09.09.2018 -
Por Nikko Lane
Esta segunda-feira, como resposta às críticas dirigidas ao Vaticano, o Papa Francisco incitou a Igreja de Cristo a lutar com “silêncio e oração” contra aqueles que causam divisão.
Silêncio e oração. Vejamos o que o Papa Francisco poderia ganhar com silêncio e oração.
Em primeiro lugar, ele pede silêncio. Porquê? De facto, há momentos destinados ao silêncio. Perante o Santíssimo Sacramento. Quando alguém se senta na beleza do silêncio no mistério em que se oferece o Senhor Jesus Cristo durante a Santa Missa, o silêncio em solene lembrança de um ente querido que faleceu na esperança do abraço da Paz de Nosso Senhor.
Mas será o silêncio realmente necessário neste momento em que a Igreja está em crise? Enquanto os membros da Igreja não conseguirem perceber o que se tem passado durante último mês do pontificado do Papa Francisco, a maioria dos católicos de todo o mundo quer respostas. Santo Padre, o senhor está a dizer a verdade? Santo Padre, Viganò está a dizer a verdade? O Santo Padre sabia alguma coisa daquilo?
Até agora, a resposta do Papa às vítimas do escândalo de abuso sexual por parte de elementos do clero dos Estados Unidos incluiu (parafraseando):
Somos todos os culpados e, como leigos, devemos todos trabalhar para melhorar as coisas na nossa Igreja.
Se leram a carta de Carlo Maria Viganò que me acusa e às pessoas a quem sou leal, decidam por vocês mesmos.
Foram feitas acusações graves e estão em jogo grandes implicações. No entanto, o sucessor de São Pedro não faz mais do que permanecer em silêncio e em oração.
O Papa Francisco pede silêncio. Aqueles que acreditam nele dizem que a causa deste escândalo de abuso sexual, o encobrimento e a crise que dele resulta é uma questão de clericalismo (a “cortina de fumo” mais comum do Papa e das pessoas que lhe são próximas). Eu diria que o Santo Padre nem sequer se referiu ao assunto em concreto.
Pede silêncio, mas porquê? A carta de Viganò implica o Papa Francisco em crimes graves contra o seu povo. O silêncio seria apropriado. A ironia é que, se há divisão na Igreja, é somente porque o Papa Francisco, culpado ou inocente, não tratou do assunto em questão. De todas as vezes que Francisco coloca o ónus deste escândalo nos leigos da Igreja, em vez de o colocar em si mesmo (e nos bispos e arcebispos que ele conscientemente designou, apesar dos conselhos que lhe propunha melhores candidatos), ele prejudica ainda mais as pessoas que realmente sofrem: as crianças, os estudantes, jovens adultos e seminaristas que foram abusados física e sexualmente pelos McCarricks e clérigos dos Estados Unidos. Ele causa sofrimento e volta a causar, institucionalmente, pelas suas ações ou pela falta delas.
Porque faz ele isto? E continuamente?
Isto leva-nos à sua próxima proposta para combater a “divisão”: a oração. João Vianney disse: “A oração é o banho interior de amor no qual a alma mergulha”. A oração do Papa Francisco tem sido pública e em frente das câmaras, no Instagram e no Twitter, desde o primeiro dia do seu pontificado. Aqui está uma observação importante: o Papa Francisco faz questão de ser visto pela midia. Ele faz com que se conheça bem o facto de que ele não permanece nas instalações a que, como Papa, tem direito. Ele vive uma vida de “pobreza visual”, tentando ser como o grande Francisco de Assis, seu homónimo. Mas Francisco de Assis mantinha uma pobreza espiritual e interior. Ele abandonou os seus bens materiais para ser pobre, sim, mas a sua espiritualidade de negação de si mesmo na exultação do Senhor era a missão desse querido santo. São Francisco nunca subverteria a doutrina católica sobre o casamento, a santidade da vida, a sexualidade, a Santa Eucaristia e, mais importante, o papel da família no plano de Deus como o Papa Francisco tem subvertido. O Papa Francisco reescreveu a doutrina da Igreja quando subverteu o ensinamento sobre a atração pelo mesmo sexo; permitiu que pessoas que viviam em adultério recebam a comunhão; e ridicularizou as famílias católicas por serem muito “parecidas com coelhos” na procriação de filhos.
Por que razão sugeriria ele oração? Evidentemente, poderia pedir-nos a todos para orar pela paz e pelo fim do sofrimento. Ou poderia pedir para enterramos as nossas cabeças na areia, tapar as nossas bocas e esquecer tudo o que D. Carlo Maria Viganò acusara a ele e aos seus colaboradores. Será que ele quer afastar a atenção de si mesmo, dos McCarricks, dos Wuerls e dos Tobins, enquanto nós, o rebanho, estamos em silêncio e oração?
Silêncio é o que o Papa agora nos pede. Silêncio e oração.
Continuarei a orar pela Santa Sé e pela Igreja que São Pedro recebeu do próprio Jesus Cristo para liderá-la. Orarei pelas inúmeras vítimas de abusos do clero e pelas suas famílias e ainda para que elas encontrem a cura no divino amor de Deus. Também orarei pelos maravilhosos sacerdotes que se têm manifestado, chocados com este escândalo e com a falta de resposta do Papa, para que eles continuem a ter coragem apesar da covardia do seu líder. E, por último, continuarei a orar pelos leigos fiéis, que, segundo todos os relatos, têm fortalecido a sua fé, apesar da falta de honestidade e de liderança nos mais altos postos da hierarquia da nossa Igreja.
Mas eu não permanecerei em silêncio. O silêncio apenas implica a culpa do Papa. Não me calarei enquanto a Igreja de Cristo necessitar que os líderes chamem a heresia e a injustiça pelo nome. Continuarei a falar. Irei dizer a verdade. Irei proclamar a Boa Nova. A Palavra da Vida Eterna sobreviveu no passado a muitos papas corruptos e a muita adversidade e continuará muito para além do seu silêncio, Papa Francisco.
Visto em: odogmadafe.wordpress.com via www.rainhamaria.com.br
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