23.03.2012 - (Pentecostalismo, Neopentecostalismo e a Teologia da Prosperidade).
“Fica difícil explicar o sucesso das igrejas evangélicas, em especial as de orientação pentecostal, quando tudo o que se vê nelas é o ímpeto de coletar os dízimos dos miseráveis e a manipulação dos fiéis com promessas de curas milagrosas”, (REVISTA VEJA, 14/03/2012 p.64).
Em um recém-instaurado inquérito, cujo número é 902-00048/2012 e que está em poder da Delegacia de Combate às Drogas do Rio, ele é acusado de encenações de cura pela fé, estupro, tortura de crianças e relações criminosas com os marginais aos quais esbravejava promessas de “salvação do demônio”. VEJA teve acesso a trechos da investigação, um conjunto de relatos de gente que diz ter sido vítima ou testemunha da perversidade do pastor carioca Marcos Pereira, fundador da igreja Pentecostal Assembleia de Deus dos Últimos Dias.
A polícia já colheu uma dezena de depoimentos, e muitas das histórias se repetem nos mínimos detalhes. A investigação começou há duas semanas, depois que o coordenador da ONG Afro-Reggae, José Junior, 43 anos, veio a público denunciar que o pastor tinha um plano de matá-lo. A informação vinha de integrantes da própria igreja. “Trata-se de um psicopata”, dispara Junior, que hoje tem a seu lado na ONG um antigo braço direito de Marcos, o pastor Rogério Ribeiro de Menezes, 39 anos. Afastado desde 2008, ele fala pela primeira vez sobre os dezessete anos que viveu sob suas asas. (1).
SÓ DINHEIRO!
Dinheiro, dinheiro, dinheiro... O dinheiro parece estar no centro de todas as denúncias que pairam sobre o líder da igreja do Evangelho Quadrangular, pastor Mário de Oliveira. Desde 2008, o deputado é investigado no Supremo Tribunal Federal também por formação de quadrilha, estelionato e falsidade ideológica. Trata-se de uma apuração iniciada no Ministério Público de Minas Gerais sobre irregularidades execução de convênios públicos destinados à recuperação de dependentes químicos – um inusitado e instigante caso de milagre remunerado (2).
CARTAS DOS LEITORES A VEJA
Pastores enrolados
As reportagens “O templo da perversão” e “A guerra nada santa dos pastores” (14 de março) retratam com muita clareza a relação promíscua que já se tornou banal em nosso território: política e religião. Usando de grande persuasão, lideres de algumas religiões ou seitas dominam milhares de fiéis que, em sua maioria, são utilizados como degraus para galgar o poder. O líder de uma das religiões que mais crescem no país, a Igreja do Evangelho Quadrangular, é um deputado federal – o pastor Mário de Oliveira! É evidente que fará uso dos milhares de eleitores por ele comandados para sua eleição e a daqueles que venha a indicar. Quase sempre envolvidos com falcatruas, assassinatos e outros crimes, por possuírem essa famigerada impunidade parlamentar, parecem imunes às garras da lei. A Constituição Federal poderia mudar, impedindo que líderes religiosos e seus secretários fossem candidatos a cargos eleitorais.
Lairton Lopes Sena
São José, SC.
O mundo está repleto de falsários que têm o poder de persuadir e conquistar milhões de seguidores com palavras confortantes, promessas de vida melhor e curas. Esses mestres de falcatruas aproveitam-se das pessoas e são capazes das maiores atrocidades para se promover. A reportagem “O templo da perversão” aborda de forma clara denúncias contra alguns desses falsos pastores (3). Jéssica Kelly A. de Oliveira - Campina Grande, PB.
A REDE DO MISSIONÁRIO SOARES
Fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, o missionário (pastor) R.R. Soares renovou o contrato com a Rede Bandeirantes para apresentar seu programa Show da Fé por uma hora todas as noites. Também comprou uma hora na programação noturna da Rede TV! Os dois negócios custam ao religioso cerca de 12 milhões de reais mensais. Pensando em ter sua própria rede no futuro, Soares passou a adquirir pequenas emissoras de TV no interior do país, em nome de bispos de sua igreja. No mês passado, fechou negócio com dois grupos do interior de Mato Grosso do Sul. As emissoras compradas já chegam a dez (4).
Domingo Espetacular e Valdemiro Santiago
No domingo, 18/03/2012, durante mais de 30 minutos foi apresentada uma reportagem investigativa no programa Domingo Espetacular, exibido pela Rede Record. O teor usado pela emissora foi de denunciar as irregularidades no que diz respeito ao uso das finanças da Igreja Mundial do Poder de Deus, na pessoa do seu presidente fundador, o apóstolo (pastor) Valdomiro Santiago. Desde a chamada, avisou-se que seriam revelados os “segredos” do apóstolo.
O repórter Marcelo Rezende usou imagens da internet para contrastar os apelos do líder da IMPD com os bens que estão em seu nome no Estado do Mato Grosso. Trata-se de duas fazendas avaliadas em 50 milhões de reais.
Adquiridas no ano passado, com dinheiro da igreja e agora em nome de Valdomiro Santiago e sua esposa, a bispa Francileia de Oliveira, as fazendas Santo Antônio do Itiquira e Formosa estão localizadas na cidade de Santo Antônio do Leverger.
Usadas para atividade pecuária, estima-se que existem ao todo 5000 cabeças de gado, avaliados em R$ 6,5 milhões de reais. Além disso, a reportagem da Record mostrou outros bens pertencentes ao apóstolo, como jatinhos, helicópteros e carros de luxo.
Entre as acusações feitas a Valdemiro estão, principalmente, a de enriquecimento ilícito e de lavagem de dinheiro. Como no Brasil as igrejas são isentas de impostos e não precisam prestar contas ao governo de suas arrecadações, aparentemente a IMPD precisou usar “laranjas” para adquirir esses e outros bens.
Segundo mostrou a matéria do Domingo Espetacular, Valdemiro e Francileia são os sócios majoritários da empresa W S Music, cujo procurador e Nicanor de Oliveira, irmão do apóstolo e administrador das fazendas.
Uma vez que a WS Music tem como valor declarado 50 mil reais, seria impossível ter capital suficiente para adquirir as duas propriedades rurais, uma custando 29 milhões e a outra 20 milhões. No total, as duas fazendas totalizam 26.134 hectares, quase duas vezes o tamanho de Jerusalém, capital de Israel.
Marcelo Rezende afirmou que a matéria demorou quatro meses para ser preparada e que foi necessária muita investigação. Também foi dada a Valdomiro a oportunidade de se explicar, mas ele não atendeu a equipe da Rede Record.
Segundo a Justiça, a Igreja Mundial tem dezenas de templos ameaçados de fechar por ordens de despejo. Ao mesmo tempo, o apóstolo Santiago fica cada vez mais rico. (Notícias no R7-19/03/2012. 08h36min – Religião).
FRANQUIA MAIS BAIXA NA IGREJA UNIVERSAL
Até recentemente, havia uma regra não escrita na Igreja Universal: o bispo (pastor) Edir Macedo só deixava que um novo templo fosse aberto se tivesse certeza de que poderia arrecadar ali um mínimo de 150 000 reais por mês. Menos do que isso não valia a pena. A concorrência nos calcanhares, sobretudo da Igreja Mundial do Poder de Deus, de Valdemiro Santiago, obrigou a Universal a adotar uma nova estratégia de franquia. Agora, basta o candidato provar que o templo fatura 50 000 reais por mês, no mínimo, e terá a autorização para abrir as portas. (5).
CONCLUSÃO
O pentecostalismo, o neopentecostalismo e a teologia da prosperidade são as piores heresias da era contemporânea e vão continuar com seus escândalos financeiros, sexuais e divisionistas.
Essa é a trindade cismática, perturbadora, do culto à personalidade e da espetacularização do reality show.
Três coisas perturbadoras aconteceram no século XX: a mente doentia e assassina do ditador nazista Adolf Hitler, os extremos dos horrores humanos e o pentecostalismo. Esse movimento é o que mais dilacera o cristianismo.
Para coibir seu avanço herético, resta tão somente ensinar urgentemente a riqueza da verdadeira tradição dogmática da fé cristã.
A resposta para todo erro doutrinário sobre fé é o patrimônio ortodoxo da Igreja: UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA.
Pe. Inácio José do Vale
Pesquisador de Seitas
Professor de História da Igreja
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: [email protected]
www.rainhamaria.com.br
Notas
(1) Veja, 14/03/2012, pp. 65 e 66.
(2) Idem, p. 70.
(3) Veja, 21/03/2012, p. 41.
(4) Veja, 14/03/2012, p. 52.
(5) Veja, 21/03/2012, p. 53.