02.12.2016 -
O cardeal George Pell assegurou em Londres que um grupo de católicos praticantes estão «desconcertados pela mudança dos acontecimentos» na Igreja.
Em uma palestra na Igreja de São Patrício, na capital britânica, o purpurado garantiu que um dos motivos de preocupação são as falsas teorias sobre a relação entre a consciência e a lei moral
O cardeal Pell deu uma palestra sobre São Damião de Molokai como parte de uma série de conferências organizadas em São Patrício para o Ano da Misericórdia. E aproveitou a ocasião para falar sobre a situação do catolicismo hoje em dia. Disse que ainda que o Papa Francisco tenha «um prestígio e uma popularidade fora da Igreja» maior que qualquer outro Papa anterior, alguns católicos estão atualmente incômodos.
Posteriormente, o cardeal australiano, a quem se lhe encarregou de levar a cabo reformas financeiras no Vaticano por parte do Papa Francisco e é além disso membro do grupo de assessores do «G9» do Papa, criticou algumas das ideias sobre a consciência que estão se difundindo na Igreja.
O prelado disse que enfatizar a «primazia da consciência» poderia ter efeitos desastrosos, se a consciência não se submete sempre à Revelação e a lei moral. Por exemplo, «quando um sacerdote e um penitente estão tratando de discernir o melhor caminho a seguir no que se conhece como o foro interno», devem referir-se à lei moral. A consciência «não é a última palavra em vários sentidos», disse o cardeal e recordou que sempre é necessário seguir o ensinamento moral da Igreja.
O cardeal contou a história de um homem que estava dormindo e mantendo relações sexuais com sua noiva, e perguntou ao seu sacerdote se podia receber a comunhão. Seria «enganoso», disse o cardeal, dizer-lhe ao homem que simplesmente seguisse sua consciência.
Acrescentou que aqueles que enfatizavam «a primazia da consciência» só pareciam aplicá-la à moral sexual e às questões relativas à santidade da vida. Às pessoas, raras vezes eram aconselhadas a seguir sua consciência se lhes dizia que foram racistas ou lentas em ajudar aos pobres e necessitados.
O cardeal Pell citou os escritos sobre a consciência do Beato John Henry Newman, nos que o grande cardeal inglês, converso do anglicanismo ao catolicismo, rejeitou a «miserável falsificação» da definição de consciência como «o direito à vontade própria». Assinalou que Newman defendeu os papas Pio IX e Gregório XVI, pois sempre «condenaram uma consciência que rejeitasse a Deus e rejeitasse a lei natural».
O purpurado também rendeu homenagem às «duas grandes encíclicas» de São João Paulo II, Veritatis Splendor e Evangelium Vitae, que apresentam a lei moral como algo vinculante em todos os casos.
Ao ser perguntado se o mal-estar de alguns católicos pelo estado da Igreja estava relacionado com teorias falsas sobre a consciência, o cardeal Pell disse: «Sim, isso é correto».
Acrescentou que «a ideia de que se possa discernir de alguma maneira que as verdades morais não devem ser seguidas ou não devem ser reconhecidas é absurda». «Todos estamos sob a verdade», agregou, assinalando que a verdade objetiva pode ser «diferente de nossa compreensão da verdade».
Perguntado pela polêmica criada após a publicação das perguntas (dubias) que quatro cardeais fizeram ao papa Francisco sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia, o cardeal australiano respondeu: «Como podemos não estar de acordo com que se faça uma pergunta?» e concluiu que é significativo o fato de que se tenham feito essas cinco perguntas.
Fonte: www.infocatolica.com via www.sensusfidei.com.br
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