19.11.2011 - Um dos objetivos mais almejados pela ciência robótica é a autonomia. Isso significa criar uma máquina que seja capaz de se locomover, se recarregar e até mesmo reparar seus próprios defeitos sozinha. Pesquisadores e empresários americanos estão agora dando passos fundamentais em direção a essa realidade. Um dos exemplos é o robô EATR (sigla em inglês que pode ser traduzida como “comedor”). Projetado pelas empresas Robotic Technology Inc. e Cyclone Power Technologies, além da agência de tecnologia militar dos EUA, o invento não só conseguirá produzir e armazenar energia a partir da biocombustão, como será capaz de coletar gravetos e plantas para a queima (leia quadro).
Apesar de estar sendo projetado para atuar em missões militares nas matas ou no patrulhamento de fronteiras, o equipamento também poderá ter utilidade como trabalhador no campo. “Na agricultura, o EATR poderá obter energia recolhendo resíduos em plantações”, explica Robert Finkelstein, presidente da Robotic Technology Inc. Além disso, a máquina ainda poderá monitorar o plantio ilegal de drogas ou espécies invasivas, já que uma das suas funções será diferenciar os vegetais entre si. Finkelstein estima que o produto esteja pronto para chegar ao mercado dentro de dois a quatro anos.
O anúncio da nova tecnologia causou confusão. Vários veículos chegaram a afirmar que o robô também usaria corpos humanos em decomposição e restos de animais como fonte de energia. Os desenvolvedores do EATR tiveram que ir a público explicar que o invento teria uma “dieta” estritamente vegetariana. “É muito difícil neste momento a ciência desenvolver uma máquina capaz de caçar animais”, tranquiliza o coordenador-assistente do curso de Engenharia Elétrica da Unicamp, Cesar Pagan.
Ainda assim, cientistas da Universidade do Maine, nos EUA, criaram algo que já se aproxima de um robô caçador. Conhecido como Flytrap, o pequeno invento utiliza sensores para detectar insetos que pousam em suas folhas e então se fecha, como uma planta carnívora. Apesar da eficiência, a máquina ainda não consegue se “alimentar” da presa. Mas esse quadro pode mudar com a ajuda de pesquisadores britânicos. No laboratório de robótica Bristol, no Reino Unido, foi desenvolvido o Ecobot, um dispositivo que usa bactérias para quebrar o exoesqueleto das moscas, o que gera energia elétrica. Até agora eles só não sabiam como fazer com que o invento “capturasse” os insetos. Num mundo em que energia é um bem cada vez mais caro, robôs que não precisam ser ligados na tomada podem ser uma boa alternativa. Resta agora saber o que vai entrar no cardápio dessas máquinas.
Fonte: Revista ISTOÉ, ediçäo de novembro 2011
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