Curiosidade: Cresce o número de tatuados arrependidos, diz pesquisa


25.07.2008 - Um em cada quatro jovens de 18 a 30 anos nos EUA tem uma tatuagem e cerca de 80% deles dizem estar satisfeitos por tê-la feito. A outra face da moeda é que um em cada cinco tatuados se arrepende de ter marcado sua pele com tinta e gostaria de removê-la. Só cerca de 6% farão isso, mas cada dia há mais consultas para eliminar tatuagens - também porque cada dia mais pessoas se tatuam. Esses são os principais resultados de um estudo americano que analisa os motivos pelos quais os cidadãos se tatuam e por que mais tarde querem apagar os desenhos da pele. As conclusões desse relatório podem ser extrapoladas para a Espanha, segundo especialistas consultados.

O estudo, com dados da Sociedade Americana de Dermatologia e publicado ontem na revista "Archives of Dermatology" da Associação Médica Americana, foi realizado por profissionais de quatro clínicas dermatológicas do Arizona, Colorado, Massachusetts e Texas. Suas conclusões se baseiam nas respostas dadas por 196 pessoas tatuadas que procuraram os centros citados: 25% para a primeira consulta, 55% estavam apagando tatuagens e as demais já tinham apagado alguma e agora queriam apagar outra.

Um dos dados mais relevantes é que duas em cada três pessoas que queriam eliminar tatuagens são mulheres. Cruzando esse número com os dados obtidos em outro estudo realizado em 1996, observa-se uma mudança de tendência: há dez anos 65% dos que queriam limpar os desenhos da pele eram homens.

Na Espanha, embora não haja dados claros a respeito, também se notou um aumento do número de mulheres que decidem se tatuar, já que essa prática estética era quase exclusiva dos homens há algumas décadas. É o que confirmam a Sociedade Espanhola de Medicina Estética e a Associação Espanhola de Dermatologia, entidades que indicam que também costumam ser as mulheres as que mais se arrependem depois de ter-se tatuado.

O perfil da mulher que quer eliminar a tatuagem, segundo o estudo americano, é de 24 a 39 anos, com estudos e solteira, embora com uma relação estável ou inclusive com filhos. Dois terços dos tatuados que querem eliminar suas marcas as fizeram quando tinham entre 16 e 23 anos - em 1996 eram maioria na faixa de 12 a 19 anos - e os motivos que os levaram a marcar a pele na época foram o desejo de se sentir diferente (44%), de reafirmar sua identidade e independência (33,5%) ou simplesmente como uma experiência a mais (28%).

Agora queriam apagar a tatuagem porque os envergonha, não gostaram como ficou, porque têm um novo emprego, por problemas com a roupa, por rejeição social (comentários negativos no trabalho, na escola, no ambiente...) ou por tê-lo decidido por motivo de seu aniversário, casamento ou divórcio.

Motivações semelhantes indicam as pessoas que buscam apagar tatuagens na Espanha, cujo número também cresce. Francisco López Gil, dermatologista do centro médico Teknon de Barcelona, indica que essa clínica é procurada tanto por homens como por mulheres (uma pessoa em média por semana), principalmente porque viram que a tatuagem os prejudica em suas expectativas e ambientes de trabalho - "as fizeram muito jovens e vivem em ambientes mais conservadores, onde a tatuagem é mal vista", diz o médico -, ou porque têm algum elemento afetivo do passado do qual querem se desligar (é o caso dos que têm gravado o nome de uma ex-namorada).

Concha Obregón, porta-voz da Sociedade Espanhola de Medicina Estética, salienta que na maioria dos casos a impulsividade própria da juventude é o motivo mais citado para posteriormente eliminar a tatuagem. "São jovens e portanto não olham para o futuro. Simplesmente gostam dessa moda e as fazem.

O problema surge depois, quando entram na idade adulta e a tatuagem os incomoda porque já não combina com sua personalidade. Cresceram e esse desenho faz parte do passado. Além disso, com o tempo o desenho perde cor e definição, fica feio... Outro motivo importante é o trabalho. Há profissões em que não é permitido usar tatuagens, como policiais ou comissárias de bordo, e aí eles tentam apagá-las."

As justificativas para eliminá-las por causa de um emprego novo ou o estigma social que representam mostram, segundo o estudo americano, que mesmo que o uso da tatuagem esteja muito mais extenso e normalizado do que alguns anos atrás ainda persiste na sociedade a percepção de que é um elemento marginal, que prejudica a credibilidade e a competência, sobretudo das mulheres.

De fato, elas reconhecem que enquanto seus parceiros ou amigos apóiam que usem tatuagem, não acontece o mesmo com seus pais, médicos ou o ambiente social em geral.

As tatuagens costumam ser apagadas hoje através de um laser específico, com filtros que são programados para cada cor. O que o feixe de luz faz é destruir a concentração de tinta dessa cor embaixo da pele, explicou López Gil. Quanto mais elaborada for uma tatuagem e quanto mais cores tiver, mais difícil de eliminar e ainda mais complicado não deixar rastros. López afirma que a tecnologia atual permite que a pele não fique queimada nem envelhecida, embora os dermatologistas advirtam que "a pele nunca fica como antes".

6 mil euros para apagar um desenho

"Eliminar uma tatuagem é muito mais caro do que fazê-la." É o que reconhecem dermatologistas e especialistas em medicina estética. Eles admitem que mais de um paciente comentou: "Se eu soubesse disso não teria feito". Apagar aquele desenho tribal ou as fadas, mariposas ou letras japonesas que decoram alguma parte do corpo pode oscilar entre 1 mil e 6 mil euros, pelo menos dez vezes mais do que custou fazê-la.

O preço depende do tamanho da tatuagem e das cores empregadas: o preto é mais fácil de eliminar; os vermelhos, amarelos e laranjas, quase impossível.

Essas questões e o tipo de desenho determinarão o número de sessões necessárias para apagá-la. O habitual é de cinco a dez sessões, porque não podem durar muito (cerca de um quarto de hora) para não danificar a pele.

Além disso, entre uma sessão e outra deixam-se passar algumas semanas.

"Uma sessão pode custar cerca de 500 euros, e é muito raro que uma só baste para apagar o desenho, por menor que seja. Não costumam ser menos que cinco ou seis, conforme o tamanho", explica Obregón. Outras fontes falam em não menos de 200 euros por sessão. As tatuagens que habitualmente se pedem para apagar medem de 5 a 10 cm; as maiores saem caro demais para a maioria dos tatuados.

O estudo americano revela que as pessoas que em 2006 queriam apagar tatuagens estavam com elas em média havia dez anos, contra 14 dos arrependidos estudados em 1996. O relatório também mostra que eles a retiram mais jovens, aos 30 anos, contra os 33 do estudo anterior. De uma média de duas tatuagens por pessoa passaram para quase três.

Fonte: UOL notícias

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Lembrando...

Igreja da Modificação Corporal causa polêmica nos EUA

28.11.2006 - Os "piercings", as tatuagens, ou a suspensão corporal com ganchos hipodérmicos são alguns dos rituais da "Igreja da Modificação Corporal", uma congregação com quase 2 mil seguidores nos Estados Unidos, mas que se vê ameaçada por escândalos econômicos.

Criada na virada de século por Steve Haworth em Phoenix (Arizona, EUA), esta comunidade peculiar afirma em sua doutrina que existe "espiritualidade" no desejo de modificar o corpo humano. "Praticando as técnicas de manipulação e de modificação corporal reforçamos os laços entre mente, corpo e alma, e conseguimos viver nossa espiritualidade como indivíduos completos", assinala o site da organização.

Precisamente, a mente, o corpo e a alma, representados por três linhas brancas - denominadas "linhas ministeriais" -, são as senhas de identificação desta congregação, que seus "padres", como não poderia ser diferente, trazem tatuadas.

Segundo os últimos dados da Academia Americana de Dermatologia, quase 50% dos americanos "decoraram" o corpo com uma tatuagem ou um "piercing". Isso explica porque estes pastores têm um grande ''rebanho'' para o qual transmitir sua fé.

A "Igreja da Modificação Corporal" (CoBM, na sigla em inglês) se declara aconfessional, não discrimina fiéis de nenhuma fé ou religião, mas adverte que algumas de suas práticas podem ser contrárias a determinadas crenças.

A CoBM teve que esperar até 2001 para ter certa popularidade, que chegou de maneira inesperada por via judicial. O chamado "caso Costco contra Cloutier" foi até o momento o pleito mais famoso relacionado ao conflito entre a mentalidade empresarial e o desejo de individualidade.

Costco Wholesale é uma grande rede de supermercados de venda por atacado com mais de 200 pontos de venda em todo o país, que demitiu uma de suas empregadas - Kimberly Cloutier - por que esta se negou a ocultar o "piercing" de sua sobrancelha durante as horas de trabalho.

A jovem decidiu denunciar a empresa por demissão sem justa causa e alegou no tribunal que sua negativa tinha motivações religiosas, já que fazia parte da "Igreja da Modificação Corporal".

Apesar de a corte ter determinado em sua sentença que a ex-trabalhadora não tinha razão em seu pedido, a CoBM teve publicidade gratuita que resultou na sua expansão para outros estados como Flórida, Illinois, Kentucky e Virginia, além da aparição de outras delegações "irmãs" na Europa.

No entanto, mesmo tendo esta popularidade e sendo legalmente reconhecida pelo Governo dos EUA, nem tudo foram flores para a congregação hoje presidida por Rick Frueh, que se viu envolvida em vários escândalos, quase todos de âmbito econômico.

Alguns internautas, que aproveitam o anonimato propiciado pela internet, denunciaram a falta de transparência que a CoBM tem com as doações de seus membros. Além disso, em 2002 surgiu uma polêmica que até hoje persegue a organização.

Dois de seus ministros, Alva Richcreek e Steve Truitt foram detidos sob a acusação de praticar a medicina de maneira ilegal, após terem realizado uma operação de modificação genital sem a devida autorização.

A CoBM organizou uma campanha de arrecadação de fundos com a venda de camisetas para apoiar legalmente seus seguidores, mas até o momento o destino do dinheiro não foi esclarecido.

O presidente da congregação não quis fazer declarações e se remeteu a um comunicado publicado na Internet. Por estas razões, muitos pensaram que o fim da igreja estava próximo, só que pouco a pouco continua conquistando fiéis "cansados de ser discriminados ou ignorados" pela sociedade devido a sua decisão de modificar seu corpo, segundo aponta o comunicado.

Fonte: Terra notícias
 


Rainha Maria - Todos os direitos reservados
É autorizada a divulgação de matérias desde que seja informada a fonte.
https://www.rainhamaria.com.br

PluGzOne