Buraco na camada de ozônio atinge seu ápice anual neste mês de setembro


16.09.2008 - Há exatos 21 anos, o mundo conheceu o que é hoje considerado o acordo internacional de maior sucesso da história: o Protocolo de Montreal, que reduziu a produção e o uso de gases que destroem a camada de ozônio. Desde então, todo dia 16 de setembro é lembrado como Dia Internacional de Proteção desse filtro dos raios ultravioletas. Neste, o G1 preparou um especial para explicar o que é e para que serve esse escudo protetor.

Muitas pessoas confundem o buraco na camada de ozônio com o aquecimento global. Os dois fenômenos, no entanto, são distintos e têm causas e conseqüências bem diferentes. O aquecimento é causado pelo acúmulo de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, na atmosfera da Terra.

O buraco, por sua vez, é causado pelas emissões de outros gases, os CFCs (sigla para clorofluorcarbonetos). Embora também tenham um pequeno efeito estufa, o principal problema dessas substâncias usadas para refrigeração é que elas interagem e quebram as moléculas de ozônio na alta atmosfera.

Os CFCs surgiram pouco antes da Segunda Guerra Mundial e foram um grande sucesso. “Quando eles foram descobertos, foi uma coisa fantástica”, contou ao G1 a professora de química Adalgisa Fornaro, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (Universidade de São Paulo). “Eles eram inertes e tinham uma característica incrível: sua capacidade de refrigeração. Foi uma revolução para a conservação de alimentos, de remédios, de todo o tipo de coisa”, diz a professora.

O advento dos CFCs foi um marco na história da indústria. Durante os anos 1970, eles foram fabricados e utilizados à exaustão. Uma das principais qualidades desses compostos era o fato de serem supostamente “inertes”, ou seja, de não interagirem com outras substâncias. O banho de água fria veio em 1985: os CFCs eram inertes sim, mas só na superfície; ao chegar na alta atmosfera eles tinham um devastador efeito na fina camada que nos protege dos raios solares mais nocivos.

Foi aí que começou a campanha pela proteção da camada de ozônio. Ao contrário do aquecimento global, que tem um desenvolvimento lento através dos séculos, o buraco trazia efeitos imediatos. Os raios ultravioletas não apenas esquentam a atmosfera. Eles causam danos no DNA e matam.

Dois anos depois do anúncio, surge o Protocolo de Montreal, considerado até hoje o acordo internacional de maior sucesso da história das Nações Unidas. Em uma época onde os CFCs eram vistos como a única maneira de refrigerar o planeta, engenheiros do mundo todo foram forçados a descobrir uma nova tecnologia. E conseguiram.

Hoje, a produção de novos equipamentos, como geladeiras e condicionadores de ar, com gases CFCs é proibida na maior parte do mundo – inclusive no Brasil. A exceção fica com alguns equipamentos específicos para a refrigeração de medicamentos. Os aparelhos antigos que ainda usam esses compostos precisam de manutenção especial. Quando dão problema, técnicos treinados retiram e reciclam o CFC para que ele não seja liberado na atmosfera.

Futuro

Nem tudo são boas notícias, é claro. Embora tenhamos reduzido consideravelmente a emissão desse tipo de gás nos últimos 20 anos, ainda precisamos lidar com o CFC que foi liberado antes disso. “Como são gases inertes, eles têm um tempo de vida muito longo. Alguns, de até 150 anos. Então temos uma janela de tempo razoável para nos preocupar aí pela frente”, explica Fornaro.

O buraco na camada de ozônio é um evento sazonal, ou seja, é próprio de uma estação do ano: no caso, a primavera. A camada é mais fina nos pólos. Na Antártida, que é mais fria que o Ártico, a situação é mais grave.

Durante o inverno, com as temperaturas extremamente baixas do continente gelado, se formam as chamadas “nuvens estratosféricas polares” – ou seja, nuvens que contêm gelo. Os gases CFCs que estão por ali se incorporam nessas nuvens. Quando elas derretem, eles são liberados e o cloro que faz parte do composto se ativa, interage com o ozônio e quebra suas moléculas.

“Isso ocorre agora. Estamos no auge desse processo para a Antártida, o mês de setembro”, conta a professora. “É agora que vamos ver a diminuição da camada de ozônio”.

Neste ano, os cientistas prevêm que o buraco será maior que o do ano passado (considerado “pequeno” para a média), mas muito menor que o recorde registrado em 2006. A expectativa dos especialistas é que, ao emitir menos CFCs, o mundo veja uma camada de ozônio normalizada por volta de 2050.

Fonte: G1


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