17.10.2008 - Indicação de historiador brasileiro no contexto dos 50 anos da morte de Pacelli
SÃO PAULO .- Um historiador brasileiro considera que uma atitude de justiça com a imagem de Pio XII, um Papa «tão estimado» mas ao mesmo tempo «tão denegrido», seria «reler e reexaminar os fatos e os documentos fundamentais do seu pontificado».
Segundo o professor José Pereira da Silva, da diocese de Taubaté (São Paulo), nos 50 anos do falecimento de Pio XII, que se celebram este mês de outubro, é necessário buscar uma visão «equilibrada e justa» de seu papado.
Eugenio Pacelli nasceu em Roma em 2 de março de 1876, ordenado padre em 1899, tornou-se diplomata do Vaticano. Em 1917 foi núncio para a Alemanha e voltou como secretário de Estado de Pio XI.
Foi nomeado núncio em Berlim, em 1920. Após três semanas da morte do Papa Pio XI, o cardeal Eugenio Pacelli se elegeu Papa, adotando o nome de Pio XII.
«Depois de sua morte (9/10/1958) opositores e mesmo alguns grupos católicos fizeram uma revisão crítica do pontificado de Pio XII, não só com referência à política, mas sobretudo em relação à sua obra dentro da Igreja.»
«Infelizmente houve aqueles que tentaram fazer a destruição histórica do Papa Pio XII», afirma a Zenit o professor José Pereira.
O historiador considera que hoje, 50 anos depois da morte de Pio XII, «a melhor coisa a fazer seria reler e reexaminar os fatos e os documentos fundamentais do seu pontificado, sem nenhum preconceito».
Pereira considera que domina ainda hoje em alguns meios o lugar-comum que a Igreja não teria feito muito pelos judeus, no contexto da perseguição nazista.
«A questão que estava concretamente diante de Pio XII não era se devia falar ou calar, mas: quanto deve ser clara a palavra que o meu ministério de Pontífice me impõe e quanto pode ser clara a minha palavra, se penso nas consequências que ela pode ter diretamente sobre as pessoas ameaçadas?»
O historiador cita o exemplo dos bispos holandeses, que protestaram abertamente contra a perseguição dos judeus em 1942. Isso provocou a deportação de todos os católicos de origem judaica, como Edith Stein.
«Com toda probabilidade os judeus-católicos teriam sobrevivido, como aconteceu com a maioria dos judeus-protestantes holandeses, se os bispos tivessem agido de outra maneira.»
Portanto --prossegue o professor--, «aquilo que o Papa Pio XII fez ou não fez foi ditado por uma responsável ponderação dos bens em questão, ligada não só aos interesses da Igreja mas também aos de toda humanidade».
«Tratava-se de uma situação extrema, na qual ninguém podia saber com certeza qual fosse a decisão melhor.»
Pereira explica que, em silêncio, o Papa Pio XII salvou e abrigou milhares de judeus, criando para tal finalidade uma comissão pontifícia de assistência.
«Atualmente muitas organizações judaicas, como por exemplo a Pave the Way, reconhecem o papel importante de Pio XII em favor dos judeus perseguidos pelo nazismo», afirma.
Fonte: www.zenit.org