Bispo Schneider: Se nas atuais circunstâncias o Papa não cumpre sua tarefa, os bispos deverão pregar indefectivelmente o Evangelho imutável sobre a doutrina divina da moralidade, porque o Papa não é um ditador


09.12.2016 -

“Se nas atuais circunstâncias o Papa não cumpre sua tarefa, os bispos deverão pregar indefectivelmente o Evangelho imutável sobre a doutrina divina da moralidade e a disciplina perene do matrimônio. Inclusive procedendo fraternalmente desta maneira para ajudar o Papa, porque o Papa não é um ditador”

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O bispo Athanasius Schneider, apologeta da fé católica reconhecido internacionalmente, admite que já estamos vivendo um estranho cisma em uma parte do clero que professa a união com o Papa mas quebrou sua união com Jesus Cristo, a Verdade, e com Jesus Cristo, a verdadeira Cabeça da Igreja. O bispo Schneider realizou estes comentários em uma entrevista recente à estação de televisão francesa pela internet TV Libertes, em 4 de dezembro passado.

Tendo respondido à pergunta sobre o que poderia passar se a dubbia apresentada pelos quatro cardeais permanece sem resposta, perguntaram ao Bispo Schneider se existe risco de cisma em caso de continuar o silêncio por parte do Papa. O bispo Schneider respondeu:

“Não só existe risco de cisma, mas já existe um certo tipo de cisma na Igreja. Em grego, cisma significa separar-se da totalidade do Corpo. Jesus Cristo é a totalidade do Corpo da Verdade Divina, e a unidade em Seu corpo sobrenatural é também visível. Mas hoje estamos vendo uma estranha forma de cisma. Externamente, numerosos eclesiásticos salvaguardam a unidade formal com o Papa, às vezes pelo bem de suas carreiras ou por uma espécie de papolatria. E ao mesmo tempo quebraram sua união com Jesus Cristo, a Verdade, e com Jesus Cristo a verdadeira Cabeça da Igreja.

Por outro lado, existe eclesiásticos denunciados como cismáticos apesar de conservarem a paz canônica com o Papa, seguindo fiéis a Jesus Cristo, a Verdade, e promovendo Seu Evangelho com diligência.

É evidente que os que de verdade são cismáticos interiormente, em relação a Jesus Cristo, utilizam a calúnia com o propósito de silenciar a voz da verdade, projetando absurdamente seu próprio estado de cisma interior naqueles eclesiásticos que, indiferentes ao aplauso ou o açoite, defendem as verdades divinas.

De fato, tal como dizem as Escrituras, a palavra da Verdade Divina não está acorrentada. Inclusive se um número de oficiais com altos cargos na Igreja de hoje obscurecem a verdade da doutrina sobre o matrimônio e sua disciplina imutável, esta doutrina e disciplina se manterão sempre inalteráveis na Igreja dado que a Igreja não é uma fundação humana, senão divina.”

No começo da entrevista, o Bispo Schneider explicou a natureza das crenças cismáticas impostas na Igreja através de certos eclesiásticos:

“Antes de tudo, meu questionamento de Amoris Laetitia concerne o assunto concreto de admitir aos divorciados recasados à sagrada comunhão. De fato, durante os últimos dois sínodos sobre a família, e logo após a publicação de Amoris Laetitia houve, e continua havendo, uma árdua e tempestuosa luta sobre este assunto concreto.

Todos estes eclesiásticos querem outro Evangelho, ou seja, um Evangelho com direito ao divórcio, um Evangelho de liberdade sexual — em resumo, um Evangelho sem o sexto mandamento de Deus. Estes eclesiásticos utilizam todo tipo de meios malvados, isto é, armadilhas, decepção, retórica e dialética profissionais, e inclusive a tática da intimidação e a violência moral, para conseguir seu objetivo de admitir os divorciados recasados à sagrada comunhão, sem a condição tradicional de viver em perfeita continência, condição requerida pela lei divina.

Uma vez alcançado o objetivo, se bem limitado aos chamados casos excepcionais de discernimento, fica aberta a porta para introduzir o Evangelho do divórcio, o Evangelho sem o sexto mandamento. E este já não será o Evangelho de Jesus Cristo, mas um anti-Evangelho, um Evangelho segundo o mundo, ainda que a dito Evangelho o embelezam com palavras tais como “misericórdia”, “solicitude maternal”, ou “acompanhamento”.

Neste contexto, devemos recordar uma exortação apostólica de São Paulo que diz, “Mas, ainda quando nós mesmos, ou um anjo do céu vos pregasse um Evangelho distinto do que vos temos anunciado, seja anátema.” (Gálatas 1:8).”

Em resposta à pergunta se havia sucedido algo assim antes na Igreja, o bispo Schneider respondeu:

“Quanto à doutrina e a prática relacionada com o sacramento do matrimônio e a imutável validez da lei moral, estamos sendo testemunhas em nosso tempo de uma ambiguidade de tal alcance, comparável somente com a confusão geral da crise ariana do século VI.”

Ante a pergunta do que poderia suceder se a dubbia apresentada permanecesse sem resposta por parte do papa Francisco, o Bispo Schneider respondeu:

“A principal responsabilidade do Papa está estabelecida por Nosso Senhor de forma divina, e consiste em confirmar os irmãos na fé. O confirmar na fé significa dissipar dúvidas e trazer claridade. Só o serviço de clarificar a fé gera unidade na Igreja e é a primeira e ineludível responsabilidade do Papa.

Se nas atuais circunstâncias o Papa não cumpre sua tarefa, os bispos deverão pregar indefectivelmente o Evangelho imutável sobre a doutrina divina da moralidade e a disciplina perene do matrimônio. Inclusive procedendo fraternalmente desta maneira para ajudar o Papa, porque o Papa não é um ditador. E de fato, Jesus Cristo disse, “Os chefes dos povos, como sabeis, lhes fazem sentir sua dominação, e os grandes seu poder. No será assim entre vós, ao contrário: entre vós o que queira ser grande se fará o vosso servidor, e o que queira ser o primeiro de vós ha de fazer-se vosso escravo.” (Mt XX, 25-27).

Mais ainda, toda a Igreja deve rezar pelo Papa, para que encontre a sabedoria e a coragem para cumprir com sua responsabilidade primária. Quando São Pedro, o primeiro Papa, foi encarcerado, toda a Igreja rezou sem cessar por ele e Deus o liberou de suas cadeias.”

No começo de sua entrevista, o bispo Schneider assinalou que o papa Francisco deixou claro que Amoris Laetitia não é parte do Magistério:

“O valor magisterial da exortação apostólica Amoris Laetitia está determinado pela intensão de seu autor, o papa Francisco, quem expressou com afirmações claras, por exemplo a que cito em seguida: “Quero reafirmar que não todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas com intervenções magisteriais.” (AL 3). Estas são as palavras do Papa.

Segundo o Vaticano II, a função própria de um ato magisterial consiste em, cito: “Este Magistério, evidentemente, não está sobre a palavra de Deus, mas que, ensinando somente o que lhe foi confiado, a serve enquanto que por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo a ouve com piedade, a guarda com exatidão e a expõe com fidelidade, e deste único depósito da fé tira o que propõe que se deve crer como divinamente revelado.” (Dei Verbum, 10).

Com suas palavras, o papa Francisco deixou claro que não tinha a intensão de postular seu próprio ensinamento magisterial.  Segundo o papa Francisco, o objetivo de Amoris Laetitia era criar uma situação para discussões doutrinais, morais e pastorais, e que estas discussões não necessitam resolver-se com o Magistério.”

Comentário

O cisma é um pecado mortal contra a fé da Igreja que o Catecismo da Igreja Católica descreve como quebrando o primeiro dos dez mandamentos, “Adorarás ao Senhor teu Deus e só a ele servirás.” Estamos obrigados a nutrir e proteger, com prudência e vigilância, a fé herdada dos apóstolos e o presente individual da fé entregado a nós por graça de Deus. Devemos fazer tudo o que esteja ao nosso alcance, com assistência do Espírito Santo, para rejeitar tudo quanto se oponha à fé.

Tal como adverte o bispo Schneider, um número indeterminado de eclesiásticos vive em um estado de cisma interior contra a verdade divina de Jesus Cristo, e estão utilizando meios malvados para esconder a realidade de seu cisma, incluindo a táctica da intimidação e a violência moral. Para justificar seu cisma, estes eclesiásticos também tentam projetar a acusação do cisma contra o clero, como os quatro cardeais que com prudência e seriedade buscam proteger a fé. Os insultos pessoais e ataques dirigidos aos cardeais que apresentaram a dubbia indicam a verdade sobre quem são os verdadeiros cismáticos, dado que o cisma é um pecado contra a caridade.

Como comenta Santo Tomás de Aquino, “o cisma se opõe à unidade da caridade eclesial.”

Traduzido por Marilina Manteiga. Fonte: EWTN GB. e OnePeterFive

Via: Sensus Fidei

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Nota de www.rainhamaria.com.br

Declarou o Arcebispo francês Marcel Lefebvre:

"Não será dever de um católico julgar entre a fé que lhe ensinam hoje e a que foi ensinada durante vinte séculos de tradição da Igreja? Ora, eu acredito sinceramente que estamos tratando com uma falsificação da Igreja, e não com a Igreja católica. Por quê? Porque eles não ensinam mais a fé católica. Não defendem mais a fé católica. Eles arrastam a Igreja para algo diferente da Igreja Católica. A verdade e o erro não estão em pé de igualdade. Isso seria colocar Deus e o diabo em pé de igualdade, visto que o diabo é o pai da mentira, o pai do erro. Como poderíamos nós, por obediência servil e cega, fazer o jogo desses cismáticos que nos pedem colaboração para seus empreendimentos de destruição da Igreja? Se acontecesse do papa não fosse mais o servo da verdade, ele não seria mais papa. Não poderíamos seguir alguém que nos arrastasse ao erro. Isto é evidente. Não sou eu quem julga o Santo Padre, é a Tradição. Para que o Papa represente a Igreja e seja dela a imagem, é preciso que esteja unido a ela tanto no espaço como no tempo já que a Igreja é uma Tradição viva na sua essência. Na medida em que o Papa se afastar dessa Tradição estará se tornando cismático, terá rompido com a Igreja. Eis porque estamos prontos e submissos para aceitar tudo o que for conforme à nossa fé católica, tal como foi ensinada durante dois mil anos mas recusamos tudo o que lhe é contrário.  E é por isso que não estamos no cisma, somos os continuadores da Igreja católica. São aqueles que fazem as novidades que estão no cisma.  Estou com vinte séculos de Igreja, e estou com todos os Santos do Céu!”

Declarou o Papa São Félix III: "Não se opor a um erro é aprová-lo. Não defender a verdade é suprimi-la".

 

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