Desemprego e financiamento imobiliário são causas de suicídios na Espanha


11.11.2012 - Nos últimos meses ocorreram na Espanha casos de suicídios provocados principalmente pela crise financeira.

Casos como de José Miguel Domingo Águila, 54 anos, que se enforcou quando soube que ia ser despejado do seu imóvel, justo sobre o local onde tinha o seu negócio, no edifício onde a sua família possuía há muito anos em Granada. Ou do caso mais recente que aconteceu nesta sexta-feira, no País Basco, quando uma mulher de 53 anos, ao saber que ia ser despejada, se jogou da sacada do apartamento onde morava, do quarto andar.

Casos como esses levaram a juízes e políticos a se reunirem em várias partes da Espanha para tomar “soluções urgentes” para o grave problema dos despejos.

Na próxima segunda-feira, seis especialistas se reunirão para apresentarem uma proposta.

Em Barcelona, durante a reunião de 46 juízes que aconteceu na última quarta-feira, representando cerca de 2.000 juízes de todo o estado da Catalunha, se manifestaram em apoio total ao relatório preparado pelo Conselho Geral do Poder Judicial, no qual pediam uma mudança na lei das hipotecas e garantias de que não pode ser indiferente ao problema social despejos gerados. Entre as propostas, alertavam para se adaptar aos tempos de crise, incluindo uma mudança na lei para hipoteca com o intuito de controlar o “problema social” de despejos.

Também na quarta-feira passada, o coordenador federal da IU (Isquierda Unida), Cayo Lara, esteve reunido com o presidente Mariano Rajoy, para pedir um plano de emergência contra o desemprego e outra para lidar com a pobreza, com cerca de 1.500 milhões de euros, e como a participação de todas as forças políticas para resolver o problema dos despejos.

Saúde Pública

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para o aumento desses casos de suicídios associados ao desemprego e a inadimplência dos financiamentos imobiliários. Segundo a FEAFES (Confederação Espanhola de Agrupação Familiar e Pessoas com Enfermidade Mental), explica que a conduta suicida não é uma atitude aleatória e sim que, em certa medida, se pode prever, já que se encontra associada a certos fatores que aumentam a probabilidade de desenvolver condutas suicidas entre elas a perda de emprego, mas que a situação de desemprego. Já as estatísticas do INE (2006), o número de suicídios que ocorreram na Espanha, associado do desemprego aumentou.

O grande problema do despejo na Espanha está no fato de que mesmo que o inadimplente entregue o imóvel financiado ao banco, mesmo que tenha pagado anos, ele não quita a dívida. Pior, ele ainda segue com a dívida do financiamento inicial.

As autoridades públicas espanholas estão sendo cúmplices na violação deste direito fundamental da constituição e de tratados internacionais. Segundo o “Pacto Internacional” sobre os “Direitos Econômicos, Sociais e Culturais”, onde diz que o Estado é obrigado a fazer todo o possível para impedir os despejos forçados por razões econômicas. E se não for evitada, deve assegurar que cumpram com todas as garantias processuais, dignas e adequadas e um lugar alternativo para as famílias.

O empobrecimento da população espanhola, os números crescentes de desemprego, juntamente com centenas de despejos diários, está levando ao apoio de milhares de espanhóis a aderir a uma greve geral marcada para a próxima quarta-feira, dia 14 de novembro.

Fonte: IAnotícia

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