18.07.2008 - A Declaração de Madri, que reúne as conclusões da Conferência Mundial para o Diálogo, terminou hoje pedindo para a Assembléia Geral da ONU a convocação de uma sessão especial para promover o entendimento entre religiões, civilizações e culturas.
Os participantes deste fórum, - que reuniu políticos, intelectuais e pesquisadores de todas as religiões e cultos na capital espanhola - pedem que o rei da Arábia Saudita e promotor desta reunião, Abdullah bin Abdul Aziz, "aja para organizar esta sessão o mais rápido possível".
Abdallah al-Turki, secretário da Liga do Mundo Islâmico, entidade que organizou este fórum, explicou em coletiva de imprensa que esta proposta responde ao interesse comum em fomentar o diálogo "em nível mundial".
Segundo Turki, a Conferência de Madri foi "apolítica", não teve nada a ver com nenhuma ideologia concreta, e seus participantes foram escolhidos por seus conhecimentos, não por suas afiliações.
"A conferência insistiu no comum, nos valores comuns" dos adeptos às distintas confissões ou credos porque, segundo Turki, "o mundo é uma família humana que passa por uma crise ou tem problemas que requerem um esforço conjunto".
Para dirigir esse esforço, os participantes concordaram em criar um grupo de trabalho que se encarregará de "estudar os problemas que criam obstáculos para o diálogo" e preparar estudos com as perspectivas para resolver essa problemática.
Os participantes constataram que "o terrorismo é um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento do diálogo e da convivência, e é um fenômeno global que requer esforços internacionais para fazer frente a ele, com um espírito de seriedade, responsabilidade e eqüidade" e através de um acordo sobre a definição do mesmo.
A declaração final declara ainda o apoio ao reforço da cooperação entre instituições religiosas, culturais, educativas e de informação para consagrar "os nobres valores morais (...) promover as boas práticas sociais com a intenção de fazer frente à libertinagem, à decadência, à desintegração da família, e aos diferentes vícios".
No mesmo texto, recomendaram "lutar contra as teorias que defendem o inevitável choque entre as civilizações e as culturas", fortalecer os valores humanos comuns, promover uma cultura de tolerância e concordar um pacto mundial para o diálogo entre religiões e culturas.
O secretário-geral adjunto da Liga do Mundo Islâmico, Abdul al-Zaid, foi o encarregado de ler o texto da Declaração final na sessão de fechamento, na qual também participou o representante do Vaticano e presidente do Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso, cardeal Jean Tauran.
Tauran disse que durante os três dias que durou a Conferência conseguiram constatar que "é possível respeitar nossas respectivas formas de fé" e que "o diálogo é o melhor caminho para contribuir para a harmonia e a paz".
Neste fórum, também participaram , entre outros, o secretário-geral do Congresso Mundial Judeu, Michael Schneider, o presidente da Fundação para a Cultura de Paz, Federico Mayor Zaragoza, o representante da ONU para a Aliança de Civilizações, Jorge Sampaio, e o diretor do Congresso Judaico Latino-americano, o rabino Cláudio Epelman.
No total, foram mais de 200 os representantes das três religiões monoteístas (cristianismo, judaísmo e Islã), de outros credos como o hinduísmo e o budismo, e de distintas escolas de pensamento de todo o mundo.
A conferência foi inaugurada pelo monarca saudita, em cerimônia em que foi acompanhado pelo rei Juan Carlos da Espanha e pelo presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.
O monarca árabe ressaltou então que a única saída para que a humanidade recupere a perda de valores, acabe com a confusão de conceitos e com o período crítico pelo qual passa - conseqüência do vazio espiritual - é encontrar um acordo através do diálogo entre as religiões e as civilizações.
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