30.11.2008 - Reportagem da revista ISTOÉ, dezembro 2008.
Duas pesquisas divulgadas na última semana revelam que algumas bactérias que afetam a saúde humana começam a apresentar comportamentos que pedem maior vigilância. Um dos estudos, conduzido pela Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, e pelo Instituto de Pesquisa do Hospital Sick Children, no Canadá, informa a existência de um pico de infecções durante os verões. Assim como os agentes da gripe e dos resfriados se espalham com mais facilidade no inverno, os diversos microorganismos pertencentes à família das bactérias gram-negativas parecem preferir os dias de calor. Fazem parte desse time micróbios como a Pseudomonas aeruginosa, a Escherichia coli e a Acinetobacter baumannii. "Eles são causa freqüente de infecções na corrente sanguínea, urinárias, gastrointestinais, pneumonias, em ferimentos, queimaduras e cortes cirúrgicos", explica o infectologista Jacyr Pasternak, da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
A conclusão de que as bactérias gram-negativas se disseminam mais no calor está fundamentada em um estudo que durou sete anos no Hospital Baltimore. Os dados obtidos indicam que o número de pacientes afetados por essas bactérias pode subir até 17% a cada dez graus de elevação da temperatura. Embora as razões do aumento sejam diferentes para cada microorganismo e não estejam bem estudadas, a variação sazonal passa a ser um dado importante na hora do diagnóstico. O reconhecimento do vínculo entre as infecções e o calor deve ser alvo de mais estudos para avaliar seu impacto diante das transformações climáticas globais. Disso espera-se que surjam estratégias de prevenção.
Vigilância ainda mais intensa parece ser necessária sobre a Acinetobacter baumannii. Um trabalho veiculado pela revista médica The Lancet Infectious Diseases, na edição que acaba de sair, registrou um crescimento nos casos de infecção provocados por essa bactéria em hospitais americanos. Ela produz contaminações graves e pode levar à morte pacientes com sistema imunológico comprometido. Ataca especialmente pessoas com suporte ventilatório (entubadas).
Apesar de ser velha conhecida dos cientistas, a A.baumannii configura uma ameaça emergente. "Este micróbio está 30% mais resistente do que era em relação aos antibióticos conhecidos", afirmou à ISTOÉ Matthew Falagas, do Alfa Instituto de Ciências Biomédicas de Atenas, na Grécia. Um dos autores do trabalho, ele costuma ser contratado por laboratórios farmacêuticos para falar em congressos sobre o tema.
A bactéria também é mais difícil de ser erradicada com os desinfetantes usados nas enfermarias e UTIs. Pode ser transportada na pele de pessoas saudáveis e transmitida aos enfermos por causa da má higienização das mãos dos profissionais da saúde. O relatório de Falagas recomenda aos médicos e enfermeiros higiene rigorosa e muito cuidado com os antibióticos. "Deve-se dar esses medicamentos pelo menor tempo possível para obter o efeito pretendido, em vez de prolongar o uso. Outra boa medida é lavar as mãos entre o atendimento de um paciente e outro, uma prática que apenas 60% dos médicos e enfermeiros adotam", diz Pasternak.
Conter o avanço das bactérias multirresistentes é um grande desafi o. Na semana passada, um estudo publicado na revista americana Science deu mais fôlego àqueles que procuram caminhos diferentes para vencer essa guerra. Pesquisadores ingleses conseguiram descrever como o organismo do besouro Tenebrio molitor, o popular bicho-da-farinha, destrói esses microorganismos com facilidade impressionante. Em menos de uma hora, o sistema imunológico desse inseto devorou milhões de Estafilococos aureus usados na pesquisa. Depois, trocou as armas e fez um novo ataque usando proteínas que mostraram efeito bactericida. Com a estratégia, eliminou os Estafi lococos que sobreviveram ao primeiro embate, os chamados mais resistentes. Em vários países já se estuda o desenvolvimento de medicamentos a partir dessa proteína do besouro. (fim)
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Lembrando...
Estudo: bactéria mortal está atingindo gays nos Estados Unidos
15.01.2008 - A variante de uma bactéria que pode levar à morte estaria se espalhando rapidamente entre a comunidade gay das cidades de São Francisco e Boston, nos Estados Unidos.
De acordo com um estudo publicado na revista especializada Annals of Internal Medicine, a nova forma da bactéria MRSA, conhecida como MRSA USA300 é altamente resistente a medicamentos e é transmitida por meio de sexo anal, pelo contato da pele ou com superfícies contaminadas.
Os especialistas fizeram um levantamento da incidência da doença em diferentes áreas das cidades de São Francisco e Boston com base em registros hospitalares, mas não informaram o número exato de contaminados até agora.
A equipe de pesquisadores descobriu que no distrito de Castro, em São Francisco, - que teria uma das maiores concentrações de homossexuais dos Estados Unidos - um em cada 588 residentes estaria infectado com a bactéria. Em outras áreas da cidade, essa proporção seria de um para cada 3.800.
Uma outra parte do estudo ainda indicou que os homossexuais moradores de São Francisco teriam 13 vezes mais chances de contrair a doença do que outros residentes da cidade.
Necrose
A infecção pode causar úlceras na pele, necrose dos tecidos, atacar órgãos como pulmão e o coração e se espalhar facilmente pela corrente sangüínea.
Entre a comunidade gay, a doença teria se proliferado pelo contato da pele, causando abscessos e infecções nas nádegas e nos órgãos genitais. Os especialistas aconselham esfregar o corpo com água e sabão após as relações sexuais para evitar que a bactéria se espalhe.
De acordo com o jornal americano The New York Times, 19 mil pessoas morreram nos EUA em 2005 em decorrênica de doenças causadas pela MRSA (Estafilococos Aureus resistente à meticilina, MRSA, na sigla em inglês).
No passado, a bactéria era comum apenas em infecções hospitalares, mas recentemente também tem sido contraída por pessoas saudáveis fora dos hospitais.
Além de ser resistente à meticilina, a MRSA USA300 também não é facilmente combatida por outros antibióticos utilizados para tratar outras variantes da bactéria.
Os especialistas advertem que a menos que laboratórios de microbiologia identifiquem o tratamento adequado para nova bactéria, "a infecção poderá se espalhar rapidamente e se tornar uma ameaça nacional".
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Homem morre por causa de rara bactéria carnívora
28.12.2007 - As autoridades dos serviços de saúde de Hong Kong informaram nesta sexta-feira que estão investigando a morte de um homem de 55 anos vitimado por uma rara forma de bactéria carnívora.
O homem procurou um médico por causa de dores no pescoço e problemas respiratórios. Ele também sentia dores em sua nádega direita e acabou sendo internado no dia de Natal para sofrer uma cirurgia e ter o tecido infectado removido. Depois foi transferido para outro hospital, onde acabou morrendo na quinta-feira.
Os exames mostraram que o ferimento da nádega da vítima estava infectado pela bactéria ''streptococcus pyogenes'', que causa necrose nos tecidos, informou o Centro para a Proteção da Saúde.
Um porta-voz da instituição explicou que a bactéria pode destruir o tecido e causar a morte dentro de 12 a 24 horas depois da infecção.
A doença geralmente é causada quando a bactéria entra por um ferimento, por menor que seja, mas pode ser tratada com antibióticos e removida se prontamente diagnosticada.
Fonte: Terra notícias
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"E vi aparecer um cavalo esverdeado. Seu cavaleiro tinha por nome Morte; e a região dos mortos o seguia. Foi-lhe dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar pela espada, pela fome, pela peste e pelas feras". (Ap 6,8)