Papa inaugura Sínodo: É indispensável que a Igreja conheça e viva aquilo que anuncia


05.10.2008 - Roma  - Com a missa na Basílica de S. Paulo fora dos Muros, esta manhã, o papa Bento XVI inaugurou a XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

Concelebraram com o papa os padres sinodais e os colaboradores: 52 cardeais, 14 membros das igrejas orientais, 45 arcebispos, 130 bispos e 85 presbíteros. A Basílica de S. Paulo fora dos Muros foi escolhida por este ser o Ano Paulino e pelo caráter ecumênico que a reveste.

O Santo Padre iniciou a homilia comentando a primeira leitura, extraída do livro do profeta Isaías, sobre o cântico da vinha, ambientado na época da colheita. No Evangelho, Jesus retoma o cântico de Isaías, adaptando-o a seus ouvintes e a nova hora da história da salvação, desta vez acentuando não a vinha, mas os vinhateiros e suas atitudes homicidas. Desprezando a ordem do proprietário da vinha, os vinhateiros acabam por desprezar o próprio Deus.

Esta mesma atitude, afirmou o papa, foi registrada na história por muitos cristãos incoerentes. Hoje, nações que um tempo eram ricas de fé e de vocações, agora estão perdendo sua identidade, sob a influência deletéria e destrutiva de uma vertente da cultura moderna.

"Há quem, decidindo a "morte de Deus", declara a si mesmo "deus", considerando-se o único artífice do próprio destino, o proprietário absoluto do mundo. Mas quando o homem elimina Deus do próprio horizonte, declara Deus morto, é realmente mais feliz? Quando os homens se proclamam proprietários absolutos de si mesmos e únicos donos da criação, podem realmente construir uma sociedade onde reinem a liberdade, a justiça e a paz? Por um acaso não acontece, como as notícias cotidianas nos demonstram amplamente, que se estendem o arbítrio do poder, os interesses egoístas, a injustiça e a exploração, a violência em toda sua expressão? O resultado disso tudo é que o homem se encontra mais só e a sociedade mais dividida e confusa", analisou.

No entanto, nas palavras de Deus, nas palavras de Jesus há uma promessa: a vinha não será destruída. Isso indica que, se em algumas regiões a fé se enfraquece até acabar, sempre haverá outros povos prontos a acolhê-la.

"A consoladora mensagem que esses textos bíblicos nos oferece é a certeza de que o mal e a morte não têm a última palavra, mas quem vence, no final, é sempre Cristo. Sempre!", destacou o pontífice.

A Igreja, afirmou o papa, não se cansa de proclamar esta Boa Nova. "Renovaremos de modo significativo este anúncio durante toda a XII Assembléia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema 'A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja'".

Somente a Palavra de Deus pode mudar profundamente o coração do homem, e é importante então que, com ela, cada fiel e toda a comunidade entrem em uma intimidade sempre crescente.

Bento XVI recordou que nutrir-se da Palavra de Deus é para a Igreja sua primeira e fundamental tarefa. De fato, afirma ele, se o anúncio do Evangelho constitui a sua razão de ser e sua missão, é indispensável que a Igreja conheça e viva aquilo que anuncia, para que sua pregação seja crível, apesar das limitações e das pobrezas dos homens que a compõem.

"Neste Ano Paulino, sentiremos ressoar com particular urgência a exclamação do Apóstolo dos gentios: 'Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho'." Exclamação que, para cada cristão, se torna um convite insistente a pôr-se a serviço de Cristo.

"Que o Senhor nos ajude a interrogar-nos juntos, durante as próximas semanas de trabalho sinodal, sobre como tornar mais eficaz o anúncio do Evangelho neste nosso tempo. Todos sentimos que é necessário colocar no centro da nossa vida a Palavra de Deus, acolher Cristo como nosso único Redentor, como Reino de Deus em pessoa, para fazer de modo que a Sua luz ilumine todos os âmbitos da humanidade", continuou.

Participando da celebração eucarística, sentimos sempre o íntimo elo que existe entre o anúncio da Palavra de Deus e o Sacrifício eucarístico.

O papa concluiu: "Que o Senhor nos conceda aproximarmo-nos com fé do dúplice banquete da Palavra e do Corpo e Sangue de Cristo. Que Maria Santíssima nos ensine a ouvir as Escrituras e a meditá-las em um processo interior de amadurecimento, que jamais separe a inteligência do coração". (BF)

Fonte: Rádio Vaticano
 


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