Israel critica Vaticano por menção a campo de concentração


08.01.2009 - Israel condenou nesta quinta-feira um assessor sênior do papa Bento XVI por ter comparado a Faixa de Gaza a um campo de concentração. O país se mostrou chocado pelo fato de um homem religioso usar "o vocabulário da propaganda política do Hamas".

"Ficamos chocados ao ouvir de um dignitário espiritual palavras tão distantes da verdade e da dignidade", disse à Reuters pelo telefone, falando desde Israel, o porta-voz do Ministério do Exterior israelense Yigal Palmor.

Na quarta-feira, o cardeal Renato Martino, presidente do Conselho de Justiça e Paz do Vaticano, proferiu a crítica mais contundente de Israel feita pelo Vaticano desde o início da crise mais recente no Oriente Médio, qualificando a Faixa de Gaza como "um grande campo de concentração".

Para Palmor, "vindo de um membro do Colégio de Cardeais, o vocabulário da propaganda política do Hamas é um fenômeno chocante e decepcionante."

Fonte: Terra notícias

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Lembrando...

 

Vaticano e Israel em crise quanto a Papa Pio XII

13.04.2007 - O embaixador do Vaticano a Israel, arcebispo Antonio Franco, diz que não participará da cerimônia anual em honra às vítimas do Holocausto no memorial Yad Vashem, em Jerusalém, domingo à noite, caso o museu mantenha a legenda de uma foto que alega que o Papa Pio 12 fechou os olhos ao extermínio dos judeus pelos nazistas.

A disputa surgiu no momento em que o Vaticano leva adiante seus já antigos planos para beatificar o pontífice.

"Mesmo quando informações sobre o assassínio dos judeus chegaram ao Vaticano, o Papa optou por não protestar, por escrito ou verbalmente", diz a legenda da foto no memorial. "Em dezembro de 1942, ele se absteve de assinar uma declaração na qual os aliados condenavam o extermínio dos judeus. Quando os judeus de Roma foram deportados para Auschwitz, o Papa não interferiu".

"O Papa manteve sua posição de neutralidade durante toda a guerra, com exceção de apelos aos líderes da Hungria e Eslováquia, perto do final do conflito. Seu silêncio e a falta de orientação pelo Vaticano forçaram os líderes da Igreja em toda a Europa a decidir por conta própria como agir", afirma a legenda.

O arcebispo Franco escreveu ao museu dizendo que ele não se sentiria confortável em participar da cerimônia em honra às vítimas do Holocausto a menos que o texto fosse alterado ou removido. Em sua carta, ele alegou considerar a legenda sobre Pio 12 como ofensiva aos católicos.

"Respeito a memória dos mártires do Holocausto, mas também respeito a memória do Papa", disse ele. "O direito de um não deveria violar o direito de outro".

A legenda contestada foi incluída no acervo do museu inaugurado no memorial de Yad Vashem em 2005. Franco afirma que Israel rejeitou repetidos pedidos do Vaticano para que ela seja removida.

"Não pretendo ir a Yad Vashem se as coisas continuarem como estão", ele confirmou, na quinta-feira.

A instituição israelense expressou "choque e decepção" diante da decisão de Franco. "É inconcebível usar pressão diplomática quanto a questões de pesquisa histórica", afirmou em comunicado o museu de Yad Vashem.

A cerimônia oficial conta tradicionalmente com a presença de todos os embaixadores estrangeiros em Israel ou seus representantes oficiais, bem como de autoridades israelenses a começar do primeiro-ministro, além de sobreviventes do Holocausto.

O memorial de Yad Vashem disse que era a primeira vez que um emissário estrangeiro boicotaria deliberadamente a cerimônia.

Yariv Ovadia, porta-voz do Ministério do Exterior, disse à agências de notícias Reuters que o Holocausto "foi um dos mais traumáticos acontecimentos na história do povo judeu... e cabe a eles (o Vaticano) decidir se querem ou não honrar a memória das vítimas".

O papel do papa Pio 12, que foi pontífice de 1939 até sua morte em 1958, há muito vem suscitando controvérsias, e o Vaticano se esforça por defendê-lo quanto ao seu silêncio diante do homicídio em massa de seis milhões de judeus.

Críticos o retratam como anti-semita e pró-alemão, e dizem que sua visão foi formada nos anos em que passou trabalhando na Alemanha antes de sua eleição como Papa, em 1939.

O Vaticano sempre insistiu em que Pio 12 trabalhou diplomaticamente para salvar judeus. O Vaticano nega acesso aos seus arquivos.

O memorial de Yad Vashem, que contém o maior arquivo mundial de dados sobre o Holocausto, insiste em que sua pesquisa é acurada.

A porta-voz Iris Rosenberg afirmou que o museu estava "disposto a continuar a examinando a questão", mas "continuaria a apresentar a verdade histórica sobre Pio 12 tal qual é conhecida pelos estudiosos atuais".

O museu disse que receberia com agrado a oportunidade de reexaminar a conduta de Pio 12 durante o Holocausto caso o Vaticano abra seus arquivos sobre o período da Segunda Guerra Mundial à equipe de pesquisa do museu, e novos materiais sejam localizados.

A despeito de freqüentes pedidos de pesquisadores quanto ao Holocausto, o Vaticano vem negando acesso a porções consideráveis de seus arquivos, entre as quais os documentos referentes ao período da guerra.

A disputa diplomática aberta surge no momento em que o Vaticano está levando adiante seus planos de beatificação de Pio 12. Funcionários da Igreja informaram na quinta-feira que um imenso dossiê sobre as virtudes do Papa ¿com seis volumes e três mil páginas- foi entregue a um comitê de bispos e cardeais no começo do mês.

Caso os líderes religiosos aprovem o dossiê, transmitirão sua recomendação ao Papa Bento 16, que poderia então assinar um decreto sobre as virtudes de Pio 12, o primeiro passo importante para uma possível beatificação. O Vaticano teria em seguida de confirmar um milagre causado pela intercessão de Pio 12, para que ele possa ser beatificado, e de um segundo milagre para que ele possa ser canonizado.

Israel e o Vaticano estabeleceram relações diplomáticas em 1994, depois de séculos de relacionamento complicado entre o catolicismo e o judaísmo. Diversas disputas surgiram, desde então, entre as quais um confronto em 2000 sobre os planos de construção de uma mesquita perto da Basílica da Anunciação, em Nazaré.

Recentemente, Israel e o Vaticano fracassaram em resolver um desacordo sobre o status tributário da Igreja Católica no país, que envolve a possível cobrança de impostos sobre as propriedades da Igreja em território israelense.

Fonte: Terra notícias
 


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