Ex-comunista alemão surpreende com elogio ao Papa


25.08.2011 - O papa Bento 16 recebeu na quinta-feira um elogio inesperado, vindo do líder dos ex-comunistas da antiga Alemanha Oriental.

Gregor Gysi, líder parlamentar de um pequeno partido chamado A Esquerda, agradeceu o pontífice conservador - que fará no mês que vem uma visita ao seu país natal - por pregar repetidamente a necessidade de normas morais para o bom funcionamento da sociedade.

"A coisa não funciona sem o conceito de bem", escreveu ele no semanário Christ und Welt. "Mas a ciência moderna não pode nos dizer o que é o bem. Seus conceitos focam a experiência empírica. Ideias como a moralidade não têm influência ali."

Gysi escreveu que, apesar da imagem conservadora, o papa é na verdade um teólogo moderno, que propõe a convivência entre tradições religiosas e argumentos racionais na busca por um consenso moral.

"O papa diz que nenhum deles (tradição ou racionalidade) pode fazer isso sozinho", escreveu Gysi. "Que um papa diga isso sobre a religião não é necessariamente algo que seria de se esperar."

O bávaro Bento 16, de 84 anos - cujo nome de batismo é Joseph Ratzinger -, estará na Alemanha entre os dias 22 e 25 de setembro. Entre seus compromissos está um pronunciamento ao Parlamento.

Os elogios de Gysi, político muito respeitado entre os ex-integrantes do partido comunista e ateu que governou a Alemanha Oriental até 1990, ecoam declarações anteriores do mais conhecido filósofo de esquerda do país.

Em um debate em 2004 com o então cardeal Ratzinger, Juergen Habermas, hoje com 82 anos, admitiu que a religião criava os fundamentos sobre os quais um sistema jurídico democrático poderia ser construído. Embora não sejam mais religiosas, as sociedades laicas modernas continuam precisando desses valores morais.

Gysi notou, em tom de aprovação, que Bento 16 vem declarando que a religião sem racionalismo pode levar ao fanatismo, enquanto o racionalismo sem fé pode levar ao excesso de orgulho e à intolerância.

"Deve-se simplesmente reconhecer que tradições culturais, inclusive a religião, são recursos (para transmitir normas sociais)", escreveu Gysi. "Parece haver algo prévio e externo à lei que pode agir como um parâmetro para isso."

"No nosso mundo cheio de tensão, essa ideia é a melhor justificativa para a tolerância em um Estado democrático", acrescentou o esquerdista. "Não temos de seguir esta ou aquela norma, mas precisamos apreciar que haja normas, e que algumas delas são boas."

Gysi, 63 anos, era um advogado reformista nos últimos anos da extinta Alemanha Oriental. Ele vem de uma família judia laica, e seu pai, Klaus Gysi, foi ministro da Cultura e secretário de Assuntos Religiosos do regime comunista.

Fonte: UOL noticias

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