27.11.2008 - Além da perda de bens, do risco constante de doenças e assaltos, os moradores de Santa Catarina ainda são obrigados a encarar a falta de alimentos. Os mantimentos das casas afetadas foram levados pela enxurrada e as dispensas acabaram mergulhadas nas correntezas, o que leva muitas pessoas a recorrer aos saques em supermercados das regiões atingidas pelas tempestades.
"Não consegui salvar nada de casa. Quando a água começa a subir a primeira coisa que você pensa é encontrar um lugar seguro para ficar e se possível tentar pegar um ou outro objeto de valor. Na hora da correria você não vai até a geladeira ver se tem leite aberto ou feijão para comer", conta a desabrigada Maria de Lourdes.
Em Itajaí, a falta de mantimentos levou muitas pessoas a saquearem supermercados e alojamentos. "Tá liberado. É só ir lá dentro e pegar. Cada um escolhe o que quer", conta um garoto com um saco de arroz na mão, apressado para voltar à prateleira.
Os vidros de uma unidade de uma rede de supermercados local foram quebrados e as portas arrombadas. As pessoas entram como se o estabelecimento continuasse em funcionamento. As máquinas registradoras, no entanto, não operam desde o último fim de semana. "Fazia tempo que eu não saía de um supermercado com o carrinho tão cheio", brinca o eletricista Cleber Cavalcante.
As galerias de eletrodomésticos já estão vazias. Aparelhos de som, televisores e CDs também foram levados. Nas ruas, muitos moradores se queixam dos saques. "Isso é um absurdo. Até entendo que as pessoas peguem comida. Não vejo problema nisso. Estamos vivendo uma situação alarmante. O problema é que vejo muita gente aí saindo com sacos nas mãos como se estivessem em um shopping", afirma o comerciante Aires Toledo.
Quem não se importa com saques ainda encontra motivos para festejar. "Isso aqui vai dar um belo churrasco", exclama um carroceiro com mais de 30 caixas de cerveja. "Vai dar para fazer a festa do pessoal", brinca com um rapaz.
Especial para Terra