09.11.2008 - Um dos principais representantes da Igreja Católica na Grã-Bretanha, o bispo Malcolm McMahon, da cidade de Nottingham, afirmou que homens casados deveriam ter direito ao sacerdócio, de acordo com uma reportagem publicada pelo The Sunday Telegraph neste domingo.
Segundo o semanário, McMahon é considerado um dos possíveis sucessores do cardeal Cormac Murphy-O'Connor, que deve entregar o cargo no ano que vem, na liderança da Igreja na Grã-Bretanha. McMahon afirmou ao Telegraph que em certos casos, a suspensão do voto de celibato, vigente desde o século 11 é uma "questão de justiça".
"É uma questão de justiça para aqueles homens que querem ser sacerdotes e ter uma esposa. O casamento não deveria separá-los da sua vocação, mas eles têm de ter se casado antes de serem ordenados", disse o líder católico.
Os católicos já abriram exceções para sacerdotes anglicanos casados, que foram admitidos pela Igreja, após abandonarem o Anglicanismo por serem contrários à ordenação de mulheres.
"Vida em família"
O episódio teria causado problemas no clero, com alguns padres se queixando de injustiça, segundo o bispo britânico. De acordo com a reportagem do jornal britânico, nos últimos 30 anos, estima-se que cerca de 150 mil homens tenham desistido do sacerdócio para se casar, e muitos deles estariam dispostos a voltar à batina, desde que casados.
McMahon disse acreditar que padres casados enriquecem a Igreja. "Eles trazem experiências reais de vida em família. Acho que são excelentes para pregar para mulheres."
Em 2006, o papa Bento 16º vetou planos que permitiriam o casamento de padres, ao reafirmar a importância do celibato. Um arcebispo chegou a ser excomungado por ter ordenado quatro homens casados.
Essa não é a primeira vez que o nome de McMahon está envolvido em questões polêmicas para a Igreja. Em 2001, uma reportagem afirmou que o religioso defendia pessoalmente a ordenação de mulheres. No entanto, dias depois, o bispo afirmou ter sido mal interpretado.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Cresce a pressão sobre o Papa para que reveja o celibato dos padres
26.02.2008 - Bento 16 deseja que haja mais vocações para que "a Igreja possa continuar sua missão evangelizadora", mas não explicou como pretende conseguir isso.
Milhares de paróquias não têm sacerdote na Espanha ou são dirigidas por padres vindos de outros países. Alguns são casados e têm filhos. Se fossem espanhóis não poderiam exercer, apesar de o bispado de Tenerife ter ordenado sacerdote no ano passado um pastor anglicano converso, com mulher e filhos.
É o eterno debate do celibato opcional do clero. Ele foi reaberto pelo novo presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, o arcebispo Robert Zollitsch. Ele substitui o cardeal Karl Lehmann, que estava no cargo havia 20 anos. Zollitsch apostou em "um catolicismo aberto" e apontou dois caminhos: um apoio hipotético aos casais homossexuais de fato e "a eliminação do celibato obrigatório". O prelado salientou o que já se sabe: que a relação entre o sacerdócio e o celibato não é necessária do ponto de vista teológico.
A voz do prelado alemão não foi a única esta semana a favor do celibato opcional. Os presbíteros do Brasil sugeriram essa alternativa no documento final de sua reunião anual, na terça-feira passada. Também pedem ao Vaticano "orientações mais seguras e definidas sobre o acompanhamento pastoral para os casais de segunda união", isto é, os católicos divorciados que se casam de novo. Os 430 delegados que participaram do 12º Encontro Nacional de Presbíteros no estado de São Paulo representavam 18.685 sacerdotes de 269 dioceses brasileiras.
As duas reivindicações são contrárias às normas que a Igreja Católica se negou a discutir até hoje. As resoluções serão analisadas pelo prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano, o cardeal Claudio Hummes, também brasileiro e que já admitiu em dezembro de 2006 que "embora o celibato faça parte da história e da cultura católicas, a Igreja pode refletir sobre essa questão, pois o celibato não é um dogma, mas uma norma disciplinar".
"Bem-vindas sejam notícias como essa. Especialmente é motivo de profunda alegria que um episcopado do significado do alemão formule que a Igreja deve avançar conscientemente em um tema tão importante para a comunidade eclesiástica como o do celibato opcional e livre dos sacerdotes. Além disso, é maior nossa alegria quando a notícia vem unir-se à voz de outros bispos, cardeais e comunidades que pedem o mesmo há anos", disse ontem o espanhol Julio Pinillos.
Sacerdote casado, Pinillos também foi padre operário e hoje ganha a vida como professor. Embora não oficialmente, continua com uma atividade pastoral em um bairro periférico de Madri.
No mundo há 80 mil sacerdotes casados (40 mil na Espanha), bem organizados e em diálogo com muitas conferências episcopais para avançar para o celibato opcional, "sempre dentro da fidelidade ao Evangelho", salienta Pinillos, que foi dirigente desse movimento durante anos.
Fonte: UOL notícias / Jornal El Pais
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Lembrando...
Vaticano: 69 mil padres largaram a batina para casar
08.05.2007 - Um levantamento do Vaticano mostrou que, de 1964 a 2004, 69 mil padres abandonaram a batina para se casar e, desse total, 16% "se arrependeram da decisão" e requisitaram o retorno ao sacerdócio.
"Onze mil ficaram viúvos ou insatisfeitos com a vida conjugal, se arrependeram da escolha e requisitaram o retorno", disse Giampaolo Salvini, diretor da Civilitá Cattolica, revista oficial dos jesuítas que publicou os dados do levantamento.
Em entrevista à BBC Brasil, Salvini disse que, ao divulgar os dados, "o interesse do Vaticano é mostrar que há sacerdotes retornando", em meio à crescente polêmica sobre o celibato.
"A Secretaria de Estado do Vaticano procura demonstrar que não há um abandono em massa de sacerdotes", disse. "As estatísticas contrariam a posição daqueles que defendem o celibato opcional para os padres".
No texto, intitulado "Padres que abandonam, padres que regressam", Salvini explica que, na realidade, não existe uma estatística precisa sobre o número atual de padres casados. Mas, pelos dados do levantamento, esse total, descontando aqueles que retornaram, seria de 58 mil.
A estimativa oficial é muito inferior à de associações que defendem o fim do celibato clerical, como a Sacerdotes Casados Já.
Segundo a entidade, 150 mil padres em todo o mundo são "casados" (total inclui os que, mesmo no sacerdócio, têm uma companheira e os que deixaram a batina para se casar, mas não abandonaram a fé católica).
Padres "casados"
Segundo a organização, que também contabiliza os dados desde 1964, as cifras do Vaticano são incompletas. "O mais preocupante nisso tudo não é o Vaticano dizer que apenas 69 mil padres abandonaram o sacerdócio entre 1964 e 2004", afirmou Giuseppe Serrone, um dos fundadores da Sacerdotes Casados Já.
"É escandaloso colocar no centro da discussão o fenômeno do reingresso e ignorar aqueles que ainda estão no ministério e têm uma companheira, este sim um fenômeno amplo. Padres e bispos que vivem com suas companheiras e, com o conhecimento do Vaticano, não entram nas cifras oficiais como padres casados".
"Tenho conhecimento de uma diocese no Brasil em que todos os sacerdotes são casados, ou melhor, têm companheiras", disse sem revelar o nome da cidade.
A Sacerdotes Casados Já é uma organização com representantes em vários países e liderada pelo arcebispo excomungado Emmanuel Milingo.
Brasil
Quando um padre se casa, ele não deixa automaticamente de ser padre. Aos olhos da Igreja, o sacramento da ordem, recebido pelos seminaristas quando eles se tornam padres, é eterno ¿ como é o batismo e o casamento.
Só no Brasil, segundo a Sacerdotes Casados Já, em torno de 18 mil (12% do total no mundo) padres são casados.
O números da Santa Sé sobre os brasileiros que abandonaram a batina de forma oficial para se casar, comunicando a decisão ao Vaticano, são modestos.
Um levantamento feito pela Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano, apenas com aqueles que pediram oficialmente a dispensa, aponta que, entre janeiro de 2001 e julho de 2005, 148 padres brasileiros receberam respostas positivas a seus pedidos de licenças para se casar, uma média de 30 por ano.
"O que preocupa um pouco são os que deixam o ministério e não pedem a dispensa", diz o monsenhor Roberto Carrara, oficial da Congregação para o Culto Divino, departamento do Vaticano responsável pelas licenças sacerdotais do Brasil até 2005, quando a função passou para a Congregação para o Clero.
Segundo o monsenhor Carrara, até 1960, não era fácil para os sacerdotes terem seus pedidos de licenças aprovados. Ainda hoje, muitos pensam que é assim e, simplesmente, abandonam o sacerdócio sem fazer qualquer comunicação. Atualmente, o processo leva, em geral, de dois a três meses.
"Muitos destes padres não foram devidamente formados. No decorrer do caminho, apresentaram deficiências psicológicas, espirituais, ou afetivas", afirmou. "Para ser padre, não basta não ter defeitos. É necessário ter qualidades, superar as tentações da vida e dificuldades".
Fonte: Terra notícias
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Notícia adicionada ao www.rainhamaria.com.br em 20.10.2008
Perito psiquiatra no Vaticano: Celibato é uma provocação ao mundo superficial
ROMA .- Manfred Lütz, psiquiatra consultor da Congregação do Clero da Santa Sé, responde em um extenso e interessante artigo a quem considera que a vivência do celibato não é "natural" e explica como esta opção dos sacerdotes e religiosos não só é necessária para a vivência plena de sua vocação, a direção espiritual, e é uma "provocação" ao mundo superficial que não acredita na vida depois da morte.
Em um artigo publicado em L'Osservatore Romano, o perito comenta que "o celibato é uma provocação. Em um mundo que já não acredita em uma vida depois da morte, esta forma de vida representa um protesto permanente contra a superficialidade coletiva. O celibato é a mensagem vivida que anuncia que o mundo terreno, com suas alegrias e dores, não o é tudo".
"Sem um pingo de dúvida –continua o psiquiatra– se com a morte terminasse tudo, o celibato seria uma idiotice. Por que renunciar ao amor íntimo de uma mulher, por que renunciar ao encontro profundo com os filhos, por que renunciar à sexualidade? Só se a vida terrena é uma parte que encontrará na eternidade seu cumprimento, então o celibato, como forma de vida, pode dar luzes a esta vida. Somente assim esta forma de vida anuncia em voz alta uma vida de plenitude, que foi já intuída por homens de muitas épocas, cuja realidade se fez visível a todos os homens só através de Jesus Cristo, em particular através de sua morte e Ressurreição milagrosa".
Depois de fazer um breve percurso do celibato na Igreja e como através dos tempos sempre foi estimado como de grande valor pelos fiéis, embora algumas crise nas que foi questionado como a do século XIX em Friburgo, Alemanha, o consultor da Congregação do Clero destaca como "aquele que não consegue renunciar ao exercício da sexualidade não está em capacidade" tampouco "de unir-se em vínculo matrimonial".
Para Manfred Lütz a maneira de ver a sexualidade que vê à mulher "como objeto de satisfação de um impulso pessoal, tem um rol chave na crítica do celibato". Explicando esta maneira de aproximar-se deste tema, o psiquiatra comenta que inclusive o casal em ocasiões não pode exercer sua "sexualidade genital plenamente, por exemplo por causa de uma enfermidade temporária ou por uma descapacidade permanente. Nesses casos, uma relação de casal verdadeiramente profunda não é destruída por isso, porém enriquecida. Do mesmo modo o assunto do celibato não deve concentrar-se apenas no assunto da sexualidade genital, senão que deve ver-se o celibato como uma forma de relação determinada, que permite uma relação profunda com Deus e uma fecunda relação com as pessoas confiadas ao cuidado pessoal do sacerdote".
Logo depois de comentar que quando um sacerdote não reza o suficiente pode ser percebido pelas pessoas já não como um "homem de Deus" e gera frustração nele mesmo porque não pode realizar o serviço que lhe é próprio adequadamente, o consultor sublinha que, pelo contrário, quando um sacerdote "vive a própria fé com convicção e dá testemunho dela, é um guia espiritual fecundo de tal modo que gosta da alegria que surge da direção espiritual das almas".
"Para o sacerdote é importante também confessar aos fiéis, porque assim estabelece um contato existencial com as pessoas. O celibato faz ao sacerdote livre para as relações de direção espiritual intensas. Assim pode dedicar-se, já seja do ponto de vista do tempo ou do ponto de vista existencial, de modo mais amplo à direção espiritual respeito a quanto poderia fazer se estiver casado".
O perito psiquiatra indica além que "não é certo o que se escuta freqüentemente sobre que uma guia espiritual para casados seria melhor se fosse dada por esposos. Uma guia assim corre sempre o risco de reviver inconscientemente as experiências do próprio matrimônio e de transformar as próprias emoções em ações, sem refletir, por um mecanismo psicológico".
"Por isso –prossegue– necessita solidamente ser monitorada, para impedir que isto aconteça. Ao contrário, uma boa guia espiritual tem consideráveis experiências existenciais com muitos casais casados. E assim se pode chegar aos casos mais difíceis. Isto explica, por exemplo, a surpreendente fecundidade dos escritos sobre o matrimônio daquele grande pastor de almas que foi o Servo de Deus João Paulo II".
Finalmente e após explicar que o celibato não é para os narcisistas que procuram sempre que tudo gire sobre si mesmos, Lütz lembra que o sacerdote "deve sobre tudo interessar-se pelos outros seres humanos e suas misérias, deve esquecer-se de si mesmo, e deve fazer visível, por trás de suas palavras, o esplendor de Deus antes que suas próprias misérias".
Fonte: ACI
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"Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca". (Mt 26,41)
"Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele". (Rm 8,9)