Pesquisadores concluem: ciclones tropicais estão se fortalecendo


03.09.2008 - Os mais fortes ciclones tropicais estão ganhando intensidade, principalmente na metade norte dos oceanos Atlântico e Índico, segundo uma pesquisa publicada hoje pela revista científica britânica Nature. A elevação da temperatura na superfície dos oceanos faz com que aumentem as velocidades máximas do vento dos ciclones mais fortes.

Uma equipe de pesquisadores da Florida State University (Estados Unidos) liderada por James Elsner analisou os dados de ciclones gerados por satélites nos últimos 25 anos. A partir deles, descobriram que o recente aumento da temperatura das superfícies do Atlântico Norte tropical está fortalecendo os ciclones na região.

Os autores do estudo afirmam que o aumento da temperatura da superfície do oceano em um grau Celsius faz com que cresça em 31% a freqüência global dos ciclones mais violentos: de 13 a 17 fenômenos desse tipo ao ano. Além disso, explicam que, quanto mais forte for o ciclone, mais evidente é a mudança na velocidade de seus ventos.

Com exceção do Oceano Pacífico Sul, todas as bacias oceânicas mostram isso, embora não no mesmo grau: os maiores aumentos se dão no Atlântico Norte e no norte do Índico. Os pesquisadores explicam que no resto dos trópicos as tendências na intensidade dos ciclones são menos evidentes.

Neste sentido, reconhecem que calcular as tendências em outras zonas dos trópicos foi difícil devido à falta de dados. Os cientistas concluem que estes resultados vão ao encontro da teoria do motor térmico da intensidade dos ciclones: à medida que os mares se aquecem, o oceano tem maior energia que pode ser liberada sob a forma de ventos ciclônicos.

No entanto, advertem de que ainda há uma grande falta de dados disponíveis e que o estudo não inclui outros fatores importantes, como a origem e a duração do ciclone, a proximidade com a terra, as condições do fenômeno El Niño e a atividade solar.

Fonte: Terra notícias

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"Temos em média 80 tempestades tropicais ou ciclones a cada ano no mundo, e não observamos qualquer aumento deste número", declarou Frédéric Nathan, da agência Meteo-France.

No norte do Oceano Índico, estes fenômenos são registrados em média cinco vezes por ano, acrescentou.

"Porém, temos constatado nos últimos 30 anos um aumento do número de ciclones de categorias 4 e 5 acompanhados de ventos de mais de 200 km/h", prosseguiu Nathan.

De acordo com o Instituto de tecnologia de Georgia, em Atlanta, os ciclones de categorias 4 e 5 foram praticamente multiplicados por dois entre os anos 70 e os anos 1990-2004, passando de 50 a 90.

O professor Kerry Emmanuel, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), também afirmou que a potência dos ciclones tropicais foi quase multiplicada por dois desde os anos 50.

Segundo o útimo relatório do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 2007, "pode-se esperar não um maior número de ciclones, mas ciclones de maior intensidade", frisou Hervé Le Treut, diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS). Entretanto, o pesquisador emitiu uma reserva, destacando que os estudos sobre os quais se baseiam estas observações são mais numerosoas no Atlântico do que no oceano Índico.

"Só poderemos afirmar isso no longo prazo. O clima é subordinado a leis estatísticas definidas nos últimos 30 anos, aproximadamente. Não temos sistemas de observação e gravações completas ou perfeitas sobre todos os oceanos do mundo, e carecemos de informações precisas sobre o que aconteceu antes da era do satélite", explicou.

A comunidade científica segue muito dividida. "O problema é que os dados que temos sobre os 30 últimos anos não são confiáveis o suficiente para que possamos deduzir uma tendência local", concordou Adam Lea, do Benfield University College de Londres. "Continua sendo muito difícil prever o futuro", afirmou.

Fonte: Terra notícias


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