15.12.2019 -

Por Antonio Socci

Algumas páginas do meu livro "O deus Mercado, a Igreja e o Anticristo"

Outro caso interessante é o aparecimento da Madonna em La Salette, em 1846, que foi reconhecida pela Igreja. Na mensagem de 6 de julho de 1851, diz-se que "não passará duas vezes cinquenta anos" e "o anticristo nascerá".

No segredo de 1879, escrito por Melania, vários anos após a aprovação das aparições (sobre as quais, portanto, não há aprovação da Igreja), lemos entre outras coisas (...): "Roma perderá a fé e se tornará na sede da Igreja o " anticristo ". E então: "A Igreja será eclipsada; o mundo ficará consternado ".

(...) Mas a mística que mais falou do Anticristo e com mais clareza é do século XX: Maria Valtorta. (...) A ela também devemos três volumes de ditados de origem sobrenatural - de 1943 a 1950 - atribuídos principalmente a Jesus Cristo, publicados sob o título Quaderni.

Em um desses "ditames", em 27 de agosto de 1943, depois no meio da Segunda Guerra Mundial e totalitarismos, Jesus diz para a mística: "Agora estamos no período que chamo de precursores do Anticristo. Depois vem o período do anticristo, que é o precursor de Satanás ".

Qual é a geração que verá o anticristo? Parece que podemos deduzir que é o nosso do ditado de 20 de agosto de 1943, no qual Jesus nos exorta a orar por aqueles que viverão esses sofrimentos: "(...) Muitos deles já estão na Terra".

No ditado de 23 de julho, Jesus diz a Valtorta: "É lógico que em um mundo onde tantas luzes espirituais estarão mortas, o reino curto, mas tremendo do Anticristo está claramente estabelecido."

Nesse contexto, Ele explica que "muitas estrelas serão esmagadas pelas bobinas de Lúcifer. [...] Elas são o que Eu chamei de sal da terra e a luz do mundo: Meus ministros." Ele acrescenta: "A Igreja não vai morrer, porque Eu estarei com Ela. Mas Ela vai experimentar horas de escuridão e horror semelhantes aos da Minha Paixão."

Em 20 de agosto de 1943, Ele explica ainda: «Ele será uma pessoa muito elevada como estrela. Não é uma estrela humana que brilha no céu humano. [...] fará tremer as colunas da Minha Igreja, no desânimo que irá despertar a sua queda."

Em 9 de dezembro de 1943, em outro ditado, entre outras coisas, lemos: "Lembre-se do Apocalipse de João. (...) Quando essa colheita demoníaca ocorrer na corte de Cristo, entre os grandes de Sua Igreja, então, na luz que apenas brilha e é mantida como a única lâmpada nos corações dos fiéis a Cristo, então [...] virá o ídolo pastor, que será e ele ficará onde seus senhores vão querer ».

Um dos aspectos mais marcantes desses ditames é a descrição perfeita da gigantesca crise espiritual de nossa época, da qual a crise do clero e dos pastores da Igreja é o aspecto mais doloroso descrito aqui.

O padre Livio Fanzaga, refletindo sobre esses textos, extrai a convicção, além de motivada, de que "segundo Valtorta [o Anticristo] seria um eclesiástico".

Em seguida, ele imediatamente esclarece: "A primeira verdade a ser reiterada com a máxima clareza é que o papa é a única pessoa que não pode ser o Anticristo. Na verdade, ele é aquela pedra sobre a qual a Igreja é construída e contra a qual as forças do inferno nunca prevalecerão. No máximo, pode ser um antipapa, mas não o papa validamente eleito."

Uma observação interessante que - como hipótese escolar - também pode ser estendida a outras séries do mesmo tipo. Por exemplo, a possibilidade de um papa herético de quem John Henry Newman (agora canonizado) já escreveu, afirmando, com base no direito canônico, que "o papa que ensina heresias ipso facto não é mais papa" (...).

Finalmente, um estudo de caso desse tipo pode ser o que dá a chave para interpretar o terceiro segredo de Fátima, no caso de os dois personagens mencionados lá - "um bispo vestido de branco" (visto "como um espelho") e "o Santo Padre, meio trêmulo, com passos vacilantes "- consideram-se duas pessoas diferentes e não a mesma pessoa. Foi o que assumi em 2006 no meu livro O quarto segredo de Fátima.

Como já foi visto, a questão de Roma é singular. Sobre o qual também medita o cardeal Newman, que "segue principalmente a tradição e, na Terceira Leitura sobre" A Cidade do Anticristo ", mora na natureza ambivalente de Roma que agora parece" a grande Babilônia ", agora, como sede da Igreja e último "reino" da profecia de Daniel, é um obstáculo ao advento do anticristo, kathécon ".

É assim que Andrea Sandri escreve, acrescentando que "Solov'ov e Benson concordam em descrever o fim da sinfonia romana e a transferência apocalíptica da Sé do Papa para a Terra Santa".

Sandri, que lembra esses autores no posfácio do livro O Anticristo, de Reinhard Raffalt, aponta como esse pensador, em seu ensaio de 1966, «lida com, fazendo referência explícita às Leituras de Newman, o tema de Roma como sede do Anticristo, e, com extraordinária experiência teológica e arqueológica ", formula uma tese sugestiva.

Nas Escrituras Sagradas, diz-se que "o maior objetivo" do Anticristo será "estabelecer-se no templo do Senhor".

Muitos dos que comentaram essa profecia bíblica ao longo dos séculos "fazem esse templo coincidir com o antigo santuário judeu em Jerusalém".

Hoje, no entanto, não há mais nada, além das pedras do Muro das Lamentações. Enquanto, Raffalt escreve, "na Igreja de São Pedro, em Roma, há um detalhe que sempre me fez refletir. [...] Uma coluna de antiguidades tardias é preservada (...). De acordo com uma tradição antiga, esta é a única coluna restante no Templo de Jerusalém. O escultor Lorenzo Bernini foi inspirado por sua forma para as quatro colunas que possuem o famoso dossel de bronze do Túmulo de São Pedro. Isso não aconteceu sem uma intenção específica. Era para documentar a permanência do legado que fluiu da história da salvação de Israel para a Igreja. O mundo teve que reconhecer que o Templo da Antiga Aliança se encaixa no coração da Igreja. [...] Portanto, no dia em que, no futuro desconhecido, o Anticristo aparecerá, pode-se não pensar que ele vai escolher o dossel no túmulo do Apóstolo, que inclui o Templo de Israel, como um teatro para a cena horrível em que ele vai sentar-se no lugar de Deus."

Essa é uma hipótese realmente perturbadora. E Raffalt ressalta que "não apenas os inimigos da Igreja, mas também alguns de seus fervorosos defensores, como o cardeal Newman, relacionaram os últimos tempos de Roma ao anticristo e não negaram que o maior inimigo de Deus pode surgir da mesma igreja. Conclusões terríveis, imagens angustiantes ».

Além disso, por volta de 1900, foi revelada a misteriosa visão do Papa Leão XIII, à qual o futuro próximo da Igreja foi revelado com a imagem da basílica de São Pedro atacada por demônios. Foi-lhe dito que Satanás seria libertado de suas correntes por um tempo para "provar" a Igreja.

O pontífice, profundamente impressionado, escreveu um exorcismo especial, que ele recomendou que fosse usado com frequência por bispos e padres. Na redação original desse exorcismo Em Satanam et angelos apostaticos (Contra Satanás e os anjos apóstatas), inserido no Ritual Romanum, lemos esta fórmula misteriosa: "Eis a Igreja, Noiva do Imaculado Cordeiro, saturada de amargura e regada com veneno de inimigos muito astutos; eles impuseram as mãos ímpias sobre tudo o que é mais sagrado. Onde a sede de São Pedro e a cadeira da Verdade foram estabelecidas, ali eles impuseram o trono de sua abominação; para que batendo no pastor, o rebanho possa ser dispersado ».

Fonte: www.antoniosocci.com  via  www.sinaisdoreino.com.br

 

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