Papa adverte contra o fundamentalismo e a arbitrariedade subjetiva


12.09.2008 - O Papa Bento XVI advertiu que a atual geração deve enfrentar "os extremos da arbitrariedade subjetiva e do fanatismo fundamentalista", em um encontro com 700 intelectuais e acadêmicos, no primeiro dia da visita a França.

"Seria fatal se a cultura européia de hoje entendesse a liberdade apenas como a falta total de vínculos e com isto favorecesse inevitavelmente o fanatismo e a arbitrariedade", afirmou o Papa em um discurso pronunciado em francês em um colégio no centro de Paris.

"No cristianismo existe um vínculo superior ao da letra dos textos sagrados", que definiu como o "vínculo do entendimento e do amor".

Bento XVI afirmou que esta maneira de interpretar os textos sagrados do cristianismo "exclui tudo o que hoje se chama fundamentalismo", em um discurso no qual explicou a relação da fé e da razão do catolicismo e suas raízes no monarquismo medieval.

"O cristianismo não é apenas uma religião do Livro no sentido clássico", manifestou, recordando uma frase de São Paulo: "a letra mata e o Espírito dá vida".

Apresentada como uma reunião com o mundo da cultura, o encontro teve a presença de dois ex-presidentes, Valerie Giscard d''Estang e Jacques Chirac, o prefeito de Paris, Bertrand Delanoe, e líderes muçulmanos, como Dalil Bubaker, reitor da grande mesquita de Paris.

Também participaram os escritores Daniel Pennac, François Cheng e Jonathan Littel, o filósofo Régis Debray, o chef Alain Passart, assim como os historiadores Emmanuel Le Roy Ladurie e Max Gallo.

Diante deles, o Sumo Pontífice alertou para os riscos de uma cultura "meramente positivista" que reduza a religião a um tema de crenças pessoais.

"Uma cultura meramente positivista que circunscrevesse ao campo subjetivo, como não científica, a pergunta sobre (a existência de) Deus, seria a capitulação da razão", argumentou.

"O que é a base da cultura da Europa, a busca de Deus e a disponibilidade para escutá-lo, continua sendo ainda hoje o fundamento de toda verdadeira cultura", decretou.

O Papa também insistiu na necessidade de ter o Criador "como modelo" no trabalho e na "determinação da história por parte do homem".

"Onde este modelo falta e o homem se torna a si mesmo criador deiforme, a formação do mundo pode facilmente transformar-se em sua destruição", completou.

Em seguida o Papa celebrou as vésperas em Notre-Dame.

No sábado, Bento XVI viajará a Lourdes para celebrar o 150º aniversário das 18 aparições da Virgem Maria à pastora Bernadette Soubirous, em 1858.

Fonte: Terra notícias


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