10.10.2012 - “O pluralismo religioso crescente constitui um elemento que exige uma consideração séria. A presença cada vez mais concreta de comunidades pentecostais e evangélicas em muitas regiões da América Latina, não pode ser ignorada nem subestimada”. Papa Bento XVI (1)
De acordo com os dados sobre religião do Censo 2010, recém-divulgados pelo IBGE, a diversidade religiosa do Brasil está não apenas nas muitas religiões representadas, mas, sobretudo na diversidade geográfica. A porcentagem de católicos por estado na população varia entre 85,1% no Piauí e apenas 45,8% no Rio de Janeiro; enquanto a evangélicos vai de apenas 8,7% no Piauí a 33,8% em Rondônia (três vezes e meia mais). É como se tratássemos de países totalmente distintos.
Cada religião no Brasil tem uma força geográfica diferenciada. A força relativa do catolicismo está no interior do Nordeste, em Minas Gerais e na região Sul. O espiritismo tem áreas de concentração no Triângulo Mineiro (herança de Chico Xavier) e no sudeste do Rio Grande do Sul. O “paraíso da umbanda” está (ao contrário do que se poderia pensar) no extremo sul do Brasil, perto da fronteira com o Uruguai.
Entre 2000 e 2010, a porcentagem da população que se declara católica (o que significa mera autoidentificação, independente de prática) caiu nove pontos, de 73,6% para 64,6%. A própria igreja católica tinha esperanças, não de ter crescido, mas, pelo menos de ter diminuído o ritmo de queda, que continua em quase 1% ao ano. Porém, os esforços para conter a evasão até agora não mostraram efeito. Ao contrário, o catolicismo atingiu dois marcos neste Censo. Pela primeira vez, sofreu uma queda no número absoluto de fiéis (antes, caía somente em porcentagem da população, mas não em número total de católicos). Além disso, os católicos já constituem minoria da população em três estados (Rio de Janeiro, Rondônia e Roraima).
De forma geral, o catolicismo continua mais sólido em regiões de população mais estabilizada, nas zonas rurais e nas áreas do Sul que foram colonizadas por imigrantes europeus de tradição católica. O crescimento evangélico é inverso: floresce mais nas zonas urbanas e em regiões de maior fluidez populacional (fronteiras agrícolas e periferias das grandes cidades).
Quanto às outras religiões, o segmento que mais cresceu proporcionalmente foi o espiritismo (de 1,3% em 2000 para 2% em 2010). Entretanto, é difícil saber quanto disso é crescimento mesmo e quanto se deve ao fato de mais pessoas assumirem que são espíritas. Os espíritas são, de longe, o segmento religioso mais rico, branco e instruído. São mais de 400 editoras de livros espíritas. Há aproximadamente, 100 jornais espíritas em atividade e aproximadamente 25 revistas mantidas por grupos espíritas ou editoras independentes. A Federação Espírita Brasileira tem em seu registro mais de dez mil centros espíritas por todo o país (Revista Espiritismo, n.08, 2010, pp.18 e 24).
Os sem-religião também cresceram, mas não tanto quanto nas últimas décadas do século 20. De 7,3% em 2000, chegaram a 8,0% em 2010. Pela primeira vez, o Censo mostrou claramente o que já se desconfiava: apenas 4% dos sem-religião são ateus!
Quanto aos evangélicos, primeiro os números frios. Eles já constituem 22,2% da população, chegando a 28,5% na região Norte, mas caindo para 16,4% no Nordeste. Em números absolutos, é o segmento religioso que mais cresceu na primeira década do século 21, chegando agora a 42,3 milhões de brasileiros. As igrejas evangélicas no Brasil arrecadam, por mês, cerca de um bilhão de reais em dízimos e contribuições de seus fiéis (Cristianismo Hoje, 12/2009-01/2010, p, 8). O país tem cerca de 130 grandes editoras especializadas, responsáveis pela venda de 60 milhões de Bíblias em 2011(Revista O Globo, 30/09/2012, p. 38).
As análises se complicam com as mudanças internas do segmento evangélico. Segundo o Censo, 60% dos evangélicos são pentecostais, 18,5% são “de missão” (ou seja, de igrejas históricas ou tradicionais) e 21,8% estão numa categoria que o IBGE chama de “evangélicos não determinados”!
Alguns dos não determinados podem ser não praticantes (a não prática não é exclusividade católica, como mostram os países protestantes da Europa). Porém, há outras hipóteses. Podem
“Um conhecido líder evangélico previu que até 2020 os evangélicos superarão os católicos; o Censo mostra quão longe estamos disso. A tendência ao exagero numérico no meio evangélico é preocupante, mas não é exclusividade dos evangélicos. Se a Marcha para Jesus reuniu, segundo os organizadores, mais de 5 milhões de pessoas, a pesquisa do Datafolha constatou apenas 335 mil. Semelhantemente, os organizadores da Parada Gay anunciaram 4 milhões de participantes e o Datafolha constatou apenas 270 mil”, escreve Paul Freston, professor de sociologia na Universidade Federal de São Carlos (2).
SEITAS E A NOSSA REAÇÃO
“Certamente a expansão das seitas constitui uma ameaça para a Igreja Católica...”. Papa João Paulo II (RM, 50).
Vivemos num mundo de crises. Conflitos camuflados e pessoas anestesiadas. A camorra tem executado pela sua prática capitalista no mundo inteiro e fazendo dele “Campo-Santo” e com novas modalidades de “Campas”, principalmente para os vivos, ou seja, vivo-mortos.
A mais terrível crise na Igreja é a perda de católicos. Não pelo espaço vazio deixado por eles, mas, por uma vida sem fé, sem comunidade, sem Eucaristia e sem certeza de vida eterna. Por caírem nas garras de falsos líderes religiosos. Por aumentar o exército contra a Igreja. Por desorientação doutrinária, falta de acolhida e escândalos.
Como responder ao Bom Pastor por uma ovelha perdida? Será que Ele não ensinou a encontrá-la? Só assim é que podemos nos alegrar verdadeiramente?
Diz do Documento de Aparecida: “O compromisso missionário de toda a comunidade. Ela sai ao encontro dos afastados, interessa-se por sua situação, a fim de reencantá-los com a Igreja e convidá-los a retornarem para ela” (N. 2262).
São Paulo Apóstolo grita: “Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho! (1 Cor. 9,16). Por que São Paulo brada assim? Ele responde: “O amor de Cristo nos constrange” (2 Cor. 5,14).
Só quem ama Nosso Senhor Jesus Cristo, tem amor e paixão pela salvação das almas. É no amor de Cristo que somos discípulos e missionários da Boa Nova do Reino de Deus.
Só quem vive uma verdadeira experiência com Jesus Cristo tem no seu coração a compaixão e o serviço em prol da salvação.
CONCLUSÃO
Não podemos jamais deixar para as novas gerações o pepino, o abacaxi, a calda do foguete e a bomba da perda de católicos. Seria uma covardia, um vexame, uma falta de empenho arrojado na obra de evangelização, falta de caridade e um grande desprezo pela libertação das pessoas, principalmente do falso sistema religioso.
Dizia São Pedro Julião Eymard: “Fazer do mundo uma Eucaristia, convencido de que um século se torna grande em proporção ao seu culto a este sacramento”.
Depende de nós, para que o próximo século e os demais sejam grandes pela entrega total das almas ao Santíssimo Sacramento do Altar!
Mãos a obra, no poder renovador Divino Espírito Santo.
Pe. Inácio José do Vale
Pesquisador de Seitas
Sociólogo em Ciência da Religião
Professor de História da Igreja
Instituto de Teologia Bento XVI
E-mail: [email protected]
www.rainhamaria.com.br
Notas:
(1) L’osservatore Romano, 30/06/2012, p. 5.
(2) Ultimato, setembro-Outubro de 2012, pp. 56 e 57.
Pepe, Enrico. Mártirs e Santos do Calendário romano. São Paulo: Ave-Maria, 2008, p. 450.
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