23.01.2009 - Notícia de 22.01.2009
O Papa Bento XVI decidiu anular a excomunhão decretada em 1988 por João Paulo II contra os bispos ultraconservadores do movimento católico fundado pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre, informa o jornal italiano Il Giornale.
O decreto já teria sido assinado pelo Sumo Pontífice, de acordo com o jornal. O texto suprime a excomunhão para os quatro bispos ordenados pelo monsenhor Lefebvre, entre eles seu sucessor Bernard Fellay.
A decisão pontifícia deve ser divulgada no fim de semana, afirma Andrea Tornielli, vaticanista do jornal e geralmente bem informado sobre os assuntos internos do Vaticano.
Anular a excomunhão constitui um passo importante para a reconciliação com o movimento tradicionalista e dogmático, que tem 460 padres espalhados por quase 50 países e tem sua maior comunidade na América Latina, em particular na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e República Dominicana.
Desde o início de seu pontificado em 2005, Bento XVI fez vários gestos de abertura em direção ao movimento católico fundado pelo arcebispo francês, entre eles a introdução em julho de 2007 da missa em latim, uma exigência dos 'lefebvristas'.
Em junho do ano passado, o Vaticano abriu mão de exigir dos adeptos de Lefebvre, reunidos na Fraternidade de São Pio X, fundada em 1969 em Econe (Suíça) pelo monsenhor Lefebvre, o reconhecimento das disposições do Concílio Vaticano II, celebrado entre 1962 e 1965 e que modernizou a Igreja.
A ordenação de quatro bispos por parte do próprio Lefebvre (falecido em 25 de março de 1991), desobedecendo e questionando a autoridade do Papa, está entre as razões que o levaram a criar outra Igreja, com o cisma (separação) da Igreja oficial em 1988, o primeiro desde 1870.
Fonte: Último Segundo
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Lembrando...
Tradicionalistas adeptos do monsenhor Lefebrvre satisfeitos pela volta da Missa em latim
07.07.2007 - Os católicos tradicionalistas adeptos do monsenhor Lefebvre saudaram neste sábado "o restabelecimento em seus direitos" da missa em latim, mas afirmam que "ainda existem dificuldades" com o Vaticano, em um comunicado de seu superior, monsenhor Bernard Fellay.
"O papa Bento XVI restabeleceu em seus direitos a missa tridentina, ao afirmar com clareza que o missal romano promulgado por São Pio V nunca foi abolido. A Fraternidade Sacerdotal São Pio X comemora ao ver como a Igreja se reencontra com sua tradição litúrgica", considerou o comunicado divulgado na internet no site desta comunidade cismática criada pelo bispo francês Marcel Lefebvre.
"Por este grande benefício espiritual, a grande Fraternidade São Pio X expressa ao Sumo Pontífice sua viva gratidão", acrescenta o comunicado.
"A carta que acompanha o 'Motu Proprio' não esconde, no entanto, as dificuldades que ainda existem", afirmou o monsenhor Fellay.
"A Fraternidade São Pio X deseja que o clima favorável instaurado pelas novas disposições da Santa Sá torne possível - após a retirada do decreto de excomunhão que ainda afeta muitos de seus bispos - abordar com maior serenidade os pontos doutrinais em litígio", concluiu.
O papa Bento XVI decidiu autorizar a celebração da missa em latim, abandonada pela Igreja depois do Concílio Vaticano II, aos sacerdotes e aos fiéis que assim solicitarem, em um decreto divulgado neste sábado pela Santa Sé.
Os sacerdotes das paróquias deverão acolher "de bom grado" as solicitações dos fiéis, indica o decreto ('motu proprio'), que satisfaz assim uma antiga reivindicação das correntes tradicionalistas da Igreja Católica.
Em caso de rejeição por parte de um sacerdote da solicitação dos fiéis, "pede-se vivamente ao bispo que satisfaça seu desejo".
A antiga missa chamada "de São Pio V", em sua versão mais recente (1962, sob o papado de João XXIII) poderá assim ser celebrada como alternativa à pronunciada em linguagem "vulgar", pois esta continua sendo a forma "ordinária", segundo o estipulado em 1970 pelo Concílio Vaticano II.
O decreto papal também reconhece a possibilidade desta celebração em latim para circunstâncias particulares, como casamentos, funerais ou peregrinações.
Fonte: UOL notícias