhas, como Jolo, Basilan e Sulu.

"A escalada do conflito em Mindanao fez com que as crianças das escolas fundamentais, de seis anos acima, se armassem. É um grande perigo para toda a sociedade" – afirmou Dom Jumoad, em uma mensagem dirigida aos pais. Ele ressaltou que o fenômeno é comum entre jovens cristãos e muçulmanos.

Dom Jumoad pede aos pais que preservem o crescimento de seus filhos, educando-os à reconciliação e à paz. "Devemos fazer com que os jovens entendam o imenso dom e o valor de toda vida humana, que ninguém tem o poder de tirar a não ser Deus. Não podemos ensinar a eles a matar o outro. Seria catastrófico. Crianças e adolescentes com armas nas mãos é um perigo que deve ser eliminado" – escreve.

O conflito no sul das Filipinas foi retomado de maneira ainda mais cruel em agosto de 2008. Confrontos entre as tropas do exército regular e guerrilheiros se intensificaram, causando sofrimento e deslocados. As hostilidades se ramificaram também na sociedade civil, com o reaparecimento de grupos paramilitares.

Fonte: Rádio Vaticano

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Lembrando...

Crianças ainda vão à guerra em pelo menos 13 países do mundo

05.02.2007 - Crianças ainda estão sendo recrutadas para atuar como soldados-mirins em pelo menos 13 países do mundo, do Afeganistão a Uganda, dez anos depois de um acordo internacional para eliminar a prática, disse na segunda-feira a instituição Save the Children.

A entidade disse que centenas de milhares de soldados-mirins estão sendo obrigados a lutar no mundo todo, apesar das diretrizes estabelecidas pelos Princípios da Cidade do Cabo, em 1997, que determinaram a idade mínima de 18 anos para o recrutamento.

"A situação ainda é terrível. Centenas de milhares de crianças ainda vivem na miséria devido à associação a grupos e forças armadas", disse a Save the Children num comunicado. "Os soldados-mirins são sujeitos a uma intimidação brutal, muitas vezes forçados a cometer atrocidades como 'treinamento' militar, e depois são usados na linha de frente", afirmou a instituição.

Muitas das crianças que são obrigadas a lutar estão na África, sob o controle de grupos rebeldes como o Exército da Resistência do Senhor (LRA), em Uganda - notório pela captura de milhares de crianças - ou de milícias como as que estão espalhando o terror no leste do Congo.

As crianças são muitas vezes raptadas de suas casas e começam a carreira com trabalhos forçados, realizando saques. Depois, são obrigadas a matar. "Se você não matar, eles matam você. Foi o primeiro assassinato que vi. Aquilo me fez ficar quieto e obedecer às ordens", disse um ex-soldado-mirim, Abubakar, que foi obrigado por rebeldes a lutar na guerra civil de Serra Leoa (1991-2002).

Abubakar contou à Reuters que matou pela primeira vez aos 13 anos de idade, com um fuzil AK-47. Ele não quis ter seu sobrenome publicado.

A Save the Children disse que crianças estão sendo recrutadas para lutar no Afeganistão, no Burundi, no Chade, na Colômbia, na República Democrática do Congo, na Costa do Marfim, em Mianmar, no Nepal, nas Filipinas, no Sri Lanka, na Somália, no Sudão e em Uganda.

O Unicef, agência da ONU para a infância, disse em 2003 que cerca de 8.000 soldados-mirins do Afeganistão haviam sido informalmente desmobilizados, mas não totalmente reintegrados à sociedade.

Os Princípios da Cidade do Cabo foram estabelecidos em um simpósio na África do Sul organizado pelo Unicef. Representantes de quase 60 países reuniram-se na França na segunda-feira para atualizar esses princípios nos chamados Compromissos de Paris, que visa a aumentar o empenho para impedir o uso de crianças em guerra e para reintegrar os soldados-mirins.

No sul do Sudão, forças do governo estão recrutando crianças de 8 anos, e há mais de 8.000 soldados-mirins em grupos rebeldes na África Ocidental.

Embora muitas das guerras africanas conhecidas pelo uso de soldados-mirins tenham acabado - como as de Serra Leoa e da Libéria - as crianças libertadas são muitas vezes rejeitadas pela sociedade. "Quero voltar à vida civil porque estou ficando velho. Mas estou acostumado com esta vida de soldado. Não há mais nada para fazer", disse Abubakar, já perto dos 30 anos. "Dizem que uma vez soldado, sempre soldado."

Fonte: Terra notícias
 


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