10.06.2018 -
Preparado especialmente para uma reunião de bispos católicos da Amazônia, um documento do Vaticano diz que a Igreja Católica deveria fazer “propostas ousadas” sobre o ordenamento de homens idosos casados como sacerdotes para a região. Divulgado nesta sexta-feira 8, o texto também diz que, durante o Sínodo previsto para outubro de 2019, a Igreja deveria cogitar a atribuição a mulheres da Amazônia algum “tipo de ministério oficial”.
O Sínodo incluirá bispos e outros representantes da hierarquia da Igreja de nove países da região amazônica e outros grupos sociais, como os líderes de povos indígenas. O documento preparatório para o Sínodo também renova o apelo do papa Francisco para que se proteja a Amazônia da ganância de empresas e de consumidores, ao tratar a região como vital para o planeta.
O texto preparatório pede uma solução da Igreja para o problema da falta de padres para rezar missas nas paróquias da região, com mais de 7,5 milhões de quilômetros quadrados.
“Um dos principais pontos a ser ouvidos é o clamor de milhares de comunidades, sem acesso à Eucaristia de domingo por longos períodos de tempo”, diz o documento.
Atualmente, apenas os sacerdotes podem consagrar as hóstias, a representação do corpo de Cristo, nas missas. O documento pede um “processo de discernimento” dentro da Igreja para responder às “realidades concretas do povo amazônico”.
O texto afirma que a presença da Igreja na Amazônia “se tornou precariamente escassa” por causa do território vasto e de sua diversidade cultural. Embora não mencione, está implícito nessa consideração o avanço das religiões pentecostais na região.
O Sínodo deve debater a possibilidade do ordenamento viri probati – homens de caráter comprovado, em latim – para lidar com a carência de padres. Membros idosos e destacados da comunidade católica local, com filhos já crescidos, poderiam ser ordenados sacerdotes.
Em uma entrevista concedida a um jornal alemão no ano passado, Francisco disse estar disposto a estudar o ordenamento de homens casados idosos como padres em comunidades isoladas, mas descartou tornar o celibato opcional para lidar com o déficit de clérigos no restante do mundo.
O papa rejeitou acolher todos os homens casados no sacerdócio ou amenizar o compromisso da Igreja com o celibato, visto como uma virtude que permite aos padres devotarem sua vida plenamente ao serviço de Deus.
Visto em: Veja online
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