10.07.2012 - O papa Bento XVI lamentou a morte do "intrépido" cardeal brasileiro dom Eugenio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro e influente figura do episcopado brasileiro, que faleceu nesta segunda-feira, aos 91 anos. "Quero manifestar meus pêsames aos bispos, seus auxiliares, ao clero, às comunidades religiosas e aos fiéis da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que tiveram por três décadas um intrépido pastor", escreveu o papa em telegrama enviado ao arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta.
"Foi um autêntico testemunho do Evangelho em meio a seu povo. Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja pastor tão generoso", completa a nota do Sumo Pontífice. "Em 70 anos de sacerdócio e 58 no episcopado, sempre quis indicar o caminho da verdade na caridade e servir à comunidade, prestando particular atenção aos mais desfavorecidos, fiel a seu lema episcopal 'impendam et superimpendar'", recorda a nota, em uma referência à Carta de São Paulo aos Coríntios: "De mui boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós".
Designado cardeal por Paulo VI em 1969, dom Eugenio Sales foi por 30 anos arcebispo do Rio de Janeiro e era o cardeal mais idoso da Igreja. Com sua morte, o colégio cardinalício conta com 208 membros, entre eles, 121 eleitores no caso de conclave ou eleição do papa. Outros três cardeais, o alemão Joseph Ratzinger, atual pontífice, o brasileiro Paulo Evaristo Arns (90 anos) e o americano William Wakefield Baum (85 anos), foram designados por Paulo VI.
Trajetória religiosa
Nascido em Acari, no Rio Grande do Norte, em 8 de novembro de 1920, dom Eugenio de Araújo Sales era o mais antigo cardeal da Igreja Católica, segundo informação da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Dom Eugenio foi ordenado sacerdote em Natal, em 21 de novembro de 1943, e bispo em 15 de agosto de 1954. Foi promovido a Arcebispo Primaz do Brasil em 29 de outubro de 1968, tomando posse como arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro em 24 de abril de 1971, sendo nomeado pelo papa Paulo VI.
Sua renúncia foi solicitada em 1997, quando chegou aos 75 anos. Mas por indulto especial do papa João Paulo II, seu amigo pessoal, foi autorizado a permanecer à frente da arquidiocese até completar 80 anos. Sua aposentadoria foi finalmente aceita no dia 25 de julho de 2001.
O religioso ficou conhecido por assumir a defesa de refugiados políticos dos regimes militares do Brasil e dos países vizinhos entre 1976 e 1982. Montou uma rede de apoio a estes refugiados juntamente com a Cáritas brasileira e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que consistia em abrigá-los, inicialmente na Sede Episcopal (Palácio São Joaquim) e posteriormente em apartamentos alugados.
Dom Eugenio foi responsável pelo financiamento de estadia de refugiados, até que estes conseguissem asilo político em outros países. Existe uma estimativa de mais de 4 mil asilados ajudados pelo cardeal.
Segundo a Arquidiocese fluminense, seu lema, fundamentado na Carta de São Paulo aos Coríntios, foi: "Impendam et Superimpendar" (2Cor 12,15: "De muito boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós").
Fonte: Terra noticias