23.11.2015 -
O rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), dividiu um dos mais importantes mananciais do país em dois momentos. Um deles, o antigo Rio Doce, resguardava uma quantidade incalculável de peixes e anfíbios. O outro, que avançou sobre o primeiro em uma onda de lama, deixou em seu rastro uma mistura de lodo e água sem vida aparente e com profundo impacto ambiental, social e econômico.
Se no Espírito Santo ainda foram feitas capturas de algumas espécies para tentar preservá-las, nos primeiros 300 quilômetros do curso d'água, em Minas Gerais, não houve tempo ou capacidade suficientes para resgatar os animais da morte certa. A perda foi total. Como resultado da mortandade provocada pela falta de oxigênio, acumularam-se nas margens ou foram arrastados rio abaixo em uma cena que chocou a população ribeirinha.
– É, certamente, o maior extermínio de peixes registrado na América Latina – sustenta o ecólogo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais Ricardo Pinto Coelho.
Não há como ter certeza, hoje, do número de animais mortos pela avalanche de lodo. Levando-se em conta a biodiversidade do Rio Doce, é possível que pelo menos 71 espécies nativas de peixes tenham sido varridas do curso d'água – das quais 11 já se encontravam ameaçadas de extinção. Somadas às exóticas, são cerca de cem espécies afetadas.
Diversas pessoas, em um ato de desespero e pena dos animais que se atiravam para fora d'água em razão do sufocamento, ainda tentaram resgatar alguns espécimes. A pescadora de Conselheiro Pena (MG) Maria Amélia de Farias, 47 anos, entrou em choque ao ver milhares de peixes mortos ou moribundos arrastados pela correnteza – um dos principais símbolos do desastre ambiental de Mariana. Tomou um curimba (tipo de peixe) nos braços e não conteve um choro convulsivo.
– Tentei me controlar, mas não consegui. Vi os bichinhos brigando para viver no meio daquele lodo e desatei a chorar – conta.
Maria Amélia tomou em mãos um punhado de outros exemplares ainda vivos e colocou-os em uma espécie de piscina natural formada entre algumas pedras à margem do rio. Na sexta-feira, o Rio Doce subiu de nível e inundou o criadouro improvisado com sua água alaranjada e estéril.
A pescadora não faz ideia de onde vai tirar seu sustento após o desaparecimento dos piaus, cascudos, dourados ou pacumãs que vendia aos clientes.
– Construí minha casa e criei meus três filhos pescando. Estou perdida. Comecei a fazer faxina, mas não consigo sobreviver com R$ 150 por mês – desabafa.
Estima-se que cerca de 2 mil pescadores viviam das águas do Rio Doce. Como começou há pouco a piracema, período de desova dos peixes em que a pesca é proibida, os profissionais registrados têm quatro meses de salário a receber do governo federal. Depois disso, restará a incerteza sobre o futuro do Rio Doce e da profissão.
– Não tem mais peixe no rio, está tudo morto. Será que vai voltar a ter peixe? Quando? De que tipo? Até lá, na minha idade, como é que vou voltar para o mercado de trabalho? – pergunta-se o pescador José Lino dos Santos, 55 anos.
São questões para as quais ainda não há resposta.
Fonte: Jornal Zero Hora
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Diz na Sagrada Escritura:
"Ouvi a palavra do Senhor, filhos de Israel! Porque o Senhor está em litígio com os habitantes da terra. Não há sinceridade nem bondade, nem conhecimento de Deus na terra. Juram falso, assassinam, roubam, cometem adultério, usam de violência e acumulam homicídio sobre homicídio. Por isso, a terra está de luto e todos os seus habitantes perecem; os animais selvagens, as aves do céu, e até mesmo os peixes do mar desaparecem". (Oséias 4, 1-3)
"Para que ainda nos determos? Reuni-vos, e vamos para as cidades fortificadas: lá havemos de perecer. Porquanto o Senhor, nosso Deus, decidiu que pereçamos, fazendo-nos beber água envenenada, já que pecamos contra ele". (Jeremias 8, 14)
"Então, por que não encontrei pessoa alguma quando vim? Por que ninguém respondeu ao meu apelo? Tenho eu realmente a mão demasiado curta para libertar, ou não tenho bastante força para salvar? Contudo, com uma simples ameaça, seco o mar e transformo as ondas em terra firme, de forma tal a faltar água para seus peixes, e seus animais perecerem de sede". (Isaias 50,2)
"Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está escrito". (São Lucas 21, 22)
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