14.12.2012 - Já tínhamos comentado aqui o posicionamento claro tomado pela Loja do Grande Oriente da França, a mais antiga obediência maçônica existente, com relação ao recente projeto de conceder mais benefícios a pares homossexuais, suscitado pelo próprio presidente do país, François Hollande. Em nota divulgada no site da Loja, “o Grande Oriente da França recorda que as igrejas devem estar restritas unicamente à esfera espiritual, e não devem interferir, com imprecações e declarações violentas e detestáveis, no legítimo debate público e democrático” (tradução nossa).
Agora, novas informações são disponibilizadas pelo site Religión en Libertad, confirmando os interesses da maçonaria em intensificar a ofensiva à religião no país. Entre outras coisas, fala-se especialmente do número significativo de maçons do Grande Oriente presente na alta cúpula do governo Hollande – dos 38 ministros, um terço seria favorável aos interesses propagados pela Loja. Os importantes ministérios da Educação e da Defesa, por exemplo, já foram tomados.
Um pouco de história
O mais interessante é o que vem no final da notícia: “Esta influência está provocando rivalidades entre as lojas, e algumas denunciam a prepotência do Grande Oriente da França, que é a que, nestes momentos, desfruta de maior presença quantitativa e qualitativa no aparato de poder” (tradução nossa).
Esta observação revela um fato importante para compreendermos melhor a maneira como age a maçonaria: não há uniformidade completa de culto e ação em todo o seu organismo, como equivocadamente é muitas vezes pressuposto. À semelhança da história do Cristianismo, a da maçonaria é recheada de cismas e rupturas. Na França mesmo, é emblemática a cisão que ocorreu na Loja do Grande Oriente, que acabou dando origem a outras três obediências. É o que conta-nos padre Jesus Hortal (2002, p. 18). O Grande Oriente da França:
Começou por substituir o lema Deus meumque ius (“Deus e o meu direito”) pelo de suum cuique ius (“a cada qual o seu direito”). Esse passo, de fundo claramente antirreligioso, completou-se em 1877, quando foi riscada qualquer referência ao “Grande Arquiteto do Universo”, e foram introduzidas, nos estatutos, modificações que garantiam a admissão de ateus dentro das lojas. O Grande Oriente da França tomou, no século XIV, mas sobretudo durante o Governo Combes, nos inícios do século XX, atitudes extremamente anticlericais. Contudo, ao lado desse Grande Oriente, subsistem, na França, outras obediências maçônicas: a Grande Loja da França, a Grande Loja Nacional da França e a Maçonaria mista ou co-Maçonaria, denominada também de “Direito Humano”.
Limitamo-nos à descrição das brigas na França, mas elas aconteceram na maçonaria ao redor de todo o mundo, inclusive no Brasil (HORTAL, 2002).
Aí vem a grande questão: não devem existir, entre as múltiplas lojas hoje associadas a diferentes obediências, uma ou outra “conciliável” com a fé católica? A resposta do Magistério é incisiva: não. Mas, não custa lembrar que, mesmo em cisões como as que se deram na França – em que outras obediências acabaram destoando, em certos pontos, do anticlericalismo exacerbado do Grande Oriente -, os princípios essenciais da associação, contrários à boa e velha doutrina da Igreja, permaneceram os mesmos. Embora não maquinando abertamente contra o Cristianismo, por meio de perseguições escancaradas aos seguidores da religião, os maçons continuam ensinando a velha cartilha deísta, naturalista e iluminista sob a qual eles nasceram. Continua, portanto, impossível a um católico estar ao mesmo tempo abrigado sob o teto da comunhão e filiado às seitas maçônicas.
Nada de novo debaixo do sol
Ainda segundo a notícia de ReL, “os maçons querem constitucionalizar a lei de 1905 – atualmente vigente, ainda que parcialmente reformada -, especificamente anticatólica e responsável pela progressiva descristianização do país ao longo do século XX. (…) A presença da Igreja foi desaparecendo das instituições onde havia sido milenária, em virtude dessa lei, que agora a maçonaria quer transformar em tronco da República, blindando-a contra qualquer reforma ou supressão” (tradução nossa).
Para quem não sabe, a lei de 1905 significou na França a separação entre o Estado e a Igreja, acompanhada de uma agressiva laicização das escolas e demais instituições da República. E contou com o apoio decisivo da franco-maçonaria, o mesmo que fortaleceu o governo Calles na guerra cristera no México, produzindo uma legião de mártires católicos.
Não são novos estes ataques virulentos dos franco-maçons à Igreja e à liberdade religiosa. A França, que já foi palco da intolerância dos laicistas no debate público, sofre, mais uma vez, com a investida destes que, sedentos pelo poder, querem calar qualquer um que ouse passar por seu caminho: não respeitam ninguém, nem os cidadãos, nem a Igreja, nem o próprio Deus. Que Nossa Senhora de La Salette tenha piedade da França.
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Referências:
HORTAL, Jesus. Maçonaria e Igreja: conciliáveis ou inconciliáveis?. 4. ed. São Paulo: Paulus, 2002.
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/
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